10 . PAIXÃO E FÚRIA

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- Ah! Meu nariz... - Geme Matt caído na relva com os olhos fechados.

Blake está parado ao meu lado, e eu não sei dizer se ele está rindo pela situação de Matt que geme e suspira com tanta dor presente em seu ferimento, ou se ele se sente arrependido por um ato ruim cometido em um momento de fúria.

Apenas sei que ele segura minha mão, como se fosse me puxar dali, e abandonar Matthew ferido numa área que aparentemente não existem pessoas num raio de quinze quilômetros.

- Você não vai ajudar o seu namorado? - Indaga Blake com sarcasmo e rispidez para mim.

Olho para ele por alguns segundos, querendo poder dar-lhe um tapa em seu rosto que embora seja tão angelical e perfeito, está me causando uma indomável cólera no peito.

Eu queria gritar com ele, fazê-lo desaparecer da minha frente por ter se intrometido onde não foi convidado. Cada milímetro do meu corpo queimava em raiva e aborrecimento dominantes a ponto de formar um grande bolo em minha garganta.

Blake ergue uma sobrancelha quando eu permaneço calado, eu sabia que tudo o que ele queria era ver o circo pegar fogo, e que eu perdesse a cabeça em pura irritação. Não precisava ser nenhum gênio super dotado para perceber que essa era a intenção dele.

- Você vai ficar aí parado apenas observando o seu namorado gemer? Ou vai fazer a escolha certa a partir de agora e me deixar te levar para o lugar que eu quero? - Blake rosna com veemência e arrogância.

Eu não podia acreditar que ele estava tendo uma crise de ciúmes só porque eu escolhi Matt e não ele. Me irritava perceber o quão infantil Blake Harper poderia ser, mas não que isso tivesse sido uma surpresa porque já era de imaginar o quão pueril ele podia ser desde o meu primeiro dia ali.

Suas ações, que apesar de terem sido pouquíssimas, deixaram-me muito nítido que eu poderia ter de lidar com um pedaço de mau caminho que ainda vivia aprisionado em sua adolescência.

Eu não consigo pensar em nada, e tampouco como reagir perante uma situação daquelas. É difícil saber se devo vingar Matt e socar o nariz de Blake ou apenas ignorar sua ação sem sentido e amparar meu novo amigo.

Logicamente, socar o nariz de Blake não era uma boa ideia, ele poderia de uma vez por todas se zangar comigo, e eu poderia ser o próximo a sair com um ferimento nasal.

- Não vai me responder? - Questiona Blake quando eu continuo a ficar calado sem tirar os olhos dele.

Fecho os olhos e me afasto dele, minha mente encontra-se sob uma redoma vazia e sem a entrada de oxigênio. Estou confuso, nunca fui o motivo de um atrito entre ninguém, e muito menos já desejei isso. Mas agora que Blake não achou correta a minha decisão de passear com Matt ou invés dele e em um ataque de cólera socou a cara de Matthew, eu simplesmente estou em uma via de mão dupla, não sei se devo rir ou chorar, se devo ficar enfurecido ou agradecido e achar o ato de Blake uma ação hilária pelo fato de ele ser tão infantil.

O QUE VOCÊ DEVE FAZER É AJUDAR MATTHEW E DAR O FORA DAÍ, IDIOTA!

Meu subconsciente me diz com veemência e muita autoridade, e devo concordar que é isto realmente o que preciso fazer.

Apesar de sentir uma incontrolável fúria em todo meu corpo, ainda sim, a presença de Blake permanece a me causar aquela típica tensão sexual ardente que me deixa sem fôlego, era por essa razão que fico dividido entre a atração e a razão, entre o certo e o errado.

Uma pequena parte de mim, aquela pequenina parte que todos nós temos, que muitas vezes faz com que tomemos as decisões erradas, me diz para correr com Blake para longe de Matt, deixá-lo ali, agonizando em dor, e permitir que o deslumbrante Blake me leve ao tal lugar onde ele quer.

APPLE HARVESTWhere stories live. Discover now