Capítulo 20

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P.O.V Alex

Umas semanas passaram, e o fim da semana estava à porta. Sexta-feira e os climas estão 1000x pior do que na segunda feira. A Mary e a Kay nem se cruzam, não se falam, não se olham. É visível a raiva que a Kay tem neste momento para com a Mary.

O Jake e eu, para tentarmos descobrir um pouco mais, ligamos para vários orfanatos da cidade antiga da Kay, mas nenhum deles nos deu qualquer informação relevante, ou nos disse que a Kay Evans pertenceu a algum deles. Nada.

Com os contactos dos meus pais, visto que a empresa deles é de saúde, e eles têm um grande legado de clínicas, poderíamos descobrir alguma certidão de nascimento, mas mais uma vez, nada.

Talvez fosse necessário começar pelo início, começar por puxar aquela ponta solta, a adoção. Procurar a casa dela, ir lá, falar com os pais adotivos dela, e ver se ,de certa forma, conseguimos tirar algo. Melhor ainda era encontrarmos os verdadeiros pais.

A Mary tem andado embaixo, sozinha, nem me olha nas aulas, mesmo estando ao meu lado. Ela está super chateada, e eu tenho de admitir que ela tem razão. Usei-a, e pessoas como ela não aceitam, sentem-se traídas.

Alex:Mary, um dia ou outro vais ter de falar comigo.-ela ignorou-me.-Não me podes ignorar para sempre.

Mary:Quem disse? Eu posso sim! Eu estou nesta situação por tua causa, eu confiei em ti.-eu revirei os olhos.

Alex:Vamos deixar de drama e encarar os factos. Tu estás sozinha, e tu não gostas de estar sozinha.-ela bufou, e voltou a ignorar-me.-Mas já agora, porquê que a Kay não quer que tu confies nela? Pior ainda, gostes dela?

Mary:E porque razão eu seria estupida outra vez para confiar e tu contares a informação ao Jake, e ele usá-la contra ela? Eu não sou burra 2 vezes,Alex.-eu levantei os braços em forma de rendição e não voltamos a falar.

Na hora do almoço, a andar sozinho por um corredor vazio, senti o meu braço a ser puxado para dentro de uma sala. O laboratório. Era a Kay, que me encostou à porta e a trancou.

Kay:Temos 15 minutos, no máximo. Por isso, pouco barulho e vamos ao trabalho.-atirou confiante, e com razão.

Naquele momento, um flashback atingiu o meu cérebro, mas de alguma forma, não me fez voltar atrás, ou parar. Eu confiei, e entreguei-me, mesmo sabendo que quando a Mary descobrisse, a cena iria ficar ainda mais feia.

15 minutos depois...

Já vestidos, com o suor a escorrer pelos nossos corpos, e as pernas a tremer, ela saiu primeiro da sala, e minutos depois saí eu. As aulas correram no seu normal, e quanto mais tempo passava, e eu pensava sobre o que tinha acabado de acontecer, e quanto mais pensava, mais a minha ferida curava.

Já quando estávamos na parte de fora da escola, visto que as aulas tinham terminado, a Kay encontrava-se sentada a fumar um cigarro, e a Mary caminhava para o encontro dela.

Não tenho sexto sentido, mas tenho a certeza de que a Mary vai falar com ela, e não vai correr bem. Ela colocou-se de frente para ela. A Kay, levantou a cabeça, olhou-a, e lançou o fumo do cigarro.

Mary:Eu acho que precisamos de falar.-a Kay voltou a meter o cigarro na boca.

Kay:Eu não acho.-a Mary olhou para os lados, a confirmar de que ninguém estava ali.

Apenas elas e nós estávamos ali. Saímos da escola, e bem na frente tem uma espécie de jardim, onde poucas vão, preferem ir logo para casa.

Mary:Eu sei que falhei,Kay. E eu sinto muito por isso. Sei que este jogo na qual já estás perita, é mais importante que qualquer coisa mas...-fez uma pausa.-Kay.

Kay:Já acabaste?Eu pensei que tu sabias que todas essas palavras não têm qualquer efeito em mim. Mas sabes o que é engraçado,Mary?-ela deu de ombros.-Eu já percebi porquê que o Alex se envolveu contigo, e melhor ainda, porquê que tu deixaste que ele o fizesse.

Oh shit, pensei.

Mary:Espera... tu...-ela interrompeu-a.

Kay:Sim, eu fodi o Alex, eu disse-te que nem ele me iria resistir. E honestamente, eu sei que tu tens aí um sentimento por ele que está a querer sair, e foi por isso mesmo que ele mudou de lugar na lista, por vingança, Mary. E agradece por não fazer muito, mas muito pior.-a Mary fechou a mão em um punho.

Mary:Eu odeio-te, Kay. Tu vingaste das pessoas, tu não aceitas que eu goste de ti, então aqui está, eu odeio-te.-ela deu um sorriso, que para mim, me pareceu verdadeiro.

Kay:É isso mesmo que eu quero.-a expressão na cara da Mary mudou de raiva, para surpresa.

Mary:Claro, que burra,Mary.-reclamou consigo mesma.-É isso que ela quer, que tu a odeies.

Mesmo eu não sabendo de nada, algo ali me fazia sentido. A Mary gosta da Kay, mas a Kay não quer que a Mary se apegue a ela, algo que eu ainda não sei porquê. Mesmo assim, com esta vingança da Kay,ela conseguiu irritar a Mary, e mais importante ainda, apagar o apego que a Mary sente por ela, ou esfumar pelo menos.

The dealWhere stories live. Discover now