Capítulo 22

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P.O.V Mary

Sábado de tarde, e eu tive um convite para ir sair com o grupo de cheerleaders, mas neguei. Não queria, e afinal de contas estou cansada, e tenho matérias para estudar.

Já depois do almoço, decidi ir dar uma volta, e ao abrir a porta, encontrei a Kay inclinada, com as mãos apoiadas nas pernas, e com a respiração um pouco irregular, o que não era comum.

Mary:Kay?-ela não respondeu.-Kay?Estás bem?-ela levantou-se, respirou fundo, e olhou-me.

Kay:Não preciso da tua ajuda. Eu estou bem.-afirmou e deu um grande suspiro.

Passou por mim, e ao entrar em casa o ar voltou a faltar-lhe. A tossir na tentativa de recuperar o ar, caiu de joelhos no chão. Corri para ela aflita e gritei pelos meus pais que não demoraram 1 minuto para se aproximarem.

Kay:Eu estou bem, porra.-disse quando a sua respiração estabilizou.-Apenas vim a pé do ginásio até aqui, e esforcei-me mais.

Ela levantou-se e eu segui-a até ao quarto. Deitou-se na cama, acendeu um cigarro, colocou na boca e lançou o fumo do cigarro para o ar. Eu sentei-me na ponta da cama, a analisa-la, e todo o tipo de coisas me passaram pela cabeça.

Mary:O que disse o médico?-perguntei-lhe e ela ignorou-me.-Kay... eu sei que errei contigo,ok? Falei sobre algo que tu não querias, e isso destruiu-te. Eu não posso imaginar a dor que tu passaste, mas, perdoa-me.-ela olhou-me.

Kay:Deverias saber que esse tipo de discursos não funcionam comigo,Mary. Mas tudo bem, acho que está na hora de encararmos os factos, e ver que estamos quites.-eu dei um pequeno sorriso, na tentativa de não demonstrar demasiada felicidade.

Mary:Mas então, conta-me, o que disse o médico?-ela voltou a colocar o cigarro na boca.

Kay:O cenário é negro,Mary. Bem o meu estilo, por isso não tens nada com que te preocupar.-eu franzi uma sobrancelha.

Levantei-me, dei-lhe um sorriso, e abandonei o quarto. O que ela precisa neste momento é de descansar e recuperar forças. Enquanto isso, eu iria falar com os meus pais, porque a Kay sempre diz que está bem, e que não tem qualquer problema.

Ambos sentados na mesa da cozinha, com uns papéis na sua frente que me pareciam ser exames, mantinham o silêncio. Sentei-me entre eles e encarei aqueles exames. Imagens de pulmões, e o restante sistema respiratório estavam ilustradas naqueles papéis, e não tinha qualquer dúvida de que todas aquelas imagens pertenciam à Kay.

Mary:Isto é da Kay?-o meu pai apenas assentiu, enquanto que a minha mãe colocou as mãos na cabeça, e respondeu-me com mais detalhes.

Suzy:Sim,filha. Estás a ver os pulmões? A sua área de superfície está a reduzir, os espaços aéreos terminais estão a ser destruídos, e a Kay, a cada dia que passa, vai ficando sem ar.-as lágrimas escorriam pela cara abaixo.-Ai a minha filha.

Ver a minha mãe desesperada, o meu pai sem reação, e a Kay a adoecer, quando o médico sempre nos disse de que a doença estava estabilizada, e não estava previsto avançar tão cedo, causava uma dor inexplicável no peito.

Ver tudo a desmoronar à minha volta, e eu simplesmente não posso fazer nada, traz em mim um sentimento de inutilidade. E eu odeio sentir-me inútil.

The dealWhere stories live. Discover now