Capítulo 01

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Point of view: Camila

Da janela do meu apartamento pude ver o céu escurecer enquanto bebia um pouco de chocolate quente. Ponderando-me sobre o fato de que a vida poderia mudar drasticamente em um mísero segundo, a qualquer instante. É assustadoramente impressionante. Eu nunca havia pensado nisso até meu noivo morrer num acidente de carro, de fato, tudo estava sendo perfeito demais para ser verdade.

Há quase dois anos:

Estava deitada em minha cama ao lado de Shawn, meu futuro marido, havíamos nos mudado recentemente para esse pequeno apartamento no centro de Miami e hoje mesmo consegui meu emprego dos sonhos. Desde pequena amava a ideia de me tornar professora assim como minha mãe. Embora eu nunca tenha sido uma aluna exemplar. 

— Ainda não consigo acreditar. — Sorri empolgada. — Está tudo saindo como planejado.

Shawn — Sim, mas provavelmente dará tudo errado. — Meu noivo resmungou impaciente. — Tenho certeza de que você será do tipo de professora que todas as crianças odeiam.

O olhei assustada e então percebi sua risada irônica às minhas custas.

Shawn — Dará tudo certo, não precisa se preocupar, meu amor. — Bocejou cansado. — Agora vamos dormir, eu imploro. — Sua voz soou melancólica.

Fechei meus olhos enquanto esperava o sono me dominar, mas antes de adormecer, sorri ansiosa.

Uma semana havia se passado e eu estava me preparando mentalmente para o meu primeiro dia de aula como professora do ensino fundamental, enquanto meu noivo dirigia seu carro a caminho do meu novo trabalho.

Shawn — Amor. — Em um mísero instante, antes de tudo mudar drasticamente, ouvi sua doce voz num sussurro gentil. — Eu te amo. 

— Eu te amo. — Sorri para ele, e segundos depois, um enorme impacto arrastou nosso carro em outra direção. Quando reuni forças para abrir meus olhos por um segundo, vi meu noivo completamente ensanguentado ainda preso ao cinto de segurança, tendo seus olhos vazios, sem vida. — Shawn. — Sussurrei, mas tudo tornou-se escuro novamente.

Ally — Mila, consegue me ouvir? 

Após relutar por alguns instantes finalmente consegui manter meus olhos abertos, enxergando um borrão até me acostumar com a claridade.

Ally — Mila, sou eu, a Ally. — Minha melhor amiga sorriu aliviada, apesar de seus olhos levemente inchados e cheios de lágrimas.

— Ally, o que aconteceu? — Tentei fazer um movimento mínimo, mas fui impedida ao sentir todo o meu corpo doer. — Cadê o Shawn?

Ally — Você e o Shawn sofreram um acidente de carro. — Suspirou tentando segurar seu choro. — Você está com algumas contusões pelo corpo, seu braço está quebrado, então, cuidado com ele, você bateu forte com a cabeça mas não foi nada grave.

— Ally, cadê o Shawn? — Forcei meu corpo ao máximo para me levantar.

Ally — Mila, não. — Seu choro havia se intensificado, o que me fez pensar o pior.

Apesar de toda dor física, não podia ignorar o que meu consciente gritava, eu não podia acreditar, eu precisava ver o Shawn, precisava ter certeza de que ele estava bem, de que estava vivo. Ally tentou me impedir, mas uma mulher a quem não havia prestado atenção até esse instante foi mais rápida, me segurando pelos ombros com força e delicadeza. 

— Por favor, não faça esforço, você se machucou muito. 

— Eu tenho que ver o Shawn. — Meu corpo doeu intensamente, mas ainda assim, isso não iria me impedir de ver meu noivo, ele não poderia estar morto, não poderia.

Ally — O Shawn morreu, Mila. — Ally falou em meio ao choro. — Ele não sobreviveu.

Senti o mundo desabar sob meus pés lentamente. Pude sentir meu coração doer e minhas pernas fraquejarem, estava prestes a cair, se não fosse pelas mãos da mulher que ainda me segurava. Todas as minhas forças haviam se esvaído enquanto era colocada novamente na cama. Tudo o que me restava era chorar. 

Atualmente:

Arfei, deixando uma leve mancha no vidro da janela. Apesar de quase dois anos da sua morte, cada detalhe da vida quase perfeita que estávamos construindo permanecia em minha mente, lembrando-me que tudo o que restou foi uma dor inconsolável e o vazio que uma vez fora preenchido com as piadas sem graças do meu noivo. Comecei a viver cada dia sem importância tentando superar a morte do homem por quem havia me apaixonado na adolescência e vivido cada dia seguido ao meu lado. Apesar de ter tido minha melhor amiga, Ally, ao meu lado durante alguns dias, me apoiando, ela precisou voltar para o seu trabalho em New York, e desde então, aprendi a viver dia após dia novamente, tendo consultas semanalmente num psicólogo.

O som da campainha inundou meus pensamentos. Sai de perto da janela e caminhei em direção a mesa da cozinha, deixando minha caneca de chocolate quente sobre a mesa, indo até a porta em seguida. 

— Entrega de pizza. — Ouvi uma voz masculina vinda do lado de fora. 

Rewriting The Stars (G!P)Where stories live. Discover now