[15] A chama que nunca se apaga

Começar do início
                                    

Inferno.

Me sinto um idiota por ainda pensar nele quando o mesmo nem deve mais se lembrar da minha existência. Ele foi tão frio planejando todo um plano para me esquecer de vez que olha só, parece que deu certo, estamos separados pelo globo.

Pode soar peculiar o que irei dizer, porém, a única noite que tivemos juntos foi o suficiente para me marcar, foi épico.

Nunca gostei de coisas rasas, romances álgidos ou toques esquecíveis, e Jungkook pareceu ter desvendado isso muito fácil, porque tudo com ele foi intenso demais, e eu adorei cada momento, cada olhar, cada pegada, cada beijo, cada segundo do lado dele, quando comecei a conhecê-lo de verdade.

Poderíamos ter tido algo, tivemos um bom começo, só que agora tudo que consigo sentir é ressentimento e saudade de xingar ele, de provocá-lo, me irritar com suas ordens e de tê-lo por perto de segunda a sexta.

Entretanto, persistir pensando nele não ajudaria esquecer, por isso decidi afastar de vez aqueles pensamentos e calcei minha pantufa amarela, indo até a cortina cinza que pendia ao chão e a abri, deixando a claridade da manhã adentrar o quarto.

Olhei para o chão e sorri ao ver Yoongi dormindo com o corpo quase todo para fora do colchão em uma posição que fazia questionar seriamente se estava ou não confortável. Já Taehyung, estava embrulhado até a cabeça e dormindo de lado arrumadinho e quietinho. Enfim, o contraste.

Meu apartamento havia se tornado praticamente deles também, pois viviam dormindo aqui. Nunca me imaginei dizendo isso, mas éramos amigos inseparáveis. Trabalhamos juntos, saímos juntos, dormimos - às vezes - juntos. Um grude só.

Quem vê nem pensa que no ensino médio eu tinha pavor de amigos pegajosos, que grudam em você que nem carrapato, e se bobear não desgruda nem na hora do banho. O Park Jimin daquela época teria um arrepio só de pensar nisso, mas o de hoje anseia sempre por mais noites nossas juntinhos.

Eu ando meio brega ultimamente, deve ser a convivência com Tae, certeza.

Tratei de tomar meu banho da manhã e fazer todo o processo demorado de me ajeitar, porque sou muito indeciso para escolher uma roupa, maleta e acessórios. Fazia pouco tempo que tinha adquirido a mania de usar anéis de variados tamanhos nas mãos, porém, esteticamente, dão um brilho no visual, e se tem algo que eu gosto, é brilhar.

Faltava uma hora para dar o horário de ir trabalhar e os dois mosqueteiros não acordavam por nada. Eu nunca acordei ninguém, e a única referência que tenho é da minha mãe, mas acredito que não vai ser nada legal acordar eles batendo uma panela ou gritando. Foi aí que tive uma solução esplêndida!

Catei meu celular na cômoda e procurei pelo aplicativo a música da Barbie que vi eles dançarem semanas atrás na minha sala. Sorri arteiro e conectei o bluetooth na caixinha de som vermelha que tinha e coloquei entre os colchões, onde os dois dormiam tranquilamente. Creio não precisar dizer qual foi o próximo passo, não é?

Me debrucei na beirada da cama e fui curtindo a música "Aqui Estou" desde o início, até que é boazinha, e no volume máximo. Timão e Pumba ainda ressonavam baixinho com um sorrisinho de quem estava tendo um sono incrível.

Comecei a estranhar a chegada do refrão e nada deles acordarem. Estou começando achar que o tal do sono pesado é real.

— Acordem, caralho. — resmunguei.

Inconformado com aquilo, sobressaltei da cama e me agachei entre os colchões colocando a caixinha pertinho, e olha, foi uma ideia perfeita.

Ou nem tanto assim...

— QUE PORRA É ESSA?! — Yoongi sentou de supetão e de vistas exorbitantemente assustadas, varrendo cada canto do quarto até parar os olhos em mim agachado segurando uma caixinha de som vermelha e um riso frouxo amarelado no rosto.

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