17 . FÚRIA

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— Vamos jogar banco imobiliário outra vez? — Matt pergunta entediado, sentado ao meu lado enquanto ouvimos a tremenda chuva cair lá fora.

Tomo um gole no chocolate quente que Naomi nos serviu momentos atrás junto de uma grande tigela vermelha cheia de pipoca com manteiga e queijo cheddar.

Olho para Matt e dou um mínimo sorriso para aquele homem doce diante de mim, e ele me retribui o sorriso com meiguice e felicidade.

Seus olhos, sempre muito esverdeados como esmeraldas brilham com as luzes da sala que estão acesas e reluzem como holofotes quando os trovões e raios cortam o céu limpo de Apple Boulevard.

— Podemos jogar outra coisa agora, não acha? — Proponho me recordando que Naomi tem outros possíveis vinte jogos de tabuleiro diferentes no porão da casa.

Matt dá de ombros e joga um punhado de pipoca em sua boca.

— Eu gosto de banco imobiliário. Meu pai e eu jogamos todas as noites. — Matt me explica com um olhar vazio ao fazer menção a seu pai pela primeira vez. — Mas podemos jogar o que você quiser, Cody.

Senti falta de Matthew nos dias em que passamos distantes.

Por muito, acreditei que ele não voltaria a sequer olhar para minha cara depois que Blake quebrou seu nariz há quatro semanas atrás e quando eu relevei estar a respeito de Charlie.

No entanto, Matt me visitou no dia anterior, me trazendo alguns títulos de DVDs para que pudéssemos assistirmos juntos naquela tarde depois que ele terminasse o seu relatório da faculdade.

Descobri que Matthew estuda Engenharia Civil na faculdade em Melbourne e que três vezes por semana precisava ir ao prédio de sua faculdade para participar das aulas, já que além de ele morar a quase duas horas de distância de Melbourne, ele também deixou claro para a faculdade suas razões – as quais eu ainda não tenho conhecimento -; para que não pudesse participar todos os dias de aula corretamente.

Suas aulas ocorrem de maneira online, mas segundo ele, isso não altera seu estudo, e ele consegue aprender tanto quanto se estivesse diante de um dos professores da faculdade de engenharia de Melbourne.

Matt admitiu que ficou chateado comigo depois de descobrir que estou noivo. Me explicou que suas experiências com pessoas que namoram ou que estão noivas nunca foram as melhores.

Mas que decidiu que iria se arriscar comigo, não se importava se Charlie quebrasse seu nariz assim como Blake o fez.

Mas o eu garanti que o meu Charlie não faria nada disso. Meu noivo sabe respeitar meu espaço, e não existe mal algum em ter um amigo gentil feito Matt, já que Charles chega a ser ainda mais doce do que um torta de caramelo com chocolate branco e framboesas, e por sorte, isso o acalmou um pouco.

— Podemos jogar Candyland se você quiser... joguei muito isso na minha infância, e se não me engando, vi um tabuleiro desse empoeirado na prateleira do porão. — Digo levando minha mão até a tigela de pipoca.

Matt se levanta da poltrona ao meu lado com salto ágil feito um gato e estende a mão para mim sem nem antes responder o que acha de jogarmos Candyland.

Ele me puxa para seu peito e ficamos com nossos rostos com pouco menos de dez centímetros um do outro.

Devo dizer que esse comportamento repentino de Matt é estranho, e não é como se ele fosse sussurrar qual o próximo jogo que deveríamos jogar ao invés do tabuleiro doce.

As mãos dele são leves, e estão pousadas em minha cintura de maneira carinhosa enquanto o seu olhar está apenas centralizado junto ao meu. 

Seus olhos esverdeados são lindos, e Matt apesar de ser loiro, tem algumas pequenas sardas em suas bochechas que são quase invisíveis, mas que se você olhar bem de perto pode ver as pequenas manchinhas rosadas que o deixam com uma aparência ainda mais meiga.

APPLE HARVESTWhere stories live. Discover now