5 . ROMPIMENTO

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Fico impossibilitado de respirar enquanto observo a viatura partir para longe com meu pai ali dentro. Todo o meu mundo gira feito um carrossel em alta velocidade, como se desejasse me despejar para fora do cavalinho dourado do brinquedo. Porém, no meu caso, me lançar para longe da órbita terrestre. 

— Mas que porra é essa? - Grunhi Charles com irritação me puxando para perto de si. 

Meu namorado mostrava-se pelo seu simples olhar, estar bem mais confuso do que eu estava com aquela situação alucinante que ocorreu diante de nós.

Era difícil decidir se aquilo tratava-se de uma realidade, onde de fato Shane Daramour estava realmente sendo preso por alguma razão que até então, me era totalmente desconhecida. Ou se poderia ser um sonho, onde eu ainda estaria adormecido nos braços de Charles, naquele hotel chinfrim de Santa Mônica, ou talvez quem sabe, pudesse ainda estar prestes a acordar naquela manhã onde tudo começou de forma peculiar.

Se aquele fato fosse verdadeiramente um sonho, certamente era uma dos piores que eu tinha recordações de já ter tido durante toda a minha vida. 

Eu quero gritar, quero poder chorar e receber respostas para minhas dúvidas do que acabou de ocorrer ali. Meu pai sempre foi um homem honesto, adquiriu sua fortuna através de muito trabalho e esforço, ele não desistiu com facilidade, pois sempre desejou o melhor para nós dois. Pessoas como ele nunca iam para prisão. Inocentes não eram presos. 

Ele nunca cometeu crime algum, sua prisão precisa ser um erro da parte da polícia, eles deveriam estar confusos com alguma informação errada, ou deveriam ter recebido alguma falsa acusação contra Shane. 

— Charlie... por favor... - Imploro para Charles que me olha com piedade. — O que é tudo isso? 

— Eu vou tentar descobrir, gatinho. - Ele sussurra para mim como um certo pesar em sua voz. 

Charles beija minha testa, e olha para Aaron que nos observa com muita atenção. Seu olhar de certo modo, embora demonstre uma pitada de compaixão, também deixa claro uma pequena desconfiança.

— Cody ainda não sabe da nova notícia sobre o próprio pai? - Interroga Aaron com os olhos fixos em mim.

Nego com a cabeça e sinto minhas pernas ficarem moles. A bile subiu pela minha garganta, me forçando querer colocar para fora, toda a bebida alcoólica consumida mais cedo. 

Aaron sabia de algo que eu ainda não tinha noção. Aparentemente era uma coisa grande, realmente um caso que fez meu pai ir para prisão. Mas dentro da minha mente, não existia alternativa alguma que eu pudesse imaginar que causou a detenção. 

Não vi corpo algum ser retirado de dentro da minha casa, tampouco ninguém da perícia que pudesse indicar que um assassinato ocorreu debaixo do teto da mansão Daramour. 

No entanto, eu precisava ter noção de uma coisa. Prisões não guardavam apenas assassinos, a lei proibia outras ações que não se encaixavam na ética também. 

— Eu estive com Charles em Santa Mônica o dia inteiro. Não fiquei sabendo de nada. - Comento com uma infernal dor de cabeça começando a surgir. 

— Compreendo. O Sr Daramour não lhe disse nada de diferente essa manhã? - Questiona Aaron secamente tentando fazer-se de durão. — Segundo o acordo que ele fez com o advogado, você não deveria nem estar nos Estados Unidos a essa hora. 

É como se meu estômago tivesse sido atingido por um taco de beisebol feito de alumínio, seguido de um golpe em cheio no meu queixo vindo de um lutador de boxe. Puta que pariu, meu pai estava ciente de que seria preso. 

APPLE HARVESTWhere stories live. Discover now