Capítulo 27

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P.O.V Jake

O fim de semana chegou, e com ele chegaram algumas respostas para certas perguntas. Hoje eu iria encontrar os pais da Kay, os adotivos. Vou a casa dela, e tentar tirar alguma coisa deles.

Claro que estou a fazer figas para que a Kay não esteja em casa a essa hora, mas também por isso escolhi ir cedo, bem cedo, porque sei que ela costuma sair para ir correr.

Vesti uma roupa bem confortável, entrei no carro e conduzi até ao estacionamento que ficava na frente da casa da Kay. Ainda com as mãos no volante, respirei fundo e pensei para mim mesmo: Jake, isto tem tudo para correr bem, mesmo sabendo que é mentira.

Bati à porta, e fui recebido pela mãe da Mary. Não que eu a conhecesse, mas só podia ser ela. Com um sorriso no rosto convidou-me para entrar. Apresentou-se como Suzy.

Suzy:Queres alguma coisa para beber? Ou comer?-eu agradeci mas neguei.

Jake:Na verdade eu vim falar sobre a Kay. Eu sou um amigo dela da escola. Jake Williams.-ela sentou-se na mesa e eu segui-lhe os passos.

Suzy:Diz-me, ela tem andado bem? Não tem tido ataques?-eu neguei com a cabeça.

Jake:Não, ela tem estado bem.

Depois de enrolar um pouco o assunto, já estava na hora de perguntar algo que eu me questionava à muito tempo. Onde estão os pais biológicos da Kay?

Jake:Diga-me, por acaso sabe onde posso encontrar os pais biológicos da Kay? O Sr e Sra Evans.-ela baixou o olhar, e quando voltou a erguê-lo, não olhou para mim, mas sim para algo atrás de mim.

Shit, pensei.

Kay:A conversa está interessante?-a Suzy levantou-se e deixou-nos sozinhos na cozinha.

Jake:Kay eu não quero que penses...-interrompeu-me.

Kay:O quê? Que te estavas a aproveitar da bondade da Suzy para saberes mais sobre mim? Não tentes negar. Não vale a pena,lembraste?

Jake:Eu quero saber mais sobre ti,sim. Quero saber onde estão os teus pais biológicos, porquê que tu és assim, o que foi que te tornou nisto, o que foi que matou o teu olhar, e saber o que são esses ataques que tu tens tido.

Kay:Ok,chega. Queres saber algo sobre mim? Eu conto-te. Eu não tenho pais desde os 13 anos,ok? O meu pai morreu e a minha mãe matou-se.-proferiu com frieza e sem qualquer demonstração de tristeza.

Jake:Eu sinto muito...

Kay:Não sintas, porque eu não sinto.-disse mais uma vez sem demonstrar qualquer tristeza ou outro tipo de sentimento, apenas raiva e ódio, o de sempre.

Jake:Como consegues ser tão indiferente a isso? Eu não sei o que seria sem os meus pais.-ela riu-se.

Kay:Tu és rico,Jake. Tu vives em luxos, os teus pais amam-te, mas eu nunca tive isso. E não quero. Sempre vivi na pobreza, e muitas, muitas mesmo, muitas outras coisas que tu nem podes imaginar. Não sinto falta deles, porque não tenho o que sentir.-fez uma pausa.-Agora sai daqui se não queres que a nossa "relação" de amizade acabe neste momento.

Eu levantei-me e não demorei nem 2 minutos para sair de casa dela. Eu estava completamente sem reação. Não é muito eu sei, mas hoje descobri um pouco do passado dela, e sinto que a falta e a dor que ela sente ao falar nos pais está a ser coberta pelo odeio e raiva que ela sente ao mesmo tempo.

Não tem como a condenar, ou dizer que está errada, porque ela tem razão. Eu não posso nem imaginar, porque graças a Deus nunca tive de passar por esse tipo de experiência. Ela deixou de sofrer no dia em que perdeu o brilho no olhar, no dia em que o seu coração se tornou pedra, no dia em que ela viu que continuar a ser como era, apenas lhe iria trazer dor, e ela escolheu deixou de sentir.

Alguém a pode condenar por isso? Não, porque todos, todos mesmo, faríamos o mesmo.

The dealWhere stories live. Discover now