POV: Anna
- B-Bertrand?
Cacete.
Como esse homem entrou aqui?
Como subiu sem passar pela portaria, sem ser anunciado?
Caralho.
O francês está firmemente abraçado a mim, dizendo coisas em meu ouvido que nem consigo distinguir o que sejam pelo grau de surpresa que me assalta – seu hálito quente entra pelo meu ouvido, e posso sentir o pulsar de seu coração na minha pele.
Ele enfim se desgruda e segura meu rosto com as duas mãos, falando muito próximo:
- Je suis content de te voir, chaud. Cela fait si longtemps depuis la dernière fois...
Engulo a seco.
Esse é o momento, irmãos, em que deveria me ajoelhar no chão e agradecer a todos os deuses do universo por Jeffrey não compreender francês – mas me limitei a rir, extremamente sem graça, e tirar as mãos de Bertrand de meu rosto, respondendo em inglês:
- Que surpresa, Bertrand! Nem sabia que estava aqui nos Estados Unidos... Não fomos avisados de sua chegada.
- Estou retomando minhas atividades depois que aquele... fils de pute, foi preso...
- Fico feliz que tenha vindo – digo, puxando-o em direção à sala – venha, deixe-me te apresentar uma pessoa. Bertrand, este aqui é Jeffrey Dean Morgan, meu namorado. Pai do Blue. Jeffrey, esse aqui é Bertrand Delacroix. Um velho amigo.
Olho para Jeff pela primeira vez desde que Bertrand chegou, e devo dizer que sua expressão não é das melhores – é algo situado ali entre "que porra é essa que tá acontecendo?" e "vou voar no pescoço desse cara".
O recém chegado fica uma fração se segundo sem reagir; e, por fim, sorri.
POV: Jeffrey
Estou fervendo.
Bertrand.
O ex namorado.
Puta que pariu, a porra do ex namorado francês.
Quantos mais ainda viriam?
Ele PEGOU nela, a APERTOU, disse segredinhos em seu ouvido bem aqui, na minha frente. Nem vou contabilizar o que fizeram juntos nos anos anteriores.
Muito, muito, MUITO íntimo.
Queria eu ter o espírito elevado para ver tudo isso com um sarcasmo benevolente e mente arejada; afinal, é muito natural que a sua mulher tenha tido outros relacionamentos.
Mas estou me mordendo de ciúmes.
Anna se desvencilha do chato grudento e o puxa em minha direção, apresentando-me como namorado, e pai do Blue.
Depois de ficar momentaneamente sem reação, o cara sorri (aquele sorriso insuportável de AVC, com o canto dos lábios), e diz, com um inglês carregado de sotaque:
- Veja só... Vim para rever uma velha amiga e encontro um astro da televisão. Não tinha como essa noite ser melhor! Muito prazer, Sr. Morgan. Sou um admirador de seu trabalho.
Aperto a mão sua mão estendida e dou um sorriso forçado.
- O prazer é meu, Sr. Delacroix.
- Oh, mas por favor, pode me chamar de Bertrand ou de Bert... Estamos entre amigos – diz ele, se sentando no sofá.
Hum.
O desconforto é quase palpável, mas me sento e Anna fica absolutamente grudada em mim, o corpo apoiado no meu, a mão entrelaçada à minha.
YOU ARE READING
MISS MADEMOISELLE
General FictionAnna e Jeffrey - ela brasileira, ele americano - vivem suas histórias individuais, as frustrações, as realizações e como encontraram um no outro formas diferentes de ver a vida - e amar. Organizei um perfil no Instagram onde vocês podem conhecer mel...