XXII - O Filhote (Secreto?) de Miguel Novak

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O clima estava tenso no apartamento dos Novak. Já fazia algum tempo que Miguel saiu correndo em resposta ao telefonema que tinha recebido. Todos ali ficaram preocupados. Pois o cheiro do alfa em um instante passou de felicidade para medo. Castiel andava de um lado para outro agoniado por falta de notícias do irmão. Dean estava sentado no sofá mexendo nos fios castanhos da cabeça do irmão, que estava deitado em seu colo, adormecido.

Devido ao seu estado sensível por causa da gravidez, Sam ficou muito nervoso com a saída tempestuosa de Miguel e o mais novo estava preocupado com o seu alfa. Só após muita insistência é que Sam se acalmou, aceitando os carinhos do irmão, que tentou a todo custo acalmá-lo, pegando no sono logo em seguida. O loiro também tentava acalmar Castiel, mas o ômega não lhe dava ouvidos. E Dean ficou aflito, pois tanta preocupação por parte do moreno poderia fazer mal ao filhote que estava esperando.

Dean já estava quase se oferecendo para tentar ir atrás de Miguel, quando a porta do apartamento é aberta, e o alfa moreno entra carregando um rapaz em seus braços. O alfa loiro já tinha sentido o cheiro de Miguel e um cheiro diferente junto com o dele, assim como o cheiro característico de sangue. Mas ele ficou preocupado ao ver o estado do alfa e do rapaz que estava com ele.

Sam, percebendo a mudança no cheiro do irmão e sentindo o cheiro de seu alfa, acorda e se assusta ao ver o estado do seu amado. Suas roupas estavam rasgadas, revelando alguns cortes e hematomas por todo o tórax do mais velho, o rosto um pouco inchado, sua calça estava rasgada em vários pontos, com feridas sendo reveladas em cada parte do tecido rasgado. Algumas já estavam com o sangue seco, mas em outras ainda havia um leve sangramento. Mas o que mais assustou Sam foi ver o estado do rapaz em seus braços. Cheio de cortes, alguns já secos e outros ainda com um pouco de sangramento, hematomas por todo o corpo e sua face estava com um olho arroxeado. Ele estava adormecido, mas as caretas que ele fazia durante o seu sono, denunciava que ele estava sentindo muita dor.

O Winchester mais novo reparou que o que estava acalmando era o cheiro de Miguel, e ele também viu que o rapaz segurava a camisa do mais velho como se a vida dele dependesse do alfa. Isso, somado ao seu estado sensível, o fez sentir um ciúme sem igual do seu alfa.

Quem era aquele rapaz que tinha tanta intimidade assim com seu alfa? Mas o que mais deixou Sam revoltado foi quando em seu sono, o rapaz fala uma simples palavra, se agarrando ainda mais no alfa moreno:

- Pai... - A palavra daí balbuciar, pois o rapaz estava delirando por causa dos ferimentos.

Se isso já não era estranho, Sam sentiu uma decepção enorme tomar conta de si ao ver que o moreno não corrigiu o rapaz e simplesmente sorriu com ternura para o mesmo.

Percebendo a mudança de humor e cheiro do irmão, Dean leva Sam até o sofá e o faz sentar ao seu lado, enquanto Miguel pedia licença e ia o mais rápido possível para o seu quarto, cuidar do rapaz. Antes ele fez um sinal a Cas para ficar junto de Dean e Sam, que logo ele voltaria. Assentindo, o mais novo senta-se do outro lado do alfa loiro, encostando a cabeça em seu ombro.

Antes de entrar em seu quarto, Miguel se dirige a Dean:

- Dean, sei que vocês têm muitas perguntas e eu prometo que vou respondê-las. Eu só peço que deixem eu cuidar do meu menino e logo volto para conversarmos.

O alfa loiro apenas assente com um gesto de cabeça, estranhando aquele "meu menino" e Miguel entra em seu quarto.

A sós ali na sala, Sam que estava chorando baixinho, se dirige a Cas:

- Cas... é realmente verdade? - A voz do épsilon estava carregada de dor e tristeza. - Esse rapaz é filhote do Miguel?

- Sam... É verdade sim. - O moreno fala, escolhendo as próximas palavras com cuidado. - Mas não é o que você está pensando. Tem uma explicação para isso.

- Uma explicação, Cas? - O mais novo estava revoltado. - Que ele já tinha um filhote e nem me falou?

- Sammy, calma! - Dean pediu, preocupado com o irmão. - Se o Cas diz que tem uma explicação, vamos esperar o Miguel e esclarecer tudo. Não vamos tomar decisões precipitadas, maninho. E leve em consideração que você não pode se alterar, Sam. Pode fazer mal ao meu sobrinho.

Meio que contrariado, Sam se joga novamente nos braços de Dean, que recomeça os carinhos no irmão para tentar acalmá-lo. Dean respira fundo, tentando ele mesmo se acalmar, pois o que quer que Miguel tinha para conversar com eles, teria que ser uma explicação no mínimo aceitável para o justificar o sofrimento que seu irmãozinho estava passando naquele momento.

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Não passou despercebido a Miguel o cheiro de decepção que vinha de Sam. Isso estava cortando o coração do alfa mais velho e ele ia explicar tudo para o seu amado, mas primeiro ele precisava cuidar do seu filhote. Gentilmente ele o coloca deitado em cima da cama e começa a tirar as roupas rasgadas que o menor usava. A cada parte da pele do rapaz que ia se revelando, Miguel sofria e sentia raiva, pois estava sendo raro encontrar uma parte do corpo do menor que não estava ferida ou machucada.

Assim que terminou de despí-lo, Miguel o pega novamente no colo e o leva até o banheiro, aonde o alfa moreno já tinha deixado a banheira para encher. Depositando com cuidado o corpo do filhote na banheira, Miguel começa com todo o cuidado a limpar seu corpo da sujeira e das feridas que lhe foram infligidas. Os olhos do alfa moreno embargam cada vez que ele passa a esponja de banho sobre algum ponto machucado e o menor geme de dor e pelo fato do seu filhote não soltar sua mão, a apertando forte durante todo o banho que Miguel lhe deu, como se o maior fosse abandoná-lo a qualquer momento.

Se obrigando a ser forte por ele, Miguel termina aquela árdua tarefa e após secá-lo com uma toalha macia, o leva até o quarto, onde ele veste o garoto com um dos seus shorts e o coloca em sua cama, o cobrindo depois com um fino lençol. Ele se permitiu observar um pouco o filhote ali, dormindo quase que serenamente, não fosse uma ou outra careta de dor. Malditos sejam aqueles filhos da mãe, pensa o mais velho lembrando dos malfeitores e o desespero, dor e angústia que seu filhote deve ter sentido nas mãos asquerosas deles.

Bom, mas agora o seu filhote estava a salvo ali com ele, que o protegeria com unhas e dentes e ele acreditava que após saber a verdade Sam e Dean também iam protegê-lo pois eles agora eram uma família. Sentindo-se cansado, o maior volta para o banheiro, onde ele toma um rápido banho, faz a limpeza de suas feridas, veste uma roupa confortável e dando uma última olhada em seu filhote, ele se dirige de volta até a sala, para dar algumas explicações a um certo alfa-épsilon que devia estar muito bravo.

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Dean tinha Castiel de um lado com o rosto encostado na curva do pescoço do loiro e do outro Sam, que tinha novamente adormecido com a cabeça no colo do irmão, seus olhos inchados o denunciando que tinha chorado. O alfa loiro repassava tudo o que aconteceu nas últimas horas em sua mente. Ele esperava que Miguel tivesse uma boa explicação para acalmar seu irmão, visto que agora ele estava em uma condição que merecia total atenção dos alfas da sua vida, ele e principalmente Miguel, com quem o mais novo ia ter um filhote.

Distraído, mexendo nos cabelos do irmão e sentindo o doce aroma do cheiro de Cas, ele demora até perceber que o alfa tinha voltado a sala. Analisando melhor o fisionomia do mais velho, Dean percebe que a maioria dos ferimentos que Miguel tinha sofrido eram superficiais, destacando-se apenas um ligeiro corte ao lado dos seus lábios, que já começava a se desinchar. Os hematomas em seu tórax ainda eram visíveis, visto que o moreno estava sem camisa, mas ele deve ter se medicado, pois a coloração arroxeada dos ferimentos começavam a ficar mais claras, porém deviam ainda estar doendo pois a cada respirada, Miguel soltava um quase imperceptível gemido.

O alfa loiro prendeu o fôlego quando o mais velho veio até a direção deles e pegou delicadamente Sam no colo, o levando a ficar junto dele no outro sofá, de frente para Dean. Percebendo que não estava mais perto do irmão, Sam abre os olhos e se depara com Miguel, o olhando de maneira terna. Se não fosse o semblante derrotado do seu alfa, o mais novo o teria rechaçado na hora, mas Sam o amava demais e graças ao elo entre eles, ele podia sentir também o amor que o mais velho tinha por ele, assim como a recém tristeza que havia se apossado do maior. E vê-lo com aquele semblante triste e derrotado, fez sumir do alfa-épsilon todo e qualquer sentimento de raiva e decepção.

Sam se ajeitou melhor no colo do seu alfa e passou a contornar aquele belo rosto com seus dedos. Miguel que naquele momento precisava disso, apenas fecha os olhos, aproveitando o momento. Os dedos de Sam contornavam a área dos olhos do alfa moreno, passando logo em seguida pelo nariz e bochechas até chegarem delicadamente nos lábios do mais velho. Nesse momento, Miguel abre seus olhos e encara Sam, que sente seu coração apertar, pois os antes olhos verdes luminosos, agora estavam quase cinzentos, opacos e quase sem vida. O mais novo sentia os batimentos no peito do maior irregulares e uma mistura de medo, raiva e tristeza em seu cheiro.

Vendo que seu irmão não teria coragem de questionar o alfa-superior, Dean então resolve fazer a pergunta que tanto ele quanto Sam queriam saber:

- Miguel... Esse rapaz, ele é realmente seu filhote? - O alfa loiro pergunta tentando não julgar o outro alfa.

- Sim, Dean. Ele é. Mas não no sentido que você está pensando. - O maior responde.

- Então é verdade... - Sam comentou baixinho e se podia perceber uma nota de decepção em sua voz.

- Meu menino... - O mais velho agora se dirigia a Sam. - Eu nunca te traí, meu amor.

- Como não, Miguel? Você acabou de assumir que ele é seu filhote e pelo que eu pude deduzir ele deve ter o quê? Quase vinte anos?

Antes que Miguel pudesse responder, Castiel se dirige a Sam:

- Sam... Você está sendo precipitado. Há várias maneiras de se ter um filhote. - Miguel diz, sua voz denunciando seu cansaço.

Subitamente, Dean entende o que Castiel quer dizer e para amenizar o clima, ele direciona a conversa a outro ponto:

- Por que você saiu daquele jeito, Miguel? Vimos você chegar machucado e com um rapaz ferido, mas o que aconteceu nesse tempo em que você nos deixou aqui?

Miguel agradeceu com um aceno de cabeça a Dean por ele lhe dar um voto de confiança e se explicar. Ele começa então a narrar o que aconteceu após receber aquele fatídico telefonema, terminando o seu relato com ele chegando ali com o rapaz.

- E você foi louco de enfrentar três alfas? - Sam estava incrédulo. Ele estava bravo, dando pequenos tapas no peito rijo do maior, sem machucá-lo na verdade, pois ele amava demais aquele alfa estúpido. - Você poderia ter morrido, Miguel! E nosso filhote? E eu? Como nós ficaríamos?

- Oh, Sam. - O mais velho o abraça fortemente, ignorando os espasmos de dor que se corpo sentia devido aos seus ferimentos. - Eu jamais deixaria você e o nosso filhote desamparados. Sim, eu fui estúpido em enfrentar três alfas sozinho, mas o que me motivava a vencê-los era você, o nosso filhote e salvar o meu outro filhote.

Sam não queria admitir, mas o calor do corpo do alfa o acalentava e o tranquilizava. Ele não queria nem imaginar como seria ficar sem o calor e o cheiro magnífico de seu alfa pelo resto de sua vida, mas o importante era que ele estava aqui, entretanto ele ainda devia algumas explicações. E querendo essas explicações, Sam o tira de seus pensamentos com um peteleco na nuca.

- Ai! Mas o que foi isso, minha vida? - Miguel o encara.

- Bem... Agora você tem que explicar quem é aquele rapaz. - Sam retruca, fazendo um beicinho fofo.

Cas deu um sorriso ao ver o irmão ficar corado e encarando os olhos do irmão, ele o incentiva a contar a história toda, mesmo que isso estragasse a surpresa que o mais velho tinha imaginado fazer ao jovem alfa-épsilon. Miguel dá um longo suspiro, toma fôlego e começa a explicar quem era o rapaz.

- O nome dele é Derek. Derek Hale-Novak. E ele não é meu filhote biológico, mas é como se fosse. Nossos pais eram parceiros de negócios e nós vivíamos quase sempre juntos o dia inteiro. Na época eu tinha dezessete anos, Gabriel tinha quinze, Castiel estava com treze e Derek tinha oito anos. Eu por ser o mais velho, sempre cuidei dos mais novos enquanto nossos pais estavam fora trabalhando e isso criou um vínculo muito forte entre eu e o garoto, quase de pai e filhote.

- Quase é modo de dizer, não é, maninho? - Castiel fala para Miguel, com um largo sorriso pro irmão. - Você praticamente educou nós três. Tudo o que somos hoje, é graças a você, meu irmão.

Dean sorri ao ver o maior corar fortemente com aquela demonstração de carinho de Castiel. Aconchegando o seu ômega em seu colo, ele faz um sinal para Miguel continuar.

- Dois anos depois, após eu completar dezenove anos, nossos pais saíram em uma viagem de negócios. Seria coisa rápida, no máximo em dois dias eles estariam em casa. Porém o avião em que eles estavam sofreu uma pane em pleno ar e começou a perder altitude. Os pilotos até tentaram fazer todos os procedimentos de emergência, porém foi tudo em vão. O avião caiu em uma floresta, explodindo logo em seguida. Apenas poucos daquele vôo se salvaram e infelizmente meus pais, Chuck e Hannah Novak e os pais de Derek, Talia e Ian Hale não estavam entre os sobreviventes.

- Que horror, Miguel! - Sam estava horrorizado pelo modo como os pais de seu amado morreram. - Deve ter sido uma barra para você aguentar isso.

- Na época eu achava que não ia dar conta, Sam. Mas eu precisava ser forte. Não só por mim e meus irmãos, mas também por aquele garotinho que tinha ficado sozinho no mundo, sem parente algum. Após o funeral de nossos pais, eu tive que assumir o controle das empresas de nossos pais e pelo testamento dos pais de Derek, eu passaria a ser o tutor legal dele se algo acontecesse com eles. Só que eu fiz mais. Eu lutei sozinho contra todos os empecilhos e o adotei legalmente. Mas antes eu tinha perguntado a ele se ele queria isso e a resposta foi um sim e um abraço apertado, seguido da primeira vez que ele me chamou de pai e eu me senti orgulhoso nessa hora, pois realmente eu me sentia pai por ter cuidado dele e dos meus irmãos. E foi ele quem pediu para adotar o nosso sobrenome após o dele, ficando Derek Hale-Novak. E dez anos depois, nós estamos aqui. E ele era uma surpresa para você Sam.

- Pra mim? Como assim? - Sam estava super confuso agora com essa afirmação.

- Ele estava estudando e morando em Nova Iorque junto com o meu outro irmão, Gabriel. Quando eu falei para eles que tinha encontrado você, a minha alma-gêmea, ele ficou louco para te conhecer e mais ainda quando descobriu que ia ter um irmãozinho. Ele estava eufórico e me atormentou para mantê-lo em segredo, pois ele queria fazer uma surpresa para o seu novo pai.

Isso assustou Sam. Se ele era companheiro de Miguel e Derek legalmente era seu filhote, isso faria dele o segundo pai do rapaz. Mas o susto logo deu lugar a uma outra sensação, de proteção. Ele agora era pai agora de dois filhotes. Isso encheu o coração do alfa-épsilon de alegria e todos sentiram isso em seu cheiro, que passou a exalar satisfação e contentamento.

Ao ver que o seu companheiro tinha aceitado o seu filhote, Miguel sentiu seu coração ficar mais leve. O seu maior medo era Sam não aceitar Derek e deixá-lo ou fazer ele escolher entre um ou outro.

- Mas como ele ficou tão machucado, Miguel? - Sam questiona o mais velho.

- Eu não sei, Sam. - O mais velho passou a demonstrar um pouco de tristeza. - Só saberemos assim que ele acordar. Ele estava vindo para cá e tão animado para te conhecer. Aí eu recebi aquele telefonema me avisando que o meu filhote tinha sido sequestrado. Na hora eu pensei que fosse trote, mas quando o interlocutor me deu uma descrição perfeita de Derek, eu não pensei em mais nada. Só saí daquele jeito e o resto vocês já sabem. Alguém está tentando me atingir e mostrou não ter escrúpulos, pois atacou covardemente um indefeso. E até eu conseguir descobrir quem está por trás desse ato hediondo, eu precisarei protegê-lo, pois podem tentar novamente algo contra ele.

- Mas agora você não está sozinho, Miguel. - Dean se fez ouvir. - Se ele é seu filhote, agora é da nossa matilha e nós protegemos a todos que fazem parte dela.

Castiel ouvindo isso, deu um enorme abraço e beijou seu alfa com paixão. Miguel apenas pôde agradecer ao alfa loiro por seu apoio.

- Mas quem será que está por trás disso? - Sam pergunta mais para si mesmo, mas sendo ouvido pelos outros, que ao que parece estavam se fazendo a mesma pergunta.

- Isso é uma coisa que teremos que descobrir, Sam. - O alfa-superior se mostrava preocupado e ia dizer mais alguma coisa, quando foi interrompido por gritos vindo de seu quarto.

De um pulo, Miguel se levantou, tomando cuidado para não machucar Sam e corre em disparada para a origem dos gritos, sendo seguido por Dean, Sam e Castiel. Chegando lá, ele se depara com Derek gritando e se debatendo, provavelmente por causa de algum pesadelo com os crápulas que o sequestraram.

Miguel tentou chegar perto de seu filhote, mas a agitação dele o fazia ficar incontrolável. O rapaz tinha o corpo banhado de suor e se debatia, gritando em desespero. Com a ajuda de Dean, ele conseguiu segurar os braços do rapaz, mas ele não parava de se mexer e as tentativas de fazê-lo acordar não estavam surtindo efeito Dean acabou levando um soco no braço enquanto Miguel ganhou um na cara. Mas em um clarão, Sam teve uma idéia:

- Miguel quando você chegou ele estava com dor, porém o seu cheiro estava acalmando ele. Tente fazê-lo sentir o seu cheiro, o calor do seu corpo, pois provavelmente ele ainda deve achar que está sozinho e que irá sofrer nas mãos dos sequestradores e talvez ao sentir você, ele se sinta seguro e se acalme.

O mais velho pondera por alguns instantes e percebe que a sugestão de Sam faz sentido. Miguel olha para Dean que entende o que o alfa vai fazer e segura os dois braços do rapaz que ainda se debatia violentamente, enquanto Miguel se aproxima e consegue estreitá-lo em um abraço forte. O mais novo ainda se debatia, com lágrimas descendo por seu rosto, mas parece que a sugestão de Sam estava fazendo efeito, pois ao sentir o cheiro do pai e somado as palavras de conforto que o maior sussurrava em seu ouvido, o rapaz foi se acalmando lentamente e seus braços envolveram Miguel fortemente, sua respiração voltando ao um ritmo calmo e tranquilo.

Todos ali sentiram a angústia no cheiro de Miguel e todos compartilhavam da dor do alfa. Quem fez aquilo a um pobre rapaz, que ao que parece não teve como se defender, era alguém sem alma.

Sam sente seu coração quebrar ao ver seu alfa tão cheio de vida, agora derrotado, enquanto abraçava o seu filhote, com grossas lágrimas caindo livremente de seus olhos agora opacos e sem vida, ainda sussurrando palavras de conforto ao jovem rapaz. E sem pensar duas vezes, ele se aproxima do outro lado de seu alfa e enlaça os dois corpos em um forte abraço, confortando pai e filhote.

Dean cerrava os punhos vendo o quanto aquele rapaz, agora seu sobrinho, estava sofrendo tanto. O alfa loiro faz uma promessa silenciosa que ia ajudar Miguel e descobrir quem fez isso e essa pessoa ia pagar e o sofrimento dela seria pouca coisa em comparação ao sofrimento de Derek.

- Dean? - Castiel chama o seu alfa.

- Oi, meu amor.

- Sei que está um pouco em cima da hora, mas vocês poderiam passar a noite aqui com a gente?

- Claro, meu anjo. Eu só vou avisar ao Bobby e ficaremos aqui com vocês. Jamais iríamos embora em um momento como esse, deixando vocês lidarem com isso sozinhos.

- Obrigado, meu alfa. - Cas dá um terno beijo na ponta do nariz de Dean e vai até seu quarto pegar algumas coisas para eles passarem a noite, enquanto o loiro ligava para Bobby e explicava sem muitos detalhes o que tinha acontecido.

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Do outro lado da cidade, uma alfa esbravejava com a incompetência dos seus contratados.

- Como é que vocês conseguem perder uma mercadoria valiosas dessas, hein, seus incompetentes? Vocês estragaram um plano perfeito, um verdadeiro plano-mestre.

O líder tentava em vão explicar que não era culpa deles, que era do alfa Novak.

- Minha senhora, não foi culpa nossa! O alfa Novak apareceu do nada e usou aquela terrível voz de comando dele e não tivemos escolha, fomos obrigados a obedecer. Se ele não tivesse feito uso disso, a essa hora ele já estaria morto.

- Não quero saber de desculpas! Vocês foram incompetentes ao perderem a mercadoria! Eu investi muito dinheiro nessa "operação" e vocês falharam miseravelmente!

- Mas senhora, a culpa foi do...

- Novak! É eu sei, você está se escondendo atrás dessa desculpa desde o momento que colocou os pés nessa sala! E outra, como aquele maldito alfa-superior conseguiu a localização de vocês e que vocês estavam com o filhote dele?

- Estamos trabalhando para descobrir isso, senhora. Mas garanto que nenhum de nós demos com a língua nos dentes, pois prezamos a nossa reputação de mercenários que fazem o serviço perfeito.

- Certo, certo! Agora saiam da minha frente e tentem descobrir como aquele alfa descobriu onde o filhote dele estava e se tem algo que ligue isso a mim. Eu vou tentar consertar o estrago que essa operação me trouxe.

Os três alfas, ainda machucados, fazem uma reverência sem jeito para aquela alfa morena detestável e um a um saem daquela sala que parecia oprimir seus corações.

Já dentro de seu escritório, Naomi tenta se acalmar do fracasso dos três alfas-patetas, e ao conseguir, ela pega o telefone e disca relutantemente um número que sinceramente ela não gostaria de usar. A pessoa do outro lado atendeu ao segundo toque.

- Alô?

- Rowena, meu bem. Aqui é Naomi...

- Oh, a que devo a honra de seu telefonema?

- Ah, minha querida... O plano A falhou... Teremos que usar o plano B...

- Quer dizer que seu plano mestre falhou, querida? - O sarcasmo era evidente na voz da ruiva.

- Infelizmente os meus contratados não souberam lidar com a magnitude dessa operação, então teremos que fazer uso do plano B.

- E quando começamos a pô-lo em prática?

- O mais rápido possível, Rowena. Cada minuto que perdemos, é um minuto a menos que aquele arrogante deixa de sofrer.

- Tá aí. Gosto de seu estilo, minha cara Naomi. Vou falar com meu filho para ele ligar para os contatos dele para esse plano.

- Terá que ser à prova de falhas, Rowena. Pois se esse falhar, o Novak poderá chegar até nós.

- Não se preocupe minha cara. Garanto que esse será melhor que o que você arquitetou anteriormente e falhou. - E com isso, Rowena desliga, deixando Naomi estupefata com a ousadia daquela mulher mesquinha.

Mas a hora dela também ia chegar. Assim que a ruiva a ajudasse a alcançar o seu objetivo, ela daria um jeito de fazer ela e aquele filho petulante dela sumirem da face da Terra de uma vez por todas. Mas por ora, ela teria que contar com a ajuda daquela dupla que ela odiava.

Dando um sorriso sádico, a morena ordena a seu secretário que fizesse uma reserva em seu restaurante favorito, pois ela ia comemorar o início do plano B, que marcaria o início da destruição de Miguel Novak.

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Muitas emoções para um dia! Mas o que será que vem pela frente? Aguardem....

Encontro de Almas GêmeasWhere stories live. Discover now