CAPÍTULO X - HARRY

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POV: Harry

- Bem, isso não é da sua conta – Anna respondeu (gritou), jogando meu material no chão da biblioteca ao mesmo tempo em que eu era fuzilado pelos olhares dos alunos que estavam por ali.

Não é da minha conta, querida. Ainda. Mas logo vai ser.

Devo reconhecer que fui idiota, impulsivo, agi com raiva.

Não é assim que vou conseguir Anna para mim, definitivamente...

A minha sorte é que ela é uma garota legal e vai me perdoar se eu me mostrar arrependido.

Não tem como o romance dela com aquele panaca dar certo. Mesmo com raiva, eu entendo que ela, como qualquer garota da sua idade, deve achar o máximo transar com aquele cretino só porque ele tem fama... Essas garotas todas querem só se aparecer.

Mesmo porque, mais bonito que eu, ele não é. Mais jovem que eu, ele não é. Eu posso oferecer mais coisas a ela que ele. Sou rico, sou jovem. A fama dele vai durar até quando?

Ah, tudo bem, devem estar me achando um babaca por falar essas coisas; mas sejam realistas, eu não estou mentindo.

Ainda não mencionei o fato de que o filho da puta parece mais pai dela do que namorado. Os dois formam um casal incoerentemente ridículo, e pra mim, parece uma aberração ver os dois se agarrando ou andando de mãos dadas (e ainda imaginem fazendo outras coisas). Eu preciso livrar Anna desse cara. Eu preciso trazê-la pra mim.

Às vezes, quando saio para treinar com o time, corto caminho pela rua defronte à casa do professor Munir e estaciono em algum local escondido, para vê-la com os binóculos... Vejo-a chegando da universidade; à tarde, tomando sol na piscina, o belo corpo bronzeado estendido sobre a espreguiçadeira, o biquíni tapando de mim a visão que só aquele idiota pode ter.

Eu disse que passo às vezes? Sim, porque quando aquele cretino está por ali, eu procuro evitar, para o bem do meu estômago. Já tive a infelicidade de passar sorrateiramente por ali e ver os dois juntos, agarrados um ao outro, parecendo dois imãs de pólos diferentes. Eu sinto raiva por imaginar coisas entre os dois, e me sinto ainda pior sabendo que ela prefere ficar com aquele caipira a ficar comigo.

Se-attle. See-attle. Um caipira de Seattle, com sotaque grudento e arrastado do Seattle, uma cara de bocó do Seattle. Um caçador de recompensas do Seattle. Um gold digger do Seattle, as sobrancelhas grossas e o sorriso meio sonso despejando uma verborragia infinita na mocinha do filme, com aquele olhar de peixe morto.

Eu sei dessas coisas porque, ora bolas, preciso estudar meu inimigo. Assisti filmes dele. Pesquisei sobre ele. É chato admitir que não chega a ser um mau ator - mas fala sério, tá longe de conseguir fazer algum sucesso. Tem carisma, o que é o máximo pra um cara como ele. Soube também que já foi casado por alguns anos, já pegou uma porrada de mulheres – até aí tudo bem, ele come quem ele quiser, mas longe de mim.

E de Anna.

Ela ainda está com ele, mas por não muito tempo, eu garanto...

Essa semana toda eu pude passar pela casa e vê-la sem que ela soubesse, porque o canastrão estava gravando cenas em uma locação. Na piscina, às vezes eu a via dormindo, ou lendo, ou conversando com Munir quando ele não ia para alguma orientação.

Numa quinta-feira, fugindo da programação normal, ela chegou na Universidade no carro de Dolly. Chegaram tipo uma meia hora mais cedo, e eu resolvi que era um bom momento para tentar me reaproximar dela...

Pela cara com que ela me olhou quando me aproximei (próximo à cantina, onde ela aguardava Dolly em uma mesa enquanto a outra se debruçava sobre o balcão pedindo milhões de coisas) ela ainda parecia irritada comigo, de modo que cheguei em minha versão mais arrependida possível:

MISS MADEMOISELLEOù les histoires vivent. Découvrez maintenant