Capítulo 50

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Point of view: Lauren

Estava do lado de fora da minha empresa em NY, observando o chão de concreto onde Lucy havia caído há mais de um ano. Apesar de odiar estar ali, eu precisava de respostas, necessitava ter certeza de que a suspeita de um dos funcionários fosse de fato preocupante, e não apenas uma suposição paranoica. Apesar de ter odiado Lucy após descobrir sua traição, eu necessitava de respostas, e de alguma forma devia isso ao meu filho. Estava presa em um transe de memórias daquele dia, onde havia visto o mesmo chão em que piso agora coberto de sangue e algumas pérolas que haviam caído do colar que usava. Até ouvir a doce e melodiosa voz de Camila. — Vou estar com você em todo momento, Laur. — Senti sua mão pressionar a minha, me fazendo voltar a realidade.

Nenhuma palavra ousava sair da minha boca enquanto sentia um enorme peso pressionar meu peito, ao invés de falar, apenas assenti com a cabeça. Caminhei a passos longos e lentos em direção a entrada do prédio, sentindo um ar gelado se chocar contra minha pele, arrepiando meus pelos. Seguimos o caminho em silêncio, e a todo tempo, Camila segurava minha mão como se estivesse prestes a me proteger de qualquer coisa. Segurando a respiração, entrei na sala de monitoramento de câmeras, surpreendendo um homem de meia idade segurando uma xícara branca.

— Senhora Jauregui? Bom dia. — O homem levantou-se apressado, estendendo ambas as mãos em nossa direção — A senhora veio pelas mensagens que mandei para a sua secretária? — Ignorei o gesto de sua mão, notando brevemente que Camila havia segurado a mão do homem num aperto gentil.

— Me mostre as filmagens. — Ordenei.

Havia me sentado em sua cadeira, de frente a várias telas de filmagens em tempo real. — Se concentre nesta tela, senhora. — O homem apontou para uma tela específica, onde iniciou a gravação do dia em que Lucy havia morrido. O homem adiantou um pouco, parando em um horário específico.

A gravação havia iniciado. Passei alguns instantes observando a entrada de alguns funcionários até o homem pausar a gravação. — Olhe, bem aqui. — Apontou para um homem na tela que reconheci imediatamente. — É o senhor Matthew Hussey, eu conhecia ele quando ainda trabalhava aqui. — A gravação avançou alguns minutos. — E aqui, a sua ex esposa chegou.

Ver Lucy naquela filmagem fez meu peito apertar dolorosamente, mas antes que pudesse pensar, senti a mão quente de Camila em meu ombro, indicando que estava ao meu lado.

A gravação continuou, mostrando Lucy caminhar pela empresa em direção a minha sala, após alguns minutos lá dentro, ela saiu e esbarrou com Allyson, ambas trocaram algumas palavras e Lucy caminhou até o elevador, e logo a gravação havia sido pausada novamente. — Todo esse tempo o Matthew estava na sala dele, organizando alguns materiais, olhe para esta outra tela. — O homem apontou, e novamente pude ver Matthew, dessa vez em sua sala, em poucos instantes o vimos sair. — Quando ele estava indo embora, ele viu a Lucy entrar no elevador. — A gravação foi redirecionada a outra câmera, mostrando Matthew caminhar até as escadas, aparentemente seguindo Lucy até o terraço. — Agora veja a outra. — Apontou para a tela anterior, onde Lucy estava no elevador. — Ela saiu do elevador e seis minutos depois a câmera de entrada gravou quando ela caiu no chão. Não há como ver exatamente o que aconteceu no terraço, já que não temos câmeras lá, mas, exatamente três minutos depois da morte da senhora Lucy, o Matthew saiu pelo elevador e foi embora da empresa pelos fundos. — A câmera foi sendo redirecionada enquanto Matthew caminhava até os fundos, saindo da empresa sem que ninguém o visse. — Consegue ver isso na mão dele? — A imagem congelou, e logo foi ampliada até a mão esquerda de Matthew, revelando um objeto idêntico a um colar. — Eu fui até o terraço para tentar encontrar alguma pista, e encontrei isso. — O homem tirou um saquinho plástico de seu bolso, contendo uma pequena pérola em seu interior. — Eu sei que a polícia afirmou que foi suicidio, e que o Matthew ter subido as escadas até o terraço e ter descido pelo elevador após a morte da Lucy pode ser coincidência, mas isso. — Gesticulou para a pedra. — Se ela tivesse se jogado, o Matthew não teria o restante do colar nas mãos quando saiu pelos fundos enquanto haveriam peças soltas do colar ao lado do corpo, e eu não teria encontrado essa única peça no terraço. Pelo que acho mais lógico, o colar não teria se rompido na queda.

Após longos minutos em silêncio, ignorei o tremor em meu corpo e falei. — Não perca estas imagens.

Sem dizer mais nada, me levantei, saindo da sala minúscula. Respirei profundamente, sentindo minhas mãos tremerem conforme aquelas gravações se repetiam em minha mente.

Camila — Laur. — Ao ouvir sua voz, segurei sua mão firmemente, caminhando para fora daquele prédio o mais rápido possível.

***

Estava submersa na água da banheira, tentando pensar em qualquer coisa que não fossem câmeras, colares, escadas ou elevadores. — Que merda. — Esfreguei meus olhos em frustração.

Leves batidas na porta me chamaram a atenção. — Laur, sou eu, posso entrar?

— Pode sim.

A porta do banheiro havia sido aberta, e quando olhei, pude ver Camila me observar preocupada, usando um short jeans e uma camiseta longa. — Amor, você está aí dentro há mais de uma hora. — Camila aproximou-se da banheira, se agachando ao meu lado. — Quer que eu peça algo para você comer?

— Não precisa. — Sorri desanimada. — Quer entrar na banheira comigo?

Após acenar que sim, Camila começou a se despir, atraindo toda a minha atenção para o seu corpo.

Camila — Tá gelada. — Resmungou ao sentir a água em seus pés, o que me fez sorrir.

— Eu gosto, me faz relaxar. — Pressionei suas costas em meu peito, depositando alguns beijos em seu ombro. — Como está se sentindo? — Questionei ao envolver meus braços em sua cintura, mantendo-a colada ao meu corpo.

Camila — Eu quem deveria perguntar isso. — Sorriu fofa. — Estou pensativa. — Apoiei meu queixo em seu ombro, pressionando meu corpo ao seu. — Aquelas filmagens podem não mostrar o que aconteceu exatamente, mas sabemos que o Matthew foi até o terraço, não é?

— A última câmera o pegou subindo as escadas, mas não mostrou se ele realmente subiu até o terraço.

Camila — Mas pelo tempo que ele passou lá, acho que ele subiu, e quando saiu pelos fundos, com aquilo que parecia um colar nas mãos, não prova que ele encontrou a Lucy? —  Cheirei sua pele, numa tentativa de afastar qualquer pensamento. — O que aconteceu com o colar quando…quando ela caiu?

— Ele se rompeu e as pérolas se perderam. — Tentei afastar a lembrança de vê-las ao chão ensanguentado.

Camila — Ele pode ter subido no terraço e arrancado o colar dela, mas isso não prova se ele a empurrou ou se ela…se jogou.

— Sim, não prova. — Suspirei, me afastando de seu ombro. — Eles eram amantes, não sabemos o que eles sentiam ou sejá lá o que foi aquilo. — Suspirei novamente, me levantando cuidadosamente. — Podemos não falar sobre isso? — Sai da banheira, sentindo a maciez do carpete sob meus pés. — Amanhã cedo vamos voltar para Miami.

Camila — Mas, Lauren, o que vai fazer em relação a isso?

— Ainda não sei.

Saí do banheiro enquanto tentava me manter relaxada. Estar de volta naquele prédio havia destruído minhas convicções. Eu havia vindo aqui em busca de respostas e não havia recebido nada além de suposições.

Rewriting The Stars (G!P)Where stories live. Discover now