capítulo 10

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Acordo me sentindo melhor, tomo um banho quente, me arrumo e desço para tomar café

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Acordo me sentindo melhor, tomo um banho quente, me arrumo e desço para tomar café. Leila deixou o café pronto para mim, ela é um amor.

Levei vinte minutos para chegar na empresa, parece que houve um acidente de carro, o uber teve que trocar de caminho, dessa vez eu não passei em frente da torre Eiffel, que é meu caminho de todos os dias, a sorte é que saí de casa uma hora antes, gosto de chegar cedo.

A partir de hoje eu sou a unica secretaria do Edmond. Não estou nervosa, porque trabalho há dois anos para ele e sei de como ele gosta das coisas, mesmo sem conhecer, sabia seus gostos.

- Bom dia!- Sorrio para as meninas da portaria.

Pego o elevador de funcionário com mais três pessoas e desço no meu andar. Assim que chego na minha nova sala e me sento, o telefone toca.

- Bom dia, Charlote! Pode vir na minha sala?

- Bom dia! Estou indo.

Antes de entrar, dou duas batidas na porta.

- Licença.

- Pode entrar e se sentar.

- Obrigada!

- Eu poderia te falar isso antes, mas eu achei que seria melhor falar pessoalmente.- Ele estava tão elegante num terno azul escuro quase preto, que preferi não olhar muito.- Eu queria saber se você quer continuar como minha secretaria ou você quer entrar para o grupo dos advogados?

- Eu gosto de trabalhar como secretária, mesmo eu amando o direito, acho que não nasci para isso.

- Você sabe que agora o seu salário vai ser outro né? Antes você era secretária da minha assistente, agora será minha assistente.

- Obrigada!- Ele se mexeu para lá e para cá.

- Desculpas pela intromissão, mas ontem quando liguei, você estava chorando. Já está tudo bem?

- Digamos que eu estou acostumada.

Não vou mentir, assim que vi Charlote, já queria perguntar o motivo dela estar chorando ontem

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Não vou mentir, assim que vi Charlote, já queria perguntar o motivo dela estar chorando ontem. Não que eu seja fofoqueiro igual o Adrien, mas eu não consegui dormir, porque toda hora vinha a imagem dela chorando na minha cabeça. Então, não me segurei e perguntei.

- Desculpas pela intromissão, mas ontem quando liguei, você estava chorando. Já está tudo bem?

- Digamos que eu estou acostumada.- Ela sorriu, mas não chegou aos olhos.- Há 10 anos atrás minha mãe foi diagnosticada com Alzheimer, eu era uma adolescente de 16 anos e vi minha vida mudar de uma hora para outra. Meu pai nos largou meses antes e não tenho parentes por parte de mãe. Então foi ela e eu contra o mundo. Minha sorte foi arrumar dois anjos da guarda. A Leila, que é a enfermeira da minha mãe e seu irmão, que apareceu como um anjo em minha vida. Infelizmente, a doença dela está muito avançada, então são raros os momentos lúcidos dela. Mas me dói todas as vezes que ela não me reconhece e pior são as crises.- Ela olhou pela primeira vez nos meus olhos e pude ver uma lágrima solitária escorrer, mas logo ela sorri e passa o dedo.- Me desculpa por falar assim sem parar, eu estou aqui enchendo sua cabeça com meus problemas.

- Não peça desculpas, eu sinto muito. Você é mais forte do que imaginava e te admiro muito por saber disso. Saiba que se precisar de qualquer coisa, estarei aqui.

- Muito obrigada!- Ela sorriu tímida.- Vou voltar para minha sala, qualquer coisa é só me chamar.- Levantou passando a mão na roupa e seguiu até sua sala.

Eu não tinha muito o que falar, estou impressionado com a história da Charlote, sei que não é só isso. Ela é tão forte, mesmo depois de tudo isso, segue sorridente e feliz.

Assim que ela sai, meu irmão entra na minha sala. Hoje ele chegou cedo. Ele é o que mais tem trabalho, mas sempre parece que está sem nada para fazer.

- Não vai me dizer que é saudade. Não cansa de me ver não? Todos os dias.

- Você saiu sem dizer bom dia.- Ele fez cara de triste e eu tive que sorrir.- Não sei o que tá acontecendo ultimamente, mas estou amando esse novo Edmon, que na verdade é o que conheço. Que rir, que brinca e que tem tempo para seus irmãos. Eu fico tão feliz de te ver assim.

- Também não é para tanto.

- Tem dez anos que eu não vejo você sorrir sem ser de deboche. Agora você sorriu e eu tenho uma leve suspeita do motivo da sua mudança.

- O que você está falando?- Pronto, ficou maluco.

- Não vou falar, você tem que descobrir sozinho.- Ele levantou e deu a volta em minha mesa.- Eu estou na torcida.- Me deu um beijo na testa e sorriu.

- Torcida?

- Até qualquer hora.

......

Tive duas reuniões pela manhã, quando olho a hora, vejo que já passa de uma da tarde. Pego o telefone e ligo para a sala da Charlote.

- Boa tarde! Já almoçou, Charlote?

- Ainda não.

- Por que não?

- O senhor estava em reunião, não ia ter ninguém para atender o telefone.

- Da próxima você passa a linha lá para baixo. Depois a moça da recepção te dá os recados. Você pode pedir algo para mim? Aproveita e pede para você também.

- Já pedi. Estou esperando a entrega.

- Para mim também?

- Sim. Você disse que a última reunião ia acabar às 13:00. Então calculei e fiz o pedido.

- Obrigado!

- Nada. Assim que chegar, eu te entrego.

Nunca reparei muito na Charlote, mas agora reparando bem, ela é muito eficiente. Me ajudou em um processo, fez coisas que outras pessoas não fariam em dois dias. Sem eu pedir, comprou meu almoço. E por último, descobriu algo que nem eu, nem um dos meus melhores advogados percebemos.
Já passou a hora dela, mas ela continua trabalhando e só agora percebi, já que eu tive que desligar o vidro dupla face, ou não conseguiria trabalhar com ela dançando na minha frente.
Saio da sala e ela se assusta.

- Já passou uma hora do fim do seu expediente. Não quero ser acusado de exploração.- Ela sorriu.

- Eu nem percebi a hora. Estava relendo algo que achei suspeito no caso Logan Tuner. Vou terminar em casa.

- Esse caso é o da criança morta afogada na casa do pai?

- Sim, esse mesmo. Já está pronto e o julgamento é amanhã, porém, achei algo suspeito.

- Quer carona? Está tarde.- Ela me olha como se tivesse crescido outra cabeça, mas eu não tiro a razão dela, pois, sinto como se realmente tivesse crescido outra cabeça em mim.

- Eu moro longe.

- Não tem importância. Aproveita e me conta o que percebeu desse caso aí.

- Tá certo.- Ela pegou a bolsa e descemos pelo o elevador privativo.

Fomos o caminho todo conversando, ela me contou sua suspeita e marquei uma reunião com o advogado que pegou esse caso. Como a audiência é as nove e ele precisa se apresentar no tribunal às 8, marquei a reunião para às 6:30.

Edmond LamartineWhere stories live. Discover now