PLANOS

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         POV: Felipe

Talvez possa parecer uma besteira para o terapeuta, para o padre com quem eu me confesso, ou para meu pai.

Mas para mim, não é.

Não faz sentido ela escolher ficar com aquele homem. Até ele aparecer, estava tudo bem entre mim e Anna. Somos sócios, temos uma parceria perfeita, um sexo inacreditavelmente bom... E ela resolve me trocar por um velho com quem já não tinha dado certo há anos. Por que imagina que darão certo desta vez?

Não sou nenhum idiota. Me dissera que está envolvida com "outra pessoa", mas desde que Morgan pisou em sua frente depois de todos aqueles anos, já saquei que ficou mexida – o que é muito natural, já que é pai do filho dela, e fora sua paixonite de adolescente deslumbrada.

Quando Anna contou a ele que Blue é filho dos dois, Morgan a tratou como uma cachorra, e então passou aquela noite infernal chorando em meus braços, se lamentando de sua burrice e da forma como fora tratada. E lhe dei o que sempre me dispus a dar: consolo afetivo e sexual, dando sempre mais do que costumava receber.

Imaginei que sua raiva fosse o suficiente para afastá-lo dela, e exultei quando soube da discussão entre os dois no jóquei – pelo menos, até a volta do evento em que fui ao seu apartamento para comemorarmos a minha vitória.

Então, percebi algo errado.

Anna entrara no banho logo depois que terminei. Deu aquela desculpa esfarrapada sobre hemorragia (na qual acreditei, no início), se deitou e dormiu, depois de receber a massagem que, penalizado, lhe dera.

Se não tivesse acordado de madrugada para tirar uma água do joelho, minha ficha jamais teria caído.

As roupas que Anna havia tirado estavam amontoadas perto do lavabo, em um canto da parede. Se eu não tivesse derrubado o suporte de escovas, jamais teria reparado nesse fato.

Provavelmente, as havia esquecido ali, já que costuma guardar as peças usadas em um cesto, que depois é recolhido e levado à lavanderia.

O vestido preto, e a calcinha tipo string, de renda negra, jogada por cima.

Quando peguei as roupas para jogá-las no cesto, senti aquele cheiro. Tinha um perfume diferente, e, até aí, nada demais – já que ela havia acabado de vir de um evento social, e provavelmente havia abraçado inúmeras pessoas. Mas, como se a suprema humilhação de levar a peça íntima dela ao rosto não fosse o suficiente, senti ali um cheiro que conheço bem.

Ela havia arrancado a calcinha e jogado no chão, por cima do vestido, o elástico enrolado ordinariamente nas rendas da peça. Quando senti aquele cheiro pavoroso de esperma, fui atinar para as manchas que havia no tecido.

Fiquei enojado de revolta e ódio. Com vontade de apertar o pescoço dela até que não respirasse mais, e que não restasse mais nada daquela vagabunda que não fosse seu despojo nojento e fedido, certamente exausta de se arrastar pelos estábulos com aquele mequetrefe.

A minha raiva é que tenha sido com ele.

Nesses dois anos em que estou com Anna (e ela jamais quis assumir nada), relevei os casos que teve, pois sempre voltava. Sei da humilhação que isso representa, mas não estou aqui para me lamentar sobre isso.

Devo assumir que existe um risco em potencial, desta vez.

Porque ele voltou.

Ele voltou, Anna o recebeu.

Depois der tê-lo recebido, me dispensou.

Como um lixo.

Me dispensou de sua vida, e só não me enxotou de nossa sociedade porque não quer ser obrigada a pagar a multa de rescisão contratual.

Eu tenho adoração por essa mulher, mas vamos combinar, que piranha nojenta... Sempre tratando os outros como trastes dispensáveis.

Sempre foi assim.

Foi assim com aquele marchand do Louvre, com Toni Beaufort (que Satanás o tenha), e com vários outros – mesmo com Jeffrey, que foi preterido até na criação do próprio filho. Só que... Ela o quis de volta.

Até o momento em que eu pensava que era só um fogo na palha, relevei. Afinal, todo mundo está sujeito a uma recaída...

Mas daí, veio me dizer que tem "outra pessoa", e isso nunca tinha ocorrido antes.

Preciso dar um jeito de afastá-los.

Ele não pode dar-lhe um futuro como merece; eu, posso.

Podemos viver juntos e felizes... Se ele sair do caminho.

 Se ele sair do caminho

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E agora?

Quais serão os planos de Felipe?

Ele parece bem mais perigoso do que um Harry das antigas, ou um Augusto, ou um Toni...

Aguarde os próximos lances!

MISS MADEMOISELLETempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang