51 . DESERÇÃO ( ÚLTIMO CAPÍTULO )

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(ÚLTIMO CAPÍTULO PARTE FINAL)

Os minutos seguintes que se passaram foram simplesmente os piores de toda a minha vida desde que meu pai foi preso e que descobri sobre seu suicídio.

Era como se propositalmente o tempo quisesse se arrastar feito uma lesma presa num labirinto feito de sal grosso. Totalmente torturantes todos os trinta minutos me fizeram desejar ter o poder de simplesmente aparatar no lugar onde o meu Blake estava.

Não entendi e ainda não encontrei a razão de Seamus pedir para que esperasse todo aquele tempo somente para que Blake e eu pudéssemos nos encontrar.

Se ele iria partir na alvorada com David e Amelia para o aeroporto, então certamente, seria melhor que passássemos mais tempo juntos do que o contrário já que ao menos ao meu ponto de vista, era importante que guardássemos cada segundo juntos o máximo que pudéssemos para assim, guardarmos o máximo de lembranças possíveis pelo o tempo que ele fosse permanecer distante de mim.

Contudo, o universo já havia me provado de A a Z   que as minhas vontades não podiam mais serem atendidas com um simples estalar de dedos como eu costumava fazer enquanto vivia em Los Angeles em meio a toda uma falsa fortuna construída a partir do estelionato imobiliário.

Minha vida era totalmente diferente naquela época que vivi sob todo o encanto da enganação que durou por quase dezesseis anos. Foi um tempo bom e eu não poderia negar já que qualquer um iria adorar poder simplesmente realizar tudo o que desejasse em questão de pouquíssimo tempo ou questão de minutos ou até talvez horas.

Mas agora, era preciso que eu aceitasse o fato de que a minha ali era totalmente outra. Eu não tinha mais o dinheiro para que pudesse me proporcionar as coisas que eu desejava de um minuto para o outro. E além do mais, como já dizia o ditado, nem tudo o dinheiro pode comprar, e percebi isso tarde demais em minha visão distorcida do que era ser um garoto californiano de dezoito anos filho de um ricaço americano qualquer.

E além do mais, não importava se eu ainda tivesse todo aquele comigo já que simplesmente um cheque milionário não seria capaz de resolver nada naquela situação senão além fazer com que Blake e eu fugíssemos do país para um lugar distante da Austrália como talvez o Brasil ou Porto Rico.

O dinheiro nem sempre poderia me salvar de todas as coisas como muito já pensei. Contudo, era estranho o sentimento de perceber isto tarde demais quando não existia mais uma esperança de salvação nem para mim e nem para o meu príncipe sapo. Isso me faz querer gritar e entrar em profundo desespero.

O que iria ser de mim sem Blake? Qual seria o meu próximo passo após sua partida? Eu ainda deveria contar a Charlie que deveríamos terminar? Seria interessante que eu retornasse aos Estados Unidos e tentasse recomeçar até que eu soubesse que Blake Harper estava de volta a Austrália?

Ele passaria um tempo que até então estava indeterminado. Então talvez volta para a América não fosse uma ideia tão boa assim. Como eu não sabia qual cidade e parte da Alemanha Blake iria ficar, então me mudar para a Europa também estava absolutamente fora de cogitação, mas no entanto, permanecer na Austrália sem aquele que faz com que meu corpo seja elevado aos céus além das estrelas também não me atraía.

Eram muitas perguntas e nenhuma resposta já que eu não fazia ideia de qual direção tomar já que em tese, eu estava encurralado em um beco sem saída o qual lentamente as paredes iriam me esmagar para o caso de eu continuar parado ali no aguardo de um milagre sem que eu corresse atrás daquilo que eu realmente necessitava.

Uma lágrima, mais uma naquele longo dia torturante, rola pelo meu rosto e me sinto sem ar por saber que dali algumas horas, eu perderia o meu Blake Harper, o meu futuro bombeiro que sonhava com nossa perfeita vida em Sydney.

APPLE HARVESTOnde histórias criam vida. Descubra agora