Capítulo 41

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Lauren

Dentro do armário, tinha uma garotinha que parecia ter por volta de cinco anos. Seus olhos parecia ser um castanho esverdeado, estavam marejados em conta as lágrimas. Sua pele esbranquiçada, possuía alguns arranhões nos braços e pernas. 

- N-não me machuca. P-p-por favor. - ela falou gaguejando. 

Continuei a olhando, a garotinha se mantinha encolhida, abraçando as pernas. Sua roupa estava suja assim como seu cabelo, ela me olhava com tanto medo que estava começando a me sentir uma pessoa terrível. 

- Eu não vou te machucar, calma. Como se chama? - perguntei calmamente. 

- C-c-cadê minha mãe? - ela perguntou trêmula. 

- Venha, saía desse armário. Não vou deixar que ninguém te machuque. 

Ela olhou para mim, tentando identificar se eu estava falando a verdade. Assim que balancei a cabeça, ela saiu calmamente do armário, ainda amedrontada. Achei que ela iria sair correndo, mas não, a garotinha me abraçou e como extinto a peguei no colo. 

Observei o quanto Camila parecia inquieta, ela olhava para o nada e ficava balançando a perna enquanto estava sentada no sofá. Estava nevando de forma irritante, estavámos praticamente trancadas em casa por preguiça de que se agasalhar de forma exagerada para sair. Nós estavámos distantes, eu não conseguia olhar para Camila, ficava boa parte do dia a evitando. 

- Lauren, mas que inferno! - ela jogou uma caneca no chão. - Preste atenção em mim! Me fale o que está acontecendo, por favor. 

Olhei para ela, eu estava sentindo vergonha de mim. Senti meus olhos marejarem. Assim que a primeira lágrima escapou, Camila correu para me abraçar. Caminhamos até o sofá enquanto ela passava as mãos em minhas costas tentando me acalmar. 

- Calma, por favor, eu não queria ser grossa com você. É que você está tão calada... Meu amor, pode me falar o que tanto te aflinge. 

- Eu perdi o bebê, novamente. 

Voltei a chorar mais desesperada do que antes. Desde que chegamos no Canadá, já estavámos na nossa quinta tentativa de ter um filho. E eu sempre perdia o bebê. Camila não podia ter filhos, então, essa tarefa sobrou para mim. 

- Não se preocupa e também não se culpe. - Camila segurou meu rosto me fazendo olhar para ela. - Sabe por que? 

Balancei a cabeça negando. Ela esboçou um sorriso e limpou minhas lágrimas. 

- Teremos uma vida toda juntas, uma vida toda para tentarmos ter uma linda garotinha com a pele branquinha e olhos castanhos. 

Quando minha mente voltou, parando de viajar por essas memórias notei que a garotinha já estava em meu colo. Seus bracinhos magros estavam em volta de meu pescoço, me abraçando firmemente. Afaguei suas costas e fiquei mais calma assim que a vi se acalmar. 

- Como se chama meu amor? 

- E-eu não lembro. - ela falou em pânico. - E-eles entraram aqui na c-cozinha, pegaram a mamãe e o papai. Um deles bateu bem aqui. - a garotinha levou suas mãozinhas até a cabeça. - Titia voltou e me escondeu aqui, falando que eu estaria segura. 

- Como você sobreviveu todo esse tempo aqui? 

A garotinha apontou na direção da dispensa. No mínimo, ela deveria sair algumas vezes por dia para comer. Tentei me lembrar quando foi o último ataque para o palácio, fazia doze dias. E não resultou em nada além de alguns serviçais mortos. 

- Posso te levar pra conhecer uma amiga muito legal? - perguntei a colocando sentada no balcão. 

- E-ela vai me fazer mal? 

Sorri com a sua inocência. A garotinha se mantinha me olhando, fui até a dispensa e peguei um pacote de biscoito que tinha por lá, entreguei para ela que o abriu e comeu rápido. Pensei em como ela deveria estar sentindo fome. 

- Me chamo Lisa. - ela falou quando terminou de comer. 

- Quantos anos você tem? 

Lisa ergueu as mãozinhas, erguendo quatro dedos. Assim que ela terminou de comer, lavei suas mãos que haviam sido sujas de chocolate. Subi até o palácio, esperando encontrar Ally ou Normani. Para minha sorte encontrei Ally que segurava um folheto em mãos. 

- Quem é essa criança? - ela perguntou se ajoelhando para falar com a garotinha. - Lauren, leia isso. 

- Lisa, essa é Ally. Não precisa ter medo disso. 

Segurei o papel e logo o li, estavam organizando uma reunião para decidir quem iria governar o país. Para eles, todos os monarcas de linhagem pura estavam mortos e agora, precisavam de uma votação para decidir quem iria governar. 

- Você é uma princesa. A única nesse país, ou seja, os revolucionários iriam apoiar te ter a frente do país. 

Reparei em como aquele dia estava agitado, segurei o papel e o dobrei, para ficar melhor de segurar. Estiquei a mão para Lisa, que logo a segurou. Era estranho como em questão de minutos, aquela garotinha parecia já ter se acostumado comigo. 

- Ally, onde está o Troy? 

Olhei para Lisa que parecia bem mais calma, ela me observava sem entender sobre o que eu estava falando. Sua carinha confusa me fazia lembrar Camila, aquela garota me lembrava Camila, uma versão menor e ainda sem maiores problemas na vida. 

- Acho que Lisa quer descansar, Ally, algumas roupas antigas de Sofia ficaram por aqui teria como você a vestir com elas? 

Ally balançou a cabeça concordando, logo foi seguida por uma Lisa saltitante que parecia completamente diferente da garotinha que vi. Não entendi o porque de Ally não responder onde Troy estava, aquilo estava me dando ainda mais desespero. Quero tanto ter a minha Camila de volta para mim, ela iria gostar tanto de conhecer Lisa. 

E quem sabe, até mesmo me ajudar a cuidar dela. 

Um dia depois daquela conversa com Camila, sobre ter perdido o bebê. Acordei ouvindo ela abrindo a porta, Camila havia saído cedo e já fazia um bom tempo que ela estava na rua. Assim que ouvi seus passos vindos do primeiro andar, me sentei na cama esfregando os olhos preguiçosamente. A sensação de solidão ainda era presente. Mas tendo Camila ao meu lado, ela parecia ainda menor. 

- Lolo! - Camila gritou entrando no quarto. - Tenho um presente para você, na verdade para nós. 

Camila colocou uma cesta de piquenique em cima da cama, puxei o pano que estava por cima da cesta e me surpreendi assim que um filhote de labrador pulou em mim. 

- Esse é o Biscoito! - Camila exclamou animada. 

- Ele combinaria mais com Napoleão. - falei segurando o filhote agitado que pulava na cama. 

- Não não, Biscoito, ele parece um biscoito de mel e é amável. Napoleão não era amável. 

Segurei o filhote que se mantinha inquieto, ele espalhou lambidas pelo meu rosto. Estava animado por ter um novo lar. 

- Napoleão era inquieto. - respondi rindo. - E você é um filhotinho muito inquieto, não é Napoleão? 

Vi Camila bufar assim que o chamei daquele jeito, o cachorro saiu de meu colo indo até Camila para lambê-la também. 

Muitas memórias com Camila estavam me agoniando. Não sei o porque de agir dessa forma, afinal, logo logo, Troy iria encontrar ela e Dinah. E as duas voltariam para nós. Poderíamos até fugir se elas quisessem, viver em paz longe de tudo, sem maiores problemas. 

[NOTA: ok acho que estou louca pq era pra ser só um capítulo mas essas lembranças dos três anos que se passaram dessa temporada pra outra estão ocupando um bom espaço, então, VAMOS AO 42 e sim tô enrolando pra terminar pq gente nao quero nao consigooo] 

Royal Or Rebel IIWhere stories live. Discover now