No meio da tarde, Cesar anunciou:
— Consegui ingressos para uma peça ótima na cidade, mas não poderei ir. Por que vocês não vão?
Sem pensar muito a respeito, Rony e eu aceitamos a oferta.
~ ~ ~
O espetáculo era à noite. Quando terminou, Rony e eu decidimos jantar em um dos restaurantes próximos.
— É o que eu te falo, Ron. A essa altura, acho que estaria melhor se estivesse com você.
— Sem ofensa, Poodle, mas... posso até não saber quais são as intenções do Cesar ou o que está acontecendo, mas sei que devo ficar bem longe de você.
— Isso aqui pode ser um encontro.
— Não, não pode.
Eu achava engraçada essa relutância do Rony. No passado, era exatamente o oposto. Ele dava em cima de mim o tempo todo, sendo bastante ousado nas suas tentativas. Agora, fugia de mim como um vampiro evita água benta.
~ ~ ~
Voltamos para casa e Rony resolveu estacionar o carro ao invés de entregar ao motorista.
— Não me importo e... ainda estou me acostumando com essa vida — ele se explicou.
— É, eu sei o que quer dizer.
Saindo da garagem vimos, através da janela da sala, Cesar beijando uma mulher no sofá.
— Que...
Tem horas que nem a gente entende as próprias reações. Senti uma vontade incontrolável de rir, então saí correndo para me afastar ao máximo dali. Rony me seguiu.
Já razoavelmente longe, me joguei no gramado e tive uma crise de riso. Rony me olhou por um instante, confuso, como se eu tivesse ficado louca, então se abaixou e se sentou ao meu lado achando graça da minha reação. Não demorou muito e estávamos os dois deitados na grama, olhando aquele céu lindo e rindo da situação.
— Então foi por isso que ganhamos os ingressos — falei.
— Para não ver o verdadeiro show que estava acontecendo aqui — Rony completou, e eu achei que ia passar mal de tanto rir.
— E eu me pergunto se esta noite ainda terei que bancar a esposa.
— Ah, sim! Porque ele ainda pode querer isso! — Rony concordava. — Já posso até ver ele caminhando com seu roupão semiaberto...
Neste instante, imitou o jeito do Cesar andar e voltamos a cair na risada. Depois de algum tempo, falou:
— Em algum momento a gente vai ter que entrar.
— Eu sei, só preciso de mais um minuto para me recompor.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Ouvimos uma voz familiar e olhamos ao mesmo tempo.
— Cesar! — falei o seu nome, já rindo.
— Não queríamos interromper o seu momento — explicou Rony.
— Ótimo, porque ela vai passar a noite aqui. — Caímos na risada novamente. — O que é tão engraçado?
— Ah, eu acho que estou bêbada.
— Devia ter alguma coisa naquela bebida — brincou o Ron, me fazendo voltar a rir.
— Vamos, levante-se. Quero que você a conheça antes de subir — Cesar falou.
Levantei-me e, batendo as mãos para tirar a grama do corpo, comentei:
— Ai, Cesar...
— O quê? — ele perguntou, já demonstrando impaciência.
— Nada... nada... — interrompeu Rony. — Ela apenas quis dizer que você não precisava ter escondido isso de nós.
— Esconder o quê?
— Que você tinha um date — comentei.
Cesar se virou irritado para mim e disse:
— Eu não quero ouvir essa merda nunca mais. Você ouviu? - Segurava meu braço com força.
— Ei, ei! Cesarito! — Rony falou, colocando a mão no braço de Cesar para ele se afastar. — Ela não quis dizer nada com isso. Calma, cara! Relaxa!
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Real.Doc - Parte 1
Všeobecná beletriaEnchanté! Quero dizer, muito prazer! Meu nome é Françoise. Este livro não é sobre mim (não estou nem nessa primeira fase horroroooooosa dele), mas me pediram para falar algumas palavrinhas sobre a Goldie, então aqui estou. Vamos ver... o que dizer...