25 . NADA QUE UM SOCO OU DOIS NÃO RESOLVA

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— Vamos a pé para essa tal prainha? — Pergunto enquanto descemos a colina escura em direção ao lado esquerdo da estrada.

Me questiono se existem praias próximas a Melbourne. Ou nesse caso, se existem praias próximas a Apple Boulevard já que a pequena vila não tem uma aparência muito tropical a ponto de ser uma península ou qualquer outra coisa cercada pelo oceano.

Na realidade, desde fiz a escala em Honolulu antes de chegar a solo australiano, eu não vi ou ouvi falar sobre praia ou mar algum. Eu sei que as praias da Austrália são lindas segundo as pessoas que já conhecerem a terra de Oz. 

Contudo, não acredito que Blake possa estar me levando para conhecer alguma praia em plena noite de outubro e sem nenhum preparo.

Porém, eu sei que estar com Blake pode ser tão imprevisível quanto qualquer outra coisa no mundo, e assim sendo, não me surpreenderia nada se fossemos para na praia mais próxima que ele conheça.

Blake ri baixinho e faz um sinal em negação com a cabeça.

— Como é que você sabe que vou te levar para a prainha? Seamus te disse alguma coisa? — Ele pergunta animadamente me puxando para ficar junto dele como se temesse o escuro que nos cerca.

Sentir nossos corpos tão coladinhos é maravilho. Minha nossa, eu não me canso de pensar o quanto senti falta disso. O corpo dele é quente, e apesar de ser muito rígido por conta da força de todos seus músculos definidos pelo trabalho árduo no campo, ainda assim, é tão confortável quanto um colchão de água daqueles hotéis de beira de estrada baratos.

— Eu estava em transe quando você chegou repentinamente enquanto Sammy e eu conversávamos, mas ainda pude ouvir quando você fez menção a me levar nessa prainha. — Respondo para ele entrelaçando nossos dedos.

Ele me olha surpreso e esboça um sorriso satisfeito. Nós paramos no meio do caminho e ficamos abraçados ali no meio da estrada por quase cinco minutos. O rosto dele está próximo ao meu, e eu posso sentir seu hálito doce invadir com suavidade meus olhos e narinas.

Os olhos dele não expressam nada além de um vazio. Eles são verdadeiramente uma piscina misteriosa a qual eu estou disposto a me afogar.

Não consigo pensar em outra coisa senão apenas o quão Blake Harper é perfeito em sua beleza. Seu maxilar é lindo, seu rosto angelical faz meu coração pulsar de maneira estrondosa, seus olhos muito azuis tiram meu fôlego, e seu beijo é simplesmente capaz de me deixar atordoado completamente da cabeça aos pés.

Eu fico maravilhado em poder apreciar a beleza dele sob a luz do luar. Acho que somente pude ter um momento romântico como esse quando eu estava com Charlie em Los Angeles. Mas não tenho uma exata certeza se a sensação que Charles Ross me causou foi exatamente igual a essa que sinto estando com Blake.

Posso admitir, que sinto falta de Charlie, ele é meu noivo afinal de contas, e é o único homem o qual amei nesses cinco anos os quais mantemos uma relação além do meu próprio pai.

Entretanto, desde que conheci Blake Harper, um novo sentimento, desconhecido tomou conta do meu coração de uma forma que nunca imaginei que poderia sentir.

Eu não sabia ao certo como reagir diante de uma emoção que poderia me custar uma relação rigorosa com meu Charlie, porém eu estava ciente de que aquele sentimento estranho que começou a brotar em meu peito por Blake chegava a ser maior do que o amor que eu alimentei por Charlie nos 1825 dias dos quais vivemos juntos até então.

Isso me assusta até então. Por um lado, eu não queria deixar de amar Charlie, eu sabia que ele é o dono do meu coração e que sempre seria. 

Nossos planos e metas de vida juntos jamais poderiam serem apagados de minha memória, eu nunca poderia esquecer que fora com ele que fiz amor pela primeira vez quando eu tinha dezesseis anos, e que fora com ele que decidi viver o resto da minha existência. Eu não poderia deixar de amá-lo, nunca, jamais.

APPLE HARVESTWhere stories live. Discover now