11.A fazenda Greene

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A força das hélices cortavam o ar quente naquela noite.

Os gritos dos civis ecoavam de dentro das cercas derrubadas, o povo corria em desespero pelo local, batendo e empurrando uns aos outros, lutando contra a irracionalidade e se agarrando a adrenalina, para assim conseguirem escapar com vida.

O fogo forte se espalhava nas construções, a fumaça tóxica cobria quase todo o campo, dificultando a visão dos sobreviventes, que só auxiliava para que fossem pegos, à medida que os mortos caminhavam em meio a multidão, puxando e matando quem estivesse em seu caminho.

Com a respiração ofegante, os seus olhos encaravam com pavor os vãos entre as pessoas, abrindo caminho com a respiração pesada graças ao medo, segurando com força, a mão de uma criança que a acompanhava neste pesadelo.

"Preciso protegê-la" esta era a frase que estava sendo repetida diversas vezes em sua mente.

Como uma memória escura e confusa, seus passos apressados e pesados finalmente chegaram onde devia. Diante a possível salvação, uma escolha tinha que ser feita.

Suas mãos frias e feridas, tocam no rosto da pobre criança, segundos antes de tudo simplesmente... Desaparecer.

O som das hélices ficavam cada vez mais presentes. Eram altas o suficiente para ocultar os gritos e disparos. Fortes o suficiente para expulsar a fumaça preta, e levar qualquer lixo para longe junto da poeira. E principalmente, era forte e barulhento o bastante para atrair mortos-vivos nos prédios.

Seus olhos que antes estavam aliviados com a sua escolha, logo se transforma em puro pavor e horror, assim que encaravam o fogo surgir das hélices traseiras, pouco antes de ver o helicóptero perder o controle.

Tudo que conseguiu fazer, foi assisti-lo cair.

Com um pulo na cama, os seus olhos se abrem em pânico.

Jesse podia sentir a sua respiração e os batimentos estarem acelerados graças a adrenalina, a falta de ar doía em seu peito, à medida que tentava se recuperar. As suas mãos e pés estavam frios, tremendo diante a confusão de sua mente, como se seu corpo ainda acreditasse que estava naquele lugar.

Olhando com lágrimas nos olhos, ele analisava cada ponto do quarto branco, que estava cheio de móveis e quadros antigos, como se não se lembrasse de onde estava. Dentro desse cômodo, tudo que podia ouvir, além do movimento de seu pulmão, era o relógio que estava na mesa do quarto, tocando o seu tic tac durante cada segundo. Marcando exatamente às cinco da manhã, ele era acompanhado com um belo canto de um galo vindo do lado de fora, sendo o único som neste ambiente escuro e em silêncio.

Ainda em estado de pânico, o coreano se vira na cama lentamente, onde podia ver deitado bem ao seu lado, o Thomas, que respirava fundo enquanto dormia, enquanto do outro lado do quarto, o seu recém-nascido permanecia quieto no berço improvisado.

Aliviada, a asiática aos poucos sentiu os seus batimentos voltarem ao normal. Se sentando na cama, com o corpo todo pesado e dolorido, ele só pôde soltar um suspiro de choro, enquanto arrumava seus cabelos molhados. Jesse encarava as suas mãos enquanto respirava pelo nariz, ainda sentindo o suor gelado em sua pele. Mordendo o lábio, ela acaricia a palma de uma de suas mãos, se lembrando fortemente do que havia revivido, como se ainda pudesse sentir o peso daquela pequena mão.

—Oh Yuna...

Com um suspiro, ela tenta conter as suas lágrimas, mas como um pensamento repentino, os seus olhos se arregalaram lentamente, à medida que se sentia paralisada por alguns segundos. Seu olhar assustado logo encarou Thomas, que dormia de costas para ela.

Fighting for us - The Walking DeadWhere stories live. Discover now