Chegando em casa, encontrei o Cesar sentado na cozinha, quase na mesma posição em que ele estava quando saí para trabalhar pela manhã.
— Você nunca saiu dessa cadeira?
Ele esboçou um leve sorriso.
— Está tudo bem? — eu perguntei. Eu não estava gostando de vê-lo daquele jeito.
— Sim... parece que sim.
Até aquele momento, ele ainda não havia me olhado nos olhos, o que me levou a crer que era algo comigo. Acho que ele não estava levando numa boa tudo o que vinha acontecendo entre nós. Para ser sincera, nem eu.
O dia estava muito quente, então tomei um banho e vesti roupas mais frescas. Para não incomodar o Cesar, fui direto para a varanda me deitar na rede e relaxar por alguns instantes. Acabei perdendo a noção do tempo ali. Escureceu e Cesar saiu para me perguntar:
— Fiz sopa. Quer um pouco?
— Quero. Já vou lá.
Ele já ia entrando em casa e eu me levantando da rede, até que voltou e disse:
— Lilian... — Um pouco hesitante, continuou: — Eu acho que não é uma boa ideia dormirmos juntos de novo.
— Tudo bem — respondi, tentando disfarçar o sentimento de soco no estômago.
— Não é que eu não...
— Cesar... — eu falava chamando sua atenção. — Tá tudo bem. Não se preocupe.
~ ~ ~
Nossa janta parecia coisa de filme. Tudo completamente em silêncio, a não ser pelo som dos talheres batendo nos pratos. Ambos de cabeça baixa, pensando em seus próprios dilemas. Em determinado momento, senti a mão quente dele tocar a minha, e logo em seguida, seu chamado:
— Lilian, eu... — ele começou a falar segurando a minha mão. Instantes depois, pareceu mudar de ideia e a soltou. — Quer um pouco mais de sopa?
— Não, obrigada.
— É, eu também não. Com licença — falou após arrumar as panelas e sair da cozinha.
Foi aí que percebi o que estava acontecendo. Ele estava lutando contra o sentimento que tinha por mim. Como eu gostaria que fosse diferente... Ah, como eu queria vê-lo me importunando, me acordando de madrugada para treinar, enquanto eu reclamava e dizia que o detestava. Bons tempos...
Aquela situação com o Cesar me chateava um pouco. Mecanicamente, terminei a minha sopa e dei um jeito na cozinha. Depois disso, apaguei todas as luzes da casa e fui me sentar no banco que fica ao lado da janela do final do corredor.
Era uma janela grande, muito bonita, que dava para ver todo o exterior da casa. O céu estava lindo, então fiquei ali olhando para as estrelas, esperando que elas me trouxessem alguma resposta. Com o tempo, coloquei os pés em cima do banco e me encolhi, me apoiando na parede. Fiquei ali por um bom tempo, banhada pela luz da lua. Tanto que acabei cochilando.
Acordei com o Cesar gentilmente me puxando para um abraço. Ele havia colocado uma cadeira ao lado do banco e me puxava para me abraçar, como se eu fosse um bebê. Aceitei o convite e me encolhi em seu abraço. Estava tão gostoso.
— Não gosto de te ver assim — ele falou, me abraçando com carinho. Me apoiei nele e acabei adormecendo.
Acordei no seu colo, enquanto me levava até minha cama.
Depois de já deitada...
— Fica.
— É melhor não — respondeu ao puxar o lençol para me cobrir.
— Por favor — insisti. — Pelo menos até eu dormir. Não deve demorar muito.
Ele voltou e se abaixou do meu lado da cama.
— O que está te deixando assim?
— Eu não sei. Preciso de um abraço.
Ele respirou fundo e explicou:
— O problema é que uma coisa pode levar a outra e...
Então o calei com um beijo, puxando-o para vir se deitar comigo. Ele veio e se permitiu curtir alguns beijos.
Aaaah... foi tão bom! Eu provavelmente não deveria ter feito aquilo, mas parecia ser a única coisa a acalmar o seu coração, e em partes, o meu também. Ele parou de me beijar, mas continuei acariciando o seu rosto.
— O que estamos fazendo? — ele perguntou.
— Eu não sei.
Então voltei a beijá-lo e a levar tudo a outro nível. Ele começou a me amar, e aquela era novamente a melhor sensação do mundo. Era como se aquele ali fosse o meu lugar. Meu lugar era com ninguém mais no mundo, apenas com ele.
Eu estava aproveitando bastante, mas ele parecia estar aproveitando mais. Cheguei ao auge duas vezes, e ele continuava. Era como se ele também estivesse me dizendo que eu era dele. Só dele.
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Real.Doc - Parte 1
General FictionEnchanté! Quero dizer, muito prazer! Meu nome é Françoise. Este livro não é sobre mim (não estou nem nessa primeira fase horroroooooosa dele), mas me pediram para falar algumas palavrinhas sobre a Goldie, então aqui estou. Vamos ver... o que dizer...