Seguindo o fluxo

10 0 0
                                    


Cesar devia ter tomado alguma ação em relação ao divórcio. Nossa assistente e alguns funcionários da casa estavam sendo mais atenciosos comigo. Inclusive, ela chegou a me pedir um abraço de manhã. Acho que ela saberia se Cesar tivesse dado entrada no pedido.

Durante o café, ela comentou que o dia estava quente, perfeito para um banho de piscina.

— Posso separar uma roupa de banho para você escolher?

— Claro!

— Ótimo! Pedirei para verificar a temperatura da piscina.

Achei chique que a piscina da casa fosse aquecida.

No quarto, ela me fez experimentar alguns biquínis supersexys, outros alienígenas, mas acabei escolhendo um tradicional. Fio dental, sim, mas dentre as opções, parecia ser o mais razoável. Ela parecia animada por mim. Se eu estivesse certa, ela poderia estar querendo me reaproximar do Cesar.

Coloquei um roupão transparente para pelo menos me dar a sensação de estar vestida até chegar à piscina. Olhei-me no espelho, vi que estava tudo certo e fui.

~ ~ ~

Eu estava chegando na piscina quando senti alguém tocar o meu braço.

— Vem aqui.

Era Cesar, me indicando para entrar no banheiro da piscina.

Uma vez lá dentro, ele me encostou na pia de mármore branco (linda) e já avançou para me beijar.

— Às vezes me esqueço da sua origem, garota de Ipanema — disse, me beijando os ombros e pescoço. Então me virou para me beijar e concluiu: — Que biquíni lindo... bora bagunçar... 

Cesar e eu ficamos juntos naquele banheiro lindo de mármore bege da piscina. Foi tão gostoso que, mesmo depois, ficamos um tempinho entre beijos e risadas.

Depois disso, ele decidiu entrar na piscina junto comigo, de roupa e tudo. Mesmo de longe, conseguimos ouvir a risada de Rony.

Na piscina, que estava na temperatura perfeita, ele me puxou para abraçá-lo. Nos abraçávamos e beijávamos como um casal de adolescentes.

— Jeeeesus! — comentou Rony, se aproximando. — Vocês poderiam dar um tempo para me aproximar da piscina?

— Entra, Ron! A temperatura está perfeita! — chamei, animada.

— Eu diria que está mais que perfeita para vocês.

— Estou falando sério, vem!

Então, Rony levantou uma das pernas como um palhaço e se permitiu cair na piscina, também de roupa.

Estávamos todos nos divertindo quando ouvimos uma voz familiar:

— Posso entrar também?

Shannon.

Cesar deu uma risada alta e falou:

— Se joga!

Shannon sorriu e respondeu:

— Talvez outra hora. Posso falar com você rapidamente?

— Claro — Cesar disse, já caminhando em direção à escada da piscina.

— É só um minuto, pessoal — ela falou.

Cesar saiu e os dois caminharam de volta para casa. Quando já estavam distantes o suficiente para não nos ouvir, Rony falou:

— Eu acho que ela está aqui para trazer heroína para ele. Devemos ir salvá-lo?

— Vamos.

~ ~ ~

Entramos na casa e fomos direto para o quarto principal (claro). A porta estava entreaberta e, quando entrei, vi Cesar sentado na cama de frente para Shannon. Ele estava sem camisa, com sua cara de ordinário. Ela, por sua vez, passava a mão em seu peito enquanto lhe entregava um pacotinho com a boca.

— Eu sempre odiei a decoração deste quarto! — falei, entrando no quarto e dando um susto nos dois. — Vamos redecorar?

Peguei um espeto próximo à lareira e comecei a quebrar tudo ao meu redor. Potes, enfeites, vasos... Os estilhaços voavam por todo lado. Cesar se apressou para tirar Shannon de lá enquanto eu quebrava tudo.

— No nosso quarto?! — gritei e quebrei um vaso enorme. Depois que eles saíram, Rony se aproximou de mim, gesticulando para eu me acalmar.

— Pronto, acho que é o suficiente.

Eu ainda estava ofegante e nervosa. Quando parei, Rony percebeu que eu estava prestes a desmoronar e me abraçou. Foi o tempo certo. Escondi meu rosto no abraço e chorei. Ele me acalmava.

Quando consegui me afastar, perguntei:

— O que estamos fazendo?

— Seguindo o fluxo da imagem que ele criou. É só isso. Somos a perfeita família disfuncional. 

Real.Doc - Parte 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora