Capítulo 29

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P.O.V Kay

Duas semanas passaram desde o dia do jogo, em que eles ganharam. Admito que não tem sido fácil. Fui ao médico outra vez, e ele disse que preciso de usar bomba de asma, porque talvez, apenas talvez, me possa ajudar com os treinos, e as aulas.

Tenho-a usado várias vezes, e cada dia que passa, não vejo melhoras. Tive aquela semana em que estive estável, até posso dizer que estive bem, e tudo voltou. E o pior é que o médico disse que a doença está a avançar muito rápido, e que tudo o que podemos fazer, estamos a fazer.

A alimentação saudável, a bomba de asma, são alguns dos tratamentos, e que eu sempre fiz, como no caso da alimentação, e que estou a usar agora, no caso da bomba de asma. Ele também disse que algo ótimo seria deixar de fumar, mas isso é algo que eu preciso, e não acho que já seja isso que mais me mata, porque se fosse, já me teria matado.

Em toda a minha vida eu tive controle sobre ela, sempre ditei as regras do jogo, e nunca, nunca perdi. Mas agora, sinto que não tenho qualquer controle, não tenho como controlar isto, não depende de mim, e essa é uma sensação horrível.

Jake:Bom dia,Kay.-disse ao passar por mim.

Eu ignorei e entrei na sala. Sentei-me ao lado do Chris, que me lançou um sorriso, mas foi também ignorado. Eu não tenho nada contra o Chris, muito pelo contrário, e agora até nem contra o Jake, apenas não quero falar.

A professora de biologia entrou e tal como eu, ela parecia estar de mau humor. Eu esperava que ela não se virasse para mim, porque se isso acontecesse no dia de hoje, não iria correr bem.

Já no meio da aula, o diretor entrou na sala, e chamou pelo meu nome. Eu levantei-me, e com todos a olharem para mim, acompanhei o diretor. Antes de sair, lancei um olhar a todos da sala que dizia claramente que foi? Nunca viram?

Entramos na sala dele, pediu-me para que me sentasse e assim o fiz. Ele respirou fundo, como se fosse falar de um assunto delicado, e estava a tentar ganhar coragem. E o pior de ter este tipo de dom é ele agir automaticamente, então, ao olhar para o professor, e analisar todos os seus pequenos gestos, reparei que eu não estava enganada, realmente vinha um assunto forte.

Diretor:Menina Evans, eu tenho uma notícia para lhe dar.-eu mudei de posição, e esperei que ele falasse.-A direção da escola já está ciente da sua condição.

Kay:Da minha condição?-ele assentiu.

Diretor:Sim, a sua doença. E o seu médico contactou-nos hoje, à poucos minutos atrás. Ele recebeu o resultado dos seus últimos exames e, eu sinto muito, mas a menina terá que abandonar os seus treinos.

Quando aquelas palavras me atingiram, o meu cérebro foi esvaziado e apenas restavam nele aquelas palavras. Terá que abandonar os seus treinos. Para vocês não parece nada, mas os treinos são a minha fuga, a minha distração, não os posso perder.

Senti como se estivesse num filme, e esta é a parte em que toda a cena fica em slow, e as palavras são repetidas, porque era assim que estava a acontecer dentro da minha cabeça.

Kay:E-eu, n-não...

Diretor:Eu sinto muito,Kay, mas é verdade. A sua doença não está a dar descanso e irá abandonar os treinos, e não irá fazer mais educação física na escola. Isso irá matá-la, mais do que a própria doença.-eu assenti, sem saber o que responder.

Saí da sala, e caminhei até à minha. Ao entrar na sala, com os olhos postos no chão, consegui ver que a Mary me olhava com pena. Provavelmente ela já sabia, e ver aquele olhar de pena posto em mim, matava-me mais do que a própria doença.

Professora:Tudo bem,Kay?

Kay:Sim, claro que sim.-ela assentiu e continuou a sua explicação.

The dealWhere stories live. Discover now