70. Lauren - Camila

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Talvez o choro fosse incentivado também porque eu estava bebendo, sei lá... Comecei a ouvir um barulho, percebi que era meu celular, olhei e vi que era a Camila ligando, deixei tocar, não queria falar com ninguém, não queria que ninguém me visse chorando. 


Mas ela não desistia, ligou umas duas vezes eu acho, e então meu celular começou a apitar avisando que era uma mensagem na caixa postal, resolvi ouvir só que quando apertei pra ouvir a Camila estava ligando ao mesmo tempo e acabei atendendo a ligação dela sem querer, mas quando vi já tinha ído, mas não falei nada, fiquei muda no telefone.


- Alô..Lauren..Lauren, fala comigo. Lauren?? - a morena continuava quieta mas como ainda chorava, Camila ouviu ela fungando- 

Você tá chorando? Lolo..Lolo, por favor..o que tá acontecendo?? - Lauren não aguentou mais ouvir e desligou o celular. 


Camila :


Ela desligou e eu fiquei mais aflita ainda por escutar ela chorando, já estava ficando tarde e não sabia onde ela estava. Tentei ligar de novo, mas agora só dava caixa postal, provavelmente deve ter desligado. Continuei tentando por muito tempo ainda, mas nada de conseguir, estava ficando desesperada já.


- Onde você está meu amor?? - eu andava de um lado pro outro do quarto, já estava começando a pensar merda e se ela demorasse muito ainda eu ía sair pra ir atrás dela. 


Lauren : 


Desliguei o telefone pra não correr o risco dela ou mais alguém me ligar, queria ficar sozinha. Até porque ela percebeu que eu chorava e ía ficar me enchendo o saco querendo saber o que tinha acontecido. A garrafa já estava na metade e eu não tinha 

intenção nenhuma de sair dali tão cedo, eu não conseguia para de chorar porque as lembranças continuavam vindo.


Me lembrei de outro dia também que pra mim foi a gota d'água. Era meu aniversário de doze anos, eu acho, estava tendo uma festinha lá em casa. Minha mãe não estava pois tinha ficado presa com um dos seus clientes que tinha ído atrás da mulher querendo esfaqueá-la, pois é, olha o tipo de gente que minha mãe defende! Estava triste mas pelo menos tinha meu pai ali comigo mas...rs..não durou muito tempo, porque num determinado momento ele me chamou num canto dizendo que tinha recebido um telefonema e teria que ir pro hospital porque um paciente dele tinha piorado e aparentemente precisava dele lá com urgência, como se eu não precisasse também né?? Eu poderia ficar sozinha na noite do meu aniversário...e pasmem, sabe o que ele respondeu? "A Maria vai ficar aí com você e prometo te recompensar com o presente que você quiser amanhã tá, minha filha?" .... Me deu um beijo e saiu.


O odiei tanto por aquilo mas me recusei a chorar ali na frente dele e dos outros, foi nesse dia que tomei meu primeiro porre e também foi o divisor de águas na minha vida, a partir desse dia eu nunca mais fui a filhinha do papai que era, me revoltei e nunca mais tivemos uma boa convivência. Afinal se eles não me queriam eu também não faria mais questão da presença deles, afinal não pedi pra nascer. E a partir desse dia passei a acompanhar a vida deles pelas revista, jornais e até mesmo televisão, porque raramente os via em casa, e é assim até hoje.


- Que merda!! Eu tentava parar de chorar mas era em vão. - fiquei ali sentada por um tempo ainda, de cabeça baixa, até que ouvi um barulho, pareciam vozes. 

Namorada de aluguel (Camren)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora