10.Encontro predestinado

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No início, Jesse não conseguia entender o que estava acontecendo.

Por um segundo, seus olhos viam na sua frente um rosto podre e sem vida, coberto por uma sede de carne irracional. A boca aberta mostrando os dentes amarelados, os olhos brancos e apodrecidos. Ele estava tão perto, perto o bastante para saber que se não fosse a pequena distância entre eles, seria o suficiente para que Jesse tivesse seu rosto arrancado e devorado.

Tendo esse pensamento, as lágrimas não tiveram tempo para saírem de seus olhos, sua mente não conseguia produzir nenhum filme de sua vida ou sequer pensar em uma forma de fugir.

Tudo que sentia era que iria morrer, e iria levar o seu bebê consigo.

Mas em um piscar de olhos, o rosto daquela criatura explodiu bem na sua frente. O sangue se espirrou em seu rosto e o peso daquele corpo a derrubou. Só podia ouvir os gritos de Thomas enquanto a dor em suas costas aumentava em pontadas fortes, sentindo uma grande falta de ar em seus pulmões, graças ao impacto.

À medida que tentava empurrar o cadáver para tirá-lo de cima de si, Jesse conseguia ver a alguns metros à sua frente, mais dois infectados que vinham em sua direção, tendo um terceiro se arrastando até ela pelo lado direito. Com a cena que estava a sua frente, sentiu sua respiração ficar cada vez mais forte em seu ouvido, junto com o desespero que tomava conta de seu corpo. Precisava sair dali, não podia deixá-los perto de seu bebê, mas as suas pernas não se moviam. Desesperada, ela apenas conseguia gritar de agonia à medida que um deles se aproximava cada vez mais.

—Precisamos tirar ela daqui!

Sentiu um alivio em seu peito ao ouvir o grito de Thomas, o vendo surgir entre os carros, correndo em sua direção tirando a faca da bainha. O coreano mal teve tempo para dizer alguma coisa, quando o garoto pegou a faca em mãos e a enfiou no crânio do apodrecido que estava ao chão, que por pouco não se agarrou em sua perna.

Com uma mistura de alívio e pavor, Jesse ergue o braço em direção ao garoto, que a olhava com olhos arregalados, e se segurava para não reclamar da dor de sua mão.

—Thomas! Onde você estava?! Você está bem?!

—Eu que te pergunto! Você se machucou?

Thomas se ajoelha perto dela, puxando o corpo para o lado, assim o tirando de cima dela. Via a mais velha respirar forte em dor, enquanto ela se arrastava mais pra perto do carro atrás de si.

—Não temos tempo, precisamos sair daqui!—Com a voz desconhecida, o coreano se vira para a pessoa, vendo o homem de agora pouco.

—Quem é ele?

Sua pergunta saiu trêmula, enquanto mandava um olhar de pânico para Thomas.

—Alguns doentes estavam atacando ele, eu fui e o ajudei.—Respondeu ele, se aproximando para ajudá-la a se levantar—Depois eu te explico melhor, temos que ir!

O asiático o olhou ainda sem acreditar, queria dizer tudo o que estava pensando, dizer o quanto Thomas o havia assustado e que não devia dar a sua confiança de graça para um homem desconhecido, mas antes que pudesse reclamar, uma dor aguda na barriga fez com que seus pensamentos viajarem para outro tópico: O bebê.

—Eu deixei a picape no final da rua, precisamos correr antes que mais deles apareçam!—Gritou o sujeito, enquanto levantava o seu rifle, atirando em um dos mortos.

—Otis, eu preciso de ajuda!

Thomas berrava para o homem, à medida que Jesse mal tinha forças para levantar, mesmo com todo o esforço que ela fazia para sair dali, e ainda com a ajuda do garoto, eles pareciam não sair do lugar. O coreano olhava para ambos que discutiam o que fazer, vendo o tal Otis permanecer atento aos doentes, usando seu rifle sem excitar, enquanto o Williams verificava a munição da pistola, mas isso tudo não era nem um pouco o seu maior foco. Sentindo as contrações que agora estavam alinhadas, vindo de três em três minutos, ela sabia o que estava por vir.

Fighting for us - The Walking DeadWhere stories live. Discover now