37 . TUDO O QUE VOCÊ QUISER (RETA FINAL)

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São quase quatro da manhã e Matt e eu ainda estamos no sofá assistindo ao nosso terceiro filme em uma noite. Um clássico dos anos 80 que Charlie sempre foi fã da história de um assassino maníaco que destroça suas vítimas com poucos movimentos ágeis.

Eu escolhi pelas duas primeiras vezes, títulos de romance, o primeiro, o qual Matt assim como eu já havia assistido por mais de incontáveis vezes, e depois um romance francês que aparentemente Matthew não achou muito interessante depois de dizer que comprou aquele estojo somente pelo fato de vir junto de outro adorado filme pessoal de sua parte.

Como forma da minha gratidão, e por ele ter estado ao meu lado durante a longa minutagem do último filme, insisti para que fosse a vez dele escolher um DVD e o escolhido da vez, foi primeiro da cronologia do diabólico assassino perverso que eu tinha quase certeza de que me roubaria ao menos a minha próxima noite de sono.

Mordo os lábios e fecho rapidamente os olhos quando o maníaco rasga sua vítima ao meio enquanto se diverte com o terror nos olhos de suas próximas presas. Assistir filmes de terror junto de alguém, um namorado especificamente se resume a ser incrível pelo fato de que nos momentos de tensão, você pode recorrer a alguém para abraçar, contudo, eu não me atreveria a abraçar Matthew sempre que um pouco de sangue jorrasse na tela plana durante a morte de um adolescente qualquer.

Abraçar Charlie nos momentos em que eu sentia aquele terrível frio correr pela minha barriga e espinha era uma coisa, ele é meu noivo afinal de contas, porém, me agarrar a Matt que não passa de um simples amigo é um pouco daquilo que ao meu ponto de vista se encaixa no quesito de invasão do espaço pessoal.

Matt não está tão juntinho de mim como ele ficou durante o decorrer do primeiro filme que ele manteve seus braços em torno dos meus ombros enquanto o longa corria. Ele está a uma pequena distância de possíveis trinta ou cinquenta centímetros, e devo admitir, que nas horas das cenas de horror intensas do assassino, eu gostaria que ele ainda estive coladinho em mim em um parcial abraço que me fazia sentir-me feliz e seguro.

Não entendo se posso ter feito algo de erro. Entretanto, como eu já havia dito antes, um abraço intimo demais com alguém por mais amigo que essa pessoa seja teu, me parece um pouco demais de invasão do espaço pessoal.

Eu não protestei enquanto Matt esteve abraçado comigo, eu gostei para ser sincero, todavia, era como se no fundo do meu coração uma certa sensação de incômodo me alertasse que aquilo que eu estava fazendo era errado.

E VOCÊ ACHA QUE NÃO É ERRADO DA SUA PARTE AGIR DE TAL FORMA COM O POBRE GAROTO?! CODY, VOCÊ TEM UM NOIVO A CAMINHO DA OCEANIA POR VOCÊ! E NÃO SE ESQUEÇA QUE VOCÊ ESCOLHEU BLAKE HARPER E NÃO MATT HARGENSEN PARA SER O TEU PAR!

Grita meu subconsciente a todo pulmões me fazendo engolir em seco e perceber o quão narcisista estou sendo por não querer me render a abraçar Matthew porque estou sendo orgulhoso demais pensando que isso é invasão de privacidade, e também ainda mais narcisista por ter me sentido invadido quando ele me abraçou durante o nosso primeiro filme e agora estou desejando inconscientemente que ele outra vez me envolva em seus braços quentinhos e macios.

Suspiro em silêncio e tento focar minha atenção ao filme. No entanto, é uma tarefa complicada depois que tomei um sermão absoluto e realmente ético do meu próprio subconsciente em relação as minhas ações com Matt.

— Está gostando ou está com muito medo?! — Matt pergunta me distraindo dos meus pensamentos e volto minha atenção para ele.

Pisco para ele quando ele se vira diretamente para mim e sorri gentilmente, deixando que o filme role sem que ninguém esteja assistindo.

— É claro. É um ótimo filme... — Minto não querendo estragar o nosso clima perfeito daquela noite que até então tem corrido incrivelmente maravilhosa.

APPLE HARVESTWhere stories live. Discover now