Capítulo 28

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Narrador

Ally tomava seu precioso café enquanto olhava pela janela, observando a chuva do lado de fora. Uma incerteza estava presente junto ao sentimento de insuficiência. Sua mente vagava vazia pelos confins do universo enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.  De certo modo Ally sempre se sentiu assim, perdida, desde pequena. Sua mãe sempre era seu ponto de escape, sua ouvinte, sua amiga, quando diagnosticada com alzheimer pediu para que Allyson continuasse vivendo como se isso não tivesse acontecido, que ela não se prende-se à doença de sua mãe, mas isso a destruiu por dentro. Era como se todas as suas decisões tivessem um lado, bom e ruim, certo e errado, por mais que parecesse sempre confiante, estava sempre insegura, e isso não era diferente agora, quando lembrava dos poucos momentos com Dinah, de sua decisão final e a incerteza de cumpri-la, ela a queria, mas não podia. Os últimos dias foram como agora, frio, nublado, cinza. Risadas vindas de um programa que passava na TV tiraram Ally de sua solidão, fazendo-a tomar outro gole de seu café e olhando uma última vez para aquela noite, para as luzes da cidade nublada. — Eu preciso de um psicólogo.

A porta havia sido aberta, revelando uma Camila sorridente e um pouco molhada devido à chuva, entrou e jogou sua bolsa no sofá, fazendo alguns itens caírem enquanto andava até seu quarto.

Ally — Oi para você também. — Andando até o sofá, Ally apanhou a bolsa jogada que estava agora no chão, pegando um papel dobrado escrito em sua borda “Para o meu pequeno gafanhoto, Ally” Suas mãos tremeram enquanto abria lentamente o papel, reconhecendo a letra de sua mãe.

“Oi meu amor, eu não sei exatamente quando você irá ler esta carta, e também não sei se ficarei lúcida novamente, e muito menos quanto tempo tenho, então serei breve. 

Eu espero que tudo esteja indo bem, seguindo todos os seus planos. Aqui não tem muitas novidades pelo que sei.

Ando pensando muito em você filha, no que você pode estar fazendo, se está feliz, se está sorrindo como me lembro. Não vou mentir, adoraria nunca ter tido essa doença, poderia ter vivido esses anos com você. Eu sinto saudades de quando íamos à praia, quando você ficava irritada porque queria entrar na água o mais rápido possível enquanto eu passava protetor para que você não se queimasse, quando íamos ao parque ou até mesmo quando eu te deixava na faculdade. Eu sinto muita falta desses momentos com você. Daria tudo, absolutamente tudo por um breve momento de lucidez ao seu lado filha, poder sentar ao seu lado e conversar sobre qualquer coisa, pelo menos um segundo em que eu pudesse olhar nos seus olhos e te abraçar. Filha, eu te amo muito, e uma das coisas que aprendi com essa doença, é que os momentos que temos são valiosos demais porém nunca damos o real valor a cada segundo. Então, não cometa o mesmo erro que eu, viva a sua vida, tente fazer tudo o que você quiser sem ter medo antes que seja tarde. Eu simplesmente gostaria de fechar os olhos e quando abri-los descobrir que tudo isso não passou de um pesadelo, e que eu poderia ir no seu quarto e ver que você estaria lá.

Eu espero que você esteja sendo forte como eu te ensinei a ser, que esteja persistindo em tudo o que você quer e que não desista, que esteja cuidando de você, e claro da Camila, vocês eram inseparáveis na infância, nem mesmo a distância de países afastou vocês. Lembre a Camila da promessa que ela me fez, de que sempre cuidaria de você.

Eu queria pedir que viesse aqui outra vez e que me abraçasse forte, mesmo eu não me lembrando de você. Eu sinto muito por tudo isso filha, eu quero que saiba que eu sempre amei você e continuo amando, mesmo eu não estando mais aqui.

Para o meu pequeno gafanhoto. Eu te amo.”

Rewriting The Stars (G!P)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora