Meanlenia

▩ Capítulo dezassete ▩

" Nem toda a palavra é aquilo que o dicionário diz "

-Fernando Anitelli

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Gradiant trotava com calma enquanto olhava ao seu redor para ver se estava tudo em ordem. Ele naquele momento tinha muito medo de algum pónei aparecer por trás e matá-lo, raptá-lo, deixá-lo inconsciente ou coisa do género, mas pára de pensar nisso ao lembrar que os seus pais estavam ali a protegê-lo de póneis mal-intencionados.

Uns segundos depois, sente vontade de ir à casa de banho fazer as suas necessidades, já que não tinha feito desde que tinha saído da quinta. Vai na direção do WC com algumas dificuldades de direção e chega até lá, entra e de repente depara-se com uma pónei unicórnia castanha com crina verde, olhos laranja e com pêlo nas patas e no peito.

Fica um pouco nervoso, até porque, questionada o que a potra estava a fazer no WC masculino, então para tentar desviar a atenção  -e também porque a mesma apenas estava de cara séria-, vai à cabina disponível e faz o que tem a fazer. Faz descarga e sai para lavar os cascos, olha em volta e não vê ninguém.

--S-Star, a-acho que vi uma das póneis aqui no WC...

--E não apanhaste-a?

--E-Eu tinha...P-Prioridades a fazer...-ouve um suspiro pesado vindo da amiga.-D-Desculpa...

--Está tudo bem, Gradiant, apanha-mo-las noutro momento.

Na plateia, sentada no lugar do seu amigo, Gyakuro observa as cabeças que desciam ao longo do palco e nos guardas. Observa com atenção para os póneis adultos ali presentes na sala, mas nenhum deles parecia ser suspeito. Para o seu alívio, os guardas estavam um pouco abaixo dela, ou seja, não tinham campo de visão para verem o que a pégaso rosa fazia.

De repente, Gyakuro vê o guarda unicórnio a usar magia para tirar de lá um livro antigo e medonho.

--Star, um dos guardas levita um livro antigo e medonho.-comunica baixinho para não ser ouvida, e também para não incomodar os outros.

--Um livro? Podes dizer como ele é?

--Couro velho, símbolo estranho, e palavras que não percebo.

--Podes descrever como é o símbolo?

Gyakuro puxa um pouco pela vista, mas para a sua má sorte, não consegue ver muito bem e o guarda acaba por voltar a guardar o livro.

--Maldito...-murmura baixinho chateada.

--Seria tão bom se fosse o livro que procurada...

Novamente nos corredores, Gradiant trota de volta para o corredor principal para ir à recepção, mas sente que está a ser observado e olha para trás, mas não vê nada. Volta a trotar e fica ainda mais incomodado com aquela sensação de perseguição, então vez ou outra dá uma espreitadela para trás para ver se não tem ninguém.

--C-Como se chama o livro?-pergunta baixo para Star.

--Não sei, para isso tinha que traduzi-lo, já que está na língua antiga.

--Ah...-murmura e olha novamente para trás, mas desta vez assusta-se ao ver a pónei rosa de crina branca, olhos roxos e com manchas nas patas e orelhas.-Ah! Q-Quem és tu?-pergunta nervoso.

A pónei não responde e apenas permanece com uma cara neutra.

--Gradiant? Está tudo bem?-pergunta Scar ao ouvir a pergunta do potro.

O pónei verde, nervoso e a tremer um pouco os cascos, fica na dúvida se fugia ou se enfrentava a pónei rosa. Bom, o que é certo, é que ele não faz nenhuma destas opções, já que ele fica paralisado sem saber o que fazer e acaba por desmaiar ao sentir algo a bater na sua cabeça.

--Gradiant?-pergunta Scar mais uma vez.

--Vem cá buscá-lo.-ouve uma voz provocadora feminina antes de ouvir o aparelho partir-se.

--Eu não acredito que o Gradiant foi rapatado por elas...-Star chega à conclusão chateada consigo mesma.-Scar, deixa a entrada comigo, vai procurar o Gradiant.

--É para já.-e sai do seu posto.

Voa para a recepção e olha de recalce para Star antes de entrar no corredor direito. Apesar de ser sério na maioria do tempo, ele sentia-se verdadeiramente preocupado pelo Gradiant. Ainda bem que ele não consegue explicar este sentimento por palavras.

Em uma sala isolada, o potro verde é amarrado e amordaçado pela magia da potra castanha, e depois de fazer isso, junta-se à potra rosa.

--Tadinho, bloqueou quando viu-me.-dá uma risadinha.-Hey, Shine, depois disto tudo quero comer uma tarte de maçã.

--Como a minha madame Flame quiser.-sorri e olha para Gradiant.-E nós poderíamos trazer um sumo de limão para ele também.

--Deixa ele, vamos ao que interessa aqui, não vejo a hora de ter o dinheiro em nós as duas.

--Tu e o dinheiro, o dinheiro e tu.-comenta na brincadeira e dá um rápido beijo na potra.-Vamos então procurar pelo livro antes de fazermos o que fazemos de melhor.-e ambas saiem da sala, deixando o pobre potro para trás.