Teóphilo - Capítulo 18

Começar do início
                                    

– Não seria diferente do que você propôs! Se me lembro bem você foi bem claro e sucinto ao dizer aquelas senhoras que se elas não assinassem os documentos elas ficariam sem moradia e com o nome sujo por onde fossem. Eu nunca imaginei que você fosse capaz de fazer algo assim. Ficamos muito decepcionado com você, com sua atitude egoísta. – Suspiro e meneio a cabeça. – Wallace e Violet com certeza condenariam sua atitude. – O mais velho se senta.

– Entendo a sua irritação com relação ao meu posicionamento. – Volto até a mesa e abro uma gaveta e apanho uma pasta e entrego a tio. – No meio deste dossiê vi algo que me deixou preocupado. Alessandra foi ameaçada pelo homem a qual o senhor Jamal estava devendo e pode ter certeza de que a atitude que tomei foi a melhor para todos e principalmente para ela. – Mordo os lábios e passo a língua. – Alessandra seria tomada como uma puta tio, uma rameira, uma meretriz. O homem é imundo! O senhor acha que ele abandonaria a dívida só para ficar com ela? Ele tomaria as terras deles tio, despejaria todos ou até mesmo os matariam e teria a mulher como bem quisesse até enjoar. – O mais velho lê tudo e senta-se em uma poltrona próxima a mesa. – Agora o senhor entende o porquê fiz tudo isso? Se eu não fizesse isso com certeza a família seria dizimada e Alessandra teria a vida destruída de forma irreversível. Mesmo não conhecendo a moça sei o quanto o senhor e minhas tias amam-na, por isso decidi fazer o que fiz. Trazendo-a para cá estaria preservando não somente sua vida, estaria livrando-a e ao mesmo tempo ajudando a família de uma forma que ninguém tire dona Joaquina de onde nasceu e vive desde sempre, e onde dona Maristela e seus filhos encontraram um novo lar e uma nova chance para crescer em terra estranha. – Sento-me ao seu lado. – O senhor consegue compreender agora? Eu precisava agir o mais rápido possível se não o senhor Jamal daria sua filha como meio de troca apenas para continuar com sua vida de jogos e bebidas. Ele não pestanejou em assinar os papéis e me entregar sua filha, o que ele não imaginava era que ao assinar os documentos, ele estaria assinando sua própria sentença a de ficar internado por um tempo indeterminado em uma clínica de recuperação. – Tio Alberto suspiro e ergue os olhos dos papéis.

– Por mais que eu tente imaginar eu não fazia ideia das coisas que Jamal estava envolvido. A coisa é ainda pior do que havia pensado. – Ele fecha a pasta. – Lendo esse documento e ouvindo o que disse, com certeza Alessandra estará bem cuidada, amparada e protegida conosco e, sua família livre desse pilantra. – Ele meneia a cabeça. – Me desculpe por julga-lo sem saber o real motivo para de sua atitude, eu não fazia ideia. – Me inclino e dou um tapa em seu joelho de forma carinhosa.

– Fique tranquilo tio, não estou chateado com a sua atitude de proteção, muito pelo o contrário, isso me mostra que posso contar com vocês para cuidar de Alessandra e de sua família. Sei que já faziam isso e eu sou grato por tudo o que já fizeram. – Ele anui. – Mesmo tomando esta atitude ainda penso se foi a certa, sei que eles sofreriam demais se a dívida fosse cobrada e Alessandra tivesse o fim que estava proposto com certeza ela enfrentaria um pesadelo terrível. Trouxe-a para cá, mas não quero vê-la padecer, vê-la se diminuir ao ponto de minguar e se reduzir a nada, quero que ela continue sua vida e siga seus sonhos. Ela como uma mulher independente com certeza tem projetos e almeja alcança-los. – Levanto-me. – Não quero tê-la como minha prisioneira, no papel ela é minha esposa e pode ir e vir quando e onde quiser, só peço descrição e respeito, somente isso. – Sigo até a janela.

– Depois de tudo o que me contou com certeza o que fez foi o melhor para todos. Saber dos fatos nos dá uma nova visão das coisas e nos faz enxergar as tuas atitudes como heroicas na verdade. Quem em sã consciência ajudaria uma família que não conhecesse sem querer nada em troca? – Ele se aproxima e toca meu ombro. – Foi muito nobre sua atitude e seus pais com certeza estariam orgulhosos do filho que criam com tanto esmero. – Sorrio em conformidade. – Bom preciso ir, o dever me chama. Qualquer coisa chame Guiomar ou Dalva, com certeza elas já estão mais tranquilas. Vou indo, até mais tarde Téo. – Me despeço e o mais velho sai. Sinto-me mais aliviado por expor o motivo por trás de tudo isso, não conseguiria ficar alheio ao sofrimento desta família.

Não me veja.Onde histórias criam vida. Descubra agora