The deal

Capítulo 31

P.O.V Jake

Sonho on

A Lily agarrou-me e puxou-me para ela beijando-me intensamente. Mas, ao olhar para o lado, tudo o que via era sangue. Gritei quando vi que todo aquele sangue vinha da Kay.

Jake:Kay, minha Kay, desculpa. Não te consegui salvar.

Sonho off

Acordei ofegante e completamente suado. Um sonho estranho, com pessoas estranhas. Estranho, muito estranho. Além do suor e da respiração descontrolada, um sentimento estranho cresceu em mim.

Um medo. Medo de que aquilo realmente acontecesse. A minha garganta fechou, e engolir a minha própria saliva começou a ser algo que custa, que dói.

Levantei-me e fui tomar um banho de água fria na tentativa de esquecer aquele sentimento e aquele sonho. Nunca acreditei que os sonhos passassem disso mesmo, de sonhos, ou no caso, pesadelos, mas existem pessoas que acreditam que os sonhos nos querem dizer algo.

Imaginando que eu acreditasse nisso, que tipo de mensagem estaria, este sonho, a tentar enviar-me? Se foi fazer com que não dormisse nada, conseguiu.

Já vestido, olhei para as horas, e dei por mim admirado quando vi que ainda eram 07:12. Deixei-me ficar um pouco mais sentado na cama, na esperança de que as horas passassem mais rápido, e pudesse encontrar os rapazes.

Quando faltavam 15 minutos para as 08:00 saí de casa e às 08:00 certas entrei pelo portão da escola, com os rapazes ao meu lado. O dia foi para esquecer, os meus olhos pesam, a minha cabeça dói, e o banho apenas serviu para ficar limpo, não para esquecer aquele sonho.

Mas, já de tarde, ouviu-se um estrondo vindo de umas escadas, e quando todos corremos para lá, vi a Mary deitada no chão, desmaiada, e a Kay a berrar na tentativa de que alguém a ajudasse.

Eu e os rapazes aproximamo-nos e tiramos ambas dali. A escola chamou uma ambulância, os pais da Mary, e foram diretos para o hospital. As aulas terminaram e a Kay acabou por ter de ficar na escola pois o diretor queria falar com ela, mas também porque os pais da Mary não quiseram que ela fosse.

Eu decidi que iria esperar por ela, e quando o relógio marcava 17:20, ela saiu da sala do diretor com uma cara ainda pior do que estava antes, e passou por mim com a cabeça baixa, e o carapuço colocado.

Jake:Kay!-chamei.-Queres me contar o que falaram?-ela parou e olhou para trás.

Kay:Não.-respondeu prontamente e voltou a caminhar para a frente.

Naquele momento, senti que algo deveria ser feito, algo que eu já sentia à muito tempo, e apenas estava a encobrir, não me mostrar fraco. Mas para quê? Amanhã posso morrer e não quero que algo fiquei por fazer.

Jake:Eu curto de ti,Kay. Eu realmente gosto, eu...-interrompeu-me.

Kay:O quê?Como assim?

Jake:Eu acho que este jogo já não faz mais sentido para mim. Eu tenho reparado que eu tenho-me preocupado contigo, eu quero saber mais sobre ti, e não acho que isso seja por te odiar, muito pelo contrário. Eu acho que sinto uma espécie de carinho, de química e ligação.-ela colocou as mãos na cabeça.

Kay:Não é possível, tu és como eu, competitivo, sem sentimentos.-eu neguei com a cabeça.

Jake:Não, eu não sou. Sou competitivo, mas acho que apenas precisava de alguém como tu na minha vida para eu ver que afinal sempre tenho sentimentos.-ela começou a rir.

Kay:Tu estás a render-te a esse suposto sentimento. E o nosso jogo?

Jake:Que importância isso tem? A vida é vista como um jogo por nós, e talvez esteja na hora de dar fim a este nosso jogo.-ela revirou os olhos.

Kay:Com essa tua declaração sem sentido, eu ganho,e tu perdeste-te no jogo. Nada disso vai acontecer,Jake. Primeiro, porque eu não quero, não sou capaz. E segundo, porque eu disse-te para não te apaixonares.

Jake:Tu estavas a falar a sério? Quer dizer, eu não estou apaixonado, nem lá perto, mas eu pensei que estavas a gozar, tu sabes que isso não é possível.

Kay:Não? Boa. Então mantém-te assim.

Virou costas e continuou o seu trajeto deixando-me sozinho com os meus pensamentos. Eu saí logo de seguida e fui para casa a martirizar-me a mim mesmo pelo que tinha acabado de fazer.