34. Daniel e Alex

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Jesus Cristo. O que eu faço? Quero dizer, eu não esperava pegar Alex no flagra e ainda por cima dizendo meu nome. Me sinto estranhamente excitado com a ideia de ser o protagonista de seus pensamentos sujos. Ando de costas ainda aturdido para sair do local o mais rápido possível e acabo tropeçando no tapete, causando um barulho bem audível.

- Merda! O que... — Alex coloca a cabeça para fora do box. — Dan? — Saio do banheiro sem falar nada.

Pouco tempo depois, Alex surge no quarto com a toalha amarrada na cintura, algumas gotas de água respingam do seu cabelo e descem pelo seu corpo seminu.

- O que foi? — ele me olha curioso por um tempo e desvenda a charada. — V-você me ouviu? — balanço a cabeça. — Ah.

- Só "ah"?

- É, o que quer que eu diga? — ele pergunta não sendo grosso, mas sem jeito.

- Nada. — desvio o olhar. A quem quero enganar? Eu não odiei presenciar aquilo, mas não vou admitir. — Eu vim te chamar para ir ao supermercado comigo.

- Você pede, eu faço. — ele sorri de lado. — Vou só me vestir. — Alex já vai tirando a toalha, ficando totalmente nu por alguns segundos até vestir uma cueca branca e o resto das peças. Eu não reparo nos seu ombros, nem nas suas omoplatas, nem na sua cintura, nem na sua bunda.

- E aí? Como tá indo o trabalho? Já tem grana suficiente para comprar o poçante? — pergunto, querendo puxar algum assunto, enquanto ele passa creme no cabelo.

- Quase lá, talvez até o final das férias dê. A Ruby paga melhor do que eu imaginava.

- Por acaso você seduziu a mulher? — brinco.

- Eu deixo meus poderes de sedução só pra você agora. — ele me lança um olhar felino, causando-me um arrepio atrás do pescoço.

- Acho que não tá dando muito certo não. — zombo. Não vou deixar ele ganhar essa disputa, ou flerte, ou brincadeira. Na verdade nunca sei o que é realmente.

- Pô, ainda tô me arrumando aqui, não vale desafiar! — ele faz bico, o que faz ser mais engraçado o fato que só metade do seu cabelo está com os cachinhos definidos e a outra uma bagunça completa.

- Besta. — rio e ele ri junto esbanjando suas malditas covinhas. — Sabe, até agora tô abismado que seu pai é bi. Nunca eu poderia imaginar.

- Nem eu, mas é legal, tipo, ele literalmente me entende muito bem.

- É, que bom que seus pais foram legais. — sorrio feliz por ele. Queria saber como meus pais reagiram se soubessem que também posso me atrair por rapazes.

Para mim foi moleza quando descobri minha demissexualidade, ela respondeu tantas perguntas que eu tinha desde a pré-adolescência... Contudo, quase tive um troço quando percebi que, provavelmente, gênero não me importa.

- Quando eu tô assistindo à TV com a mãe por perto ela sempre aponta para algum cara que aparece e pergunta se faz meu tipo. — ele ri.

- E qual é seu tipo?

- Pensei que soubesse.

- Eu sei? — pergunto e ele revira os olhos vindo até mim, seu cabelo já está perfeitamente arrumado.

- Você se faz de sonso às vezes, não é? — ele pega minha mão e me puxa da cama, para depois selar nossos lábios rapidamente, assim, de surpresa. — Bora. — Alex sorri sem mostrar os dentes, olhando-me com suas duas órbitas castanhas.

Saímos da casa dele pouco tempo depois. Senhor Henderson falou " Se divirtam!" antes de irmos, mas como íamos nos divertir comprando papel higiênico? Eis a questão.

Alex & Daniel [Em andamento]Where stories live. Discover now