04.Escolhas

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O sol começava a se pôr ao longe, o tom amarelado do final da tarde cobria o centro da cidade, o fogo nos carros e lojas se espalhavam ainda mais, e aqueles que restaram na pilha de corpos... Acordavam.

Os que ainda estavam vivos após o ocorrido durante a tarde, agora estavam espalhados, tentando sobreviver fugindo com suas bagagens em seus veículos, se escondendo ou roubando lojas e supermercados. 

Alguns rádios estavam ligados em vários locais, tendo pessoas assustadas com esperança nos olhos os ouvindo atentamente, buscando algum movimento do governo, enquanto outras buscam abrigos em delegacias e imploravam por ajuda de policiais que fugiam da cidade com suas famílias.

No meio do caos, um som de tiro ecoou por todas as esquinas, chamando a atenção de defuntos que rodavam as ruas, aqueles que estavam mais afastados, comendo corpos jogados, se despertaram pelo novo interesse. Abandonando a comida velha, caminhando juntos, lado a lado, indo até o fim da calçada em passos lentos. 

O pequeno grupo de mortos chega ao fim da rua, dando de cara com uma lanchonete na esquina, com pequenos grupos de famintos forçando sua entrada, enquanto os sobreviventes tentavam os impedir.

—Não vamos aguentar sozinhos! Mexam-se porra!

Patrick gritava pelo resto do pessoal, enquanto seus pés deslizavam no piso, diante da força que os doentes faziam na porta. Acompanhado apenas de uma mulher de cabelos pretos, ambos se viraram para fechar a porta principal, à medida que os invasores agarravam firmemente o vão aberto, forçando a abertura, gemendo e berrando em um desespero irracional.

Ao fundo do estabelecimento, Amber e John acabavam de se afastar.

—Não pode me impedir...—Repreendeu ela, em sufoco—Vai acabar levando seu filho para a morte, por causa de três estranhas?!

—Nem sabemos se ela vai realmente se transformar!

—Mentiroso—Ela ria de sua fala—Você não acredita nisso.

—Precisamos pensar em outra solução! Ele está bem, é só olhar para ela.

—"Ela está bem", só por enquanto! O que garante que ela não vai se jogar na própria irmã para devorá-la agora mesmo?! Você é um médico, deve saber como isso funciona!

—É exatamente por isso que estou dizendo que ela esta bem! As coisas não funcionam tão rápido como você acha, Amber!

—JOHN!—Patrick os interrompe—Se não quiserem acabar como essa pirralha é melhor vir nos ajudar! Precisamos de ajuda aqui!

Ele e a outra mulher gritavam desesperados, empurrando com força a porta de vidro, onde todos podiam ouvir o barulho das portas e das mesas sendo arrastadas, os gemidos ficando cada vez mais perto. O grupo todo sabia, eles não iriam aguentar por muito tempo. 

—Nós ainda temos escolha John, nós não estamos loucos...Não somos eles—Sussurrou Amber—Precisamos nos livrar dela.

O médico não disse nada, via na sua frente essa mulher que estava pronta para matar uma criança, e do outro lado, doentes que estavam a um fio de entrar e certamente, matar todos ali dentro. Vale a pena arriscar sua vida e a de seu filho por uma estranha? "eu salvo vidas, não as mato". Talvez essa frase não fizesse mais sentido.

—Jesse, levanta!—Yuna gritava pela sua irmã, que ainda estava no chão.

Usando a palma da mão, a mais velha tentava se levantar, mas sua cabeça que foi atingida pela segunda vez, doía ao ponto de achar que desmaiaria novamente.

Amber olhou para Jina que suava frio, a respiração forte e os olhos amedrontados. O medo que a pobre garota sentia, fazia com que a loira sentisse muito, mas não era o suficiente para a impedir. De canto de olho, encarou John que se via perdido, ele olhava para os mortos e para seu filho, se vendo dividido. Percebendo que aquele velho homem não se moveria, sentiu-se livre para agir. 

Fighting for us - The Walking DeadTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon