Eu aguento!

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Depois do almoço, fui até a área da piscina e me sentei em uma das cadeiras. Pouco tempo depois, um dos funcionários da casa me trouxe um drink.

— O Ron me pediu pra te entregar isso — ele disse ao me servir o drink. Em seguida, foi até o quartinho e saiu de lá com um colchão de ar. — E ele também queria que você visse isso. — Jogou o colchão na água. — Se joga! — ele brincou e saiu.

Sem pensar muito, apreciei meu drink (que acabou logo). Logo também voltou o assistente com um refil.

— Ele falou para não deixar secar por nada nesse mundo.

— Obrigada, meu gentil senhor.

— O prazer é todo meu, bela senhora — ele falou antes de sair.

Confesso que o terceiro não consegui beber. Ao invés disso, fui até o colchão inflável e me deitei confortavelmente. Rony sabia bem o meu gosto. O assistente me ajudou a colocar o copo no suporte do colchão e me empurrou para o meio da piscina.

— Obrigada! — agradeci enquanto ele saía. Não sei quanto tempo fiquei ali até começar a cochilar.

Algum tempo depois, acordei. A posição ainda estava tão gostosa que nem me movi. Tinha esperanças de voltar a dormir mais um pouco.

Acabei abrindo um pouco os olhos e logo vi o Joe, quero dizer, Chaos... sentado em uma das cadeiras. Ele estava distraído, tão pensativo que nem percebeu que eu tinha acordado.

Mudei de posição no colchão e ele percebeu. Ele saiu de seu transe e olhou para mim. Então perguntou:

— Você realmente gosta dele?

— De quem?

— Ei! Poodle! — gritou Rony, de longe, vindo se juntar a nós. Chaos continuou sem mover um músculo.

— De quem? — insisti, mas ele não respondeu.

— Curtindo o brinquedo inflável aí? — Rony comentou, mais próximo.

— Do Cesar — Chaos finalmente respondeu, de maneira robotizada.

— Quê? O que tem o Cesar? — perguntou Rony, sentando-se na cadeira, exatamente ao lado de Chaos.

Respondendo à pergunta de Chaos:

— Não é da sua conta.

— Ah, mas isso é da minha conta! — ele falou, firme.

Fiquei pasma. Rony, tão chocado quanto eu, perguntou:

— Do que você está falando?

Chaos começou a respirar fundo, como se estivesse ficando cada vez mais ansioso. Eu já tinha entendido, desde a primeira pergunta, onde ele queria chegar com tudo aquilo, então decidi sair da piscina. Enquanto subia as escadas, ouvi a frase que fez meu corpo estremecer da cabeça aos pés:

— Eu sou o Joe.

Rony estava em choque, assim como eu. Saí da piscina e dei um passo em direção aos dois, mas Rony estendeu o braço e falou:

— Vá embora, Poodle. Sai andando.

Entendi o que o Rony estava fazendo. Ele queria me proteger. Assim como eu, ele acreditava que o Chaos estava mentindo e queria que eu saísse dali o mais rápido possível. Eu não poderia fazer isso.

— Eu aguento.

— Não, você não aguenta essa conversa. Vai, volta para casa.

— Eu não vou.

Real.Doc - Parte 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora