CRUSH

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POV: Anna

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POV: Anna

Pelo que fiquei sabendo, correu tudo bem entre Blue e Jeffrey. Não consegui arrancar maiores informações, mas eles se entrosaram legal... Fizeram gouter juntos, assistiram filme juntos, riram e conversaram até praticamente dormir um no ombro do outro. Jeffrey ainda está lá, e Blue é de um otimismo conciso estarrecedor: "Se acalma, mãe, vai dar tudo certo. Ele não te odeia".

"Ele não te odeia".

Bem, a essa altura do campeonato, isso não faz tanta diferença. Fico satisfeita de Blue ter se dado bem com o pai, e de ambos estarem se entendendo, mas não tenho pretensões quanto ao Sr. Morgan. Na verdade, por mais que tenha havido aquele calor sufocante da paixão há vinte anos, atualmente não consigo entender aquele arroubo todo. Coisas de jovem afeiçoada a figuras paternais, aquela coisa meio cringe, como dizem hoje em dia – talvez, imagino eu, tenha acontecido a mesma coisa com a ex-mulher dele. Coisas da vida... Alguns aprendem apanhando, outros aprendem fugindo do tapa.

Da cobertura posso admirar a extensão interminável do horizonte para além de toda a realidade fria da grande metrópole. Aqui dentro, está quente.

Felipe está deitado na cama, ainda adormecido. Uma parte do belo corpo está coberto com o lençol, e ele foi perspicaz de colocar na cara o travesseiro, pois sabe de meu costume de abrir as persianas logo antes do amanhecer. Ele tem 32 anos, seis a menos que eu, portanto; é advogado, um jovem herdeiro influente, metade americano e metade brasileiro, que eu conheci em um dos inúmeros eventos do jet set em que palestrei sobre moda e psicologia (sim, a moda segue os padrões psicológicos de certas épocas, e o mercado precisa ficar nisso).

Engraçado, antes eu tinha certa vergonha das futilidades que o dinheiro proporciona, mas passando perrengue na vida, aprendi a gozar dos prós e a aprender com os contras. Com o dinheiro, posso me ajudar e ajudar muitas pessoas. Sem ele, não podia quase nada. Apenas tomo o cuidado de não deixá-lo me dominar e ao meu filho; não dá para confiar em deixar uma situação financeira tomar conta de você e ponto de dominá-lo.

Mas, voltando ao Felipe, ele é um crush que acabou virando uma espécie de ficante fixo. Ele diz "namorado", mas acho forçado demais; jamais assumi nada nesses anos todos.

Tive muitos casos, é verdade... mas nunca mais deixei que as paixões tomassem conta de mim. Sempre as trato como uma coceira a ser tratada ali, na hora, e não pra ficar coçando todo dia – o que acaba machucando, ferindo a pele. Me permiti, então, ter algumas relações de amizade com benefícios, ou mesmo relações de uma noite só. Não tenho tempo de ficar "curtindo" homens. E meu único amor, por quem eu me dedico verdadeiramente, é Blue.

Felipe é um cara legal, mas acabou se apegando. O considero um amigo muito querido; ele se considera algo mais. Todavia, jamais escondi dele que não tenho a mínima vontade de assumir um relacionamento; ele, a contragosto, aceita, e a gente vai levando.

MISS MADEMOISELLEWhere stories live. Discover now