CAPÍTULO XIV - PROPOSTA

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POV: Munir

Meus dois pombinhos chegaram em casa às 21:00 do domingo. Paul já havia ido embora... Mas tenho certeza que nós quatro conseguimos exatamente o que queríamos desse final e começo de semana.

Jeff e Anna estão mais grudados do que o normal, trocando carinhos a todo momento, cochichando coisas no ouvido um do outro. Formam um casal visualmente inusitado, mas bonito. É visível a tamanha atração que exercem mutuamente entre si, e o afeto que têm cultivado nesses últimos meses.

Às portas de estrear a série que havia gravado, Jeffrey recebeu a notícia de que iria ser um dos protagonistas de uma nova série sobre caçadores de bruxas – mais um resultado dos tantos testes que havia feito. Anna ficou exultante e pulava nos braços dele, ambos rindo e comemorando a nova notícia. A garota, por sua vez, havia acatado minha sugestão e enviara uma carta de apresentação, um portfólio e seu projeto para um programa de graduação e pós-graduação no exterior. Aguardemos.

A manhã da segunda-feira surpreendeu os dois quase como uma pancada – acordaram atrasados, Jeff para assinar seus contratos, e ela para suas aulas matinais. Dá para imaginar o porquê do atraso. Saíram rindo, abraçados, pela porta da sala, me soprando um "tchau" animado quando já haviam alcançado a passarela frontal. Ela, linda e fresca em sua roupa transada, abraçada à sua mochila; ele, rescendendo a perfume amadeirado, a pele do rosto recém barbeada, exultando júbilo.

Eu fui à minha orientação programada na universidade – haviam orientandos meus me esperando para tomar suas respectivas broncas sobre prazos e metodologias -, depois passei pelo studio de Paul para devolver algumas peças. Passei em um supermercado para comprar alguns itens para o jantar e então embarquei no velho Cuda rumo à casa.

Adentrei a garagem e vi a scooter de Anna, mas a moto de Jeffrey não estava lá.

- Anna? – eu chamo, assim que entro em casa, largando as sacolas de compras sobre a bancada da cozinha – Cheguei!

- Estou aqui, Munir – ouço a voz dela chamar, ao longe – Estou no banheiro aqui fora. Venha.

Vou até lá e encontro Anna sentada sobre o vaso sanitário, as calcinhas arriadas até os tornozelos e a cabeça também – é, você leu direito, ela estava COM A CABEÇA QUASE EM CIMA DOS PÉS, os cabelos como um tapete cobrindo as unhas pintadas de vermelho, os braços pendendo.

- Anna, o que significa isso, criatura? Algum movimento de balé que eu não conheço?

- Muniirrrr... – ela diz, a voz abafada. – Não estou me sentindo bem... Pelo amor de Deus, me ajuda!

- Está tentando estimular seu intestino? – eu pergunto, já sabendo que ela estava simplesmente zoando com a minha cara.

- Não faço número 2 de porta aberta – ela responde, levantando o tronco, os cabelos caindo na cara – só estou tentando mijar e não conseguindo.

Ahhhh, já vi tudo.

- Entendi – respondo – e você também já deve ter entendido, não, mocinha? Você com certeza deve saber do que se trata...

- Eu sei, mas é que eu sou uma idiota.

- Bem, eu acho que você já está sofrendo o suficiente para eu ficar aqui dando sermão, mas sempre é válido repetir: se hidrate sempre, e procure mijar depois de dar suas trepadas com o seu galã da Lionsgate.

- Munir!

- Por falar nisso – eu digo, ignorando sua admoestação – onde está ele?

- Foi comprar um antibiótico para mim.

MISS MADEMOISELLEWhere stories live. Discover now