– Continue andando. – Me assustei deixando a bolsa cair no chão, tentei me abaixar para pegar mas fui impedida. – Não tente fazer nenhuma gracinha, senão... – O homem a minha esquerda encosta algo duro em minha costela, olho para baixo e vejo o cano de um revolver. – Você morre aqui mesmo. – Sinto meu sangue drenar de meu rosto e meu coração acelerar.

Sou levada até o carro que está do outro lado da rua, o mesmo que vinha observando há dias. Sou colocada no banco de trás e mais uma vez cada um dos homens ficam ao meu lado, a porta do veículo se fecha e eu temo por minha vida.

– Olá coisa fofa, tudo bem? – Ouço uma voz grave e irônica vindo do banco da frente. Ergo meus olhos e vejo um homem de meia idade, de pele clara, olhos e cabelos castanhos com vários fios brancos. Do seu lado um outro homem está atrás do volante, este é negro e, mesmo com o terno percebo que é bem forte. Todos estão bem alinhados, com terno preto, camisa branca e gravata, menos o homem que me olha de forma que me sinto assustada. Ele usa um terno completo com camisa azul escura e gravata preta. – Não precisa ter medo doçura, eu só quero conversar. – Ele sorri ladino e meu medo triplica. – Meu assunto seria com seu pai, mas ele está fugindo de mim, como o diabo foge da cruz. – Ele continua com seu sorriso nos lábios finos. – Não sei bem o porquê, pois eu só quero bater um papo com ele. – Ele erguendo o pescoço e coça a barba. – Bem doçura, seu pai fez uma aposta alta em um de meus cassinos, na verdade ele vem apostando a muito tempo e desde a última vez suas apostas têm sido bem ousadas e de valores muito alto e eu só quero meu pagamento, só isso. – Sinto um medo absurdo.

– Mas meu pai não aposta mais! Ele disse que havia parado com os jogos desde... – o mais velho ergue uma sobrancelha e gargalha.

– Seu pai sempre jogou doçura. – Ele diz acendendo um charuto. – Fiquei sabendo do ocorrido com sua mãe, e sinto muito, mas...um jogador como o seu pai que é um viciado em jogatina, não para nunca doçura, nunca para. – Ele sorri ladino. – Então, eu vim cobrar o que ele me deve. – O homem me olha e vejo malícia em seu olhar e isso me deixa enojada. – Você sabe, eu tenho negócios e, como homem de negócios eu preciso que as pessoas me respeitem e que saibam que sou um homem de palavra, então se eu disse que viria cobrar o que ele me deve, eu vim atrás daquilo que é meu, que me pertence doçura. – Ele solta uma baforada e tusso um pouco.

– Por favor, me deixe sair, eu vou conversar com meu pai para ver o que podemos fazer, o que...o que eu posso fazer para te pagar. Quanto ele te deve? – Pergunto em total desespero e o homem ri, olho para o lado vendo os dois homens sérios.

– Ele me deve um milhão de reais. Dei um prazo de um mês dias para ele me pagar e até agora não vi a cor do dinheiro, o prazo termina hoje, mas como eu gostei de você, darei mais uma chance a ele por sua causa doçura. – Ele me olha de cima para baixo e passa a língua no lábio inferior. – Te darei mais quinze dias e se isso não acontecer tchau, tchau sítio, tchau, tchau casa, tchau, tchau vida. –Vejo o mal em seu sorriso. – Sou um jogador doçura e não serei passado para trás, não sou trouxa para deixar que um viciado, beberão como seu pai me engane. – Ele aponta para mim com o charuto.

– Mas eu não sei como eu vou te pagar, é muito dinheiro. – Digo e ouço sua risada.

– Eu não quero saber de onde virá e nem como vocês me pagarão. Quero meu dinheiro em quinze dias, se isso não acontecer, se esta quantia não estiver em minhas mãos... – Ele deixa a pergunta no ar tragando de seu charuto. Ouço barulho das portas sendo destravadas os dois homens saem do veículo cada uma de um lado. – Até mais doçura e saiba que estou sempre de olho. – Ele pisca, solta o ar em meu rosto e vira seu corpo para frente. O homem que está do meu lado direito abaixa e me puxa para fora do carro. Ambos entram no veículo que é acionado e começa a se mover.

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