Capítulo 17

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Não existe uma palavra para a sensação de entrar no portal e sair do mesmo, apenas é como se você parasse de existir por alguns segundos, dando de cara com sua rota predestinada logo depois

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Não existe uma palavra para a sensação de entrar no portal e sair do mesmo, apenas é como se você parasse de existir por alguns segundos, dando de cara com sua rota predestinada logo depois.

Olho na direção que Kai está ainda me segurando e percebo seu semblante mais leve como se sair dos muros feito pelo o penhasco da montanha fosse um peso retirado de si.

- Bom, princesa, agora estamos onde queria, o melhor lugar para ver as estrelas caindo é aqui na ponte dos desejos, poderá fazer um assim que elas começaram a cair, depois da meia noite. - Eu assinto me soltando dele, indo até o para peito da ponte.

Fico olhando para baixo onde o mesmo rio que apenas dá pra ver fragmentos dele no castelo, corre voraz.

- O que acha que eu deveria pedir? - Pergunto baixo demais para ouvidos humanos, o que não é o caso do pássaro negro ao meu lado.

- O que quer pedir? - Ele se aproxima de mim depositando uma mão em minhas costas na qual me afasto.

- Você quer mesmo a verdade? - Ele assente, dando fim a esse nosso jogo de perguntas sem respostas. - Quero pedir para sair desse lugar. - Kai me olha surpreso logo voltando ao rosto neutro que estava.

- Você será nossa futura rainha, você é a pessoa que esperamos por muito tempo. - Ele diz olhando para frente não para mim.

- Creio que vocês não esperavam alguém muito sã. - Ele nega com gesto de cabeça, mas não fala nada. - Eu nunca faria o que ele fez com aquelas pessoas, eu senti tanto medo que era maior que a minha raiva, eu não fiz nada, depois de saber que o primeiro a ser julgado era um pai de família, que tinha uma mulher cega que não podia ajudá-lo a trazer comida honesta para dentro de casa, eu não fiz nada... - Minha voz some, mas não choro minha covardia não merece tal coisa.

- Princesa Sky... - O interrompi com um gesto de mão.

- Não capitão, não tem nada que você me fale que me faça almejar esse trono corrupto para mim. - Digo lhe fitando nos olhos. - Por que não esperamos o cair das estrelas calados, hum? - Ele assentiu voltando a olhar para frente.

Depois de alguns minutos a tão esperada hora acontece, o que no mundo humano nós chamamos de chuvas de meteoros banha o céu. Eu nunca havia visto uma assim tão nítida e brilhante, tenho certeza de que meus olhos estão iguais.

- É lindo, não é? - Kai pergunta quebrando o silêncio em que estávamos, eu assisto achando cada gota brilhosa do céu mágica. - Já fez o seu pedido? - Nego ainda sem falar nada.

Eu não sei se o que quer que seja o meu desejo será atendido. O meu sentimento agora é que tudo está perdido para mim, não sinto esperança para me livre deste lugar.

- Não quero que odeie esse lugar, nós lutamos muito, não para só conquistá-lo, mas também para termos a paz que temos hoje. - Olha na direção dele que parece prestes a transbordar em agonia. - Quando eu digo nós, não estou falando de mim, do seu pai, mas dos povos que vivem aqui muito antes de pensarmos em nascer, dos que foram expulsos do mundo humano quando queriam apenas uma boa convivência. Não renegue o lugar que se tornou o lar dos nossos ancestrais. - Kai fala me mostrando uma pequena luz que ainda não tinha reparado.

- Se eu me tornar rainha promete me ajudar acabar com essa política do medo, mesmo que eu seja deposta uma semana depois? - Minha voz sai calma quase gentil o que me surpreende.

- Desde que eu seja o rei. - Kai fala me fazendo rir alto. - Estou falando sério, não quero que se case com o príncipe Uriah. - Ele me segura me fazendo fixá-lo.

- Nem se estivesse realmente louca como todos esperam que eu fique um dia, eu me casaria com aquele desgraçado. - Minha voz sai firme.

- E comigo? - Ele parece esperançoso ao perguntar me deixando levemente confusa.

- Não foi você mesmo que me disse que nunca se sentiria atraído por mim? - Kai me olha com a mesma surpresa de sempre. - Posso ser um poço de insegurança, mas não me casaria com alguém que não tem o mínimo de consideração comigo, aliás não saio beijando as pessoas por aí depois que me torno um possível pretende. - Minha voz sai áspera, por um momento vejo mágoa nos olhos do capitão, mas que logo é substituída pelo que se parece raiva.

- Não fale como se não tivesse gostado de me beijar, se eu me lembro bem você retribuiu antes de surtar. - Sua voz sai como navalhas que tentam me cortar, mas de nada adianta pois não existe lugar em meu corpo para tal coisa.

- O que quer que eu diga? Que eu negue, que comece a lhe xingar por estar sendo um tremendo babaca? Por Deus capitão, eu nem tenho ânimo para isso, mas se quer saber já beijei bocas melhores. - A última parte é completamente mentira, a única pessoa que beijei foi o meu namoradinho da escola.

- Não acredito em você. - Kai diz se aproximando de mim, dou alguns passos para trás me chocando levemente contra a mureta da ponte com ele logo a minha frente.

- Então não acredite. - É o que consigo dizer com ele tão próximo de mim, tão perto que consigo sentir seu cheiro.

- Não acredito mesmo, porque se fosse verdade você não estaria tão vermelha apenas com uma aproximação minha. - Ele sorriu de lado se afastando de mim.

Bem-feito Blue, quem manda ser tão afetada por esse idiota sem compaixão, penso.

- Acho que está em tempo de irmos, já passei horas suficiente olhando para esse seu rosto estúpido. - Saio andando mesmo sem saber para onde ir.

Sou segurada pelo o pulso por Kai que me olha como se estivesse acabado de vencer uma guerra, mal sabe ele que foi apenas uma batalha.

- É por ali vossa alteza. - Ele me aponta o lado oposto em que eu estava indo, me deixando envergonhado, mas não deixo transparecer me soltando voltando a andar para o lugar que o mesmo indicou.

Nós entramos em um portal de uma árvore que parecia secreto. Ele fez questão de me fazer sentir envergonhada por estar indo supostamente para direção errada depois de dar uma volta ir para direção que eu estava indo, patético.

Saímos novamente em seu quarto especificamente de dentro do armário, soa um pouco engraçado o que me faz rir soprado com o pensamento.

- Do que estar rindo? - Kai pergunta olhando para mim como se eu estivesse com uma cabeça a mais sobre o pescoço.

- Tenha a certeza de que não é porque me fez achar que estava indo para lado errado. - Ele me olha surpreso como se achasse que não possuía de tamanha inteligência para perceber. - Obrigada por ter me tirado desse castelo pelo menos por algumas horas, vou para o meu quarto, tenha um boa noite capitão. - Tento parecer o mais grata possível, mesmo estando verdadeiramente, meu humor quase não deixa que eu mostre.

Antes que saia do quarto dele sou impedida pelo mesmo que me segura pelo antebraço.

- Eu não queria tornar a sua noite pior do que já estava. - Ele diz parecendo sincero.

- Lhe garanto que nossas discussões bobas foram nada em comparação ao que aquele idiota tentou fazer. - Respiro fundo me soltando dele. - Eu estou realmente grata por ter me ajudado, e por ter me lavado para ver o cair das estrelas, mas não quer dizer que vou me tornar sua amiga, ou seja, lá o que acha que quero ser sua, até amanhã capitão. - Saio do seu quarto praticamente correndo com medo da possibilidade de ele vir atrás de mim.

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Obrigada 💜

Obrigada 💜

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Pássaros negros: A Filha Do Rei 👑Where stories live. Discover now