Capítulo 18: Seda E Ferro

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Eu viajei pela costa parando sempre que eu podia para comprar qualquer bugiganga que as pessoas tivessem pra vender. Eram itens estranhos, mas divertidos de se colecionar: conchas do mar com cenas pintadas nelas, relógios de todas formas e tamanhos imagináveis, cartões postais, pequenas estátuas e muitos itens que desafiavam a descrição. Eu os deixaria em lugares específicos, esperando que outros os encontrassem e ficassem com eles. Era engraçado ver os rostos dos vendedores quando eu comprava seus itens, e ainda mais divertido ver quem iria encontrá-los em minhas visões nubladas.

Meu ponto de volta deveria ser Nova Orleans novamente, mas eu tentei seguir um pouco mais para o Sul, em direção à Corpus Christie, Texas. Eu não tinha idéia de onde Jasper estava, e Texas e México eram tão grandes que seria quase impossível para mim encontrá-lo, mas minha curiosidade era tão forte que eu tinha que tentar. Sabendo que Jasper estava em algum lugar perto era mais do que frustrante, e eu senti como se eu estivesse tentando encontrar a famosa agulha no palheiro.O homem dos meus sonhos, literalmente, estava por aqui em algum lugar nos milhões de acres de terra árida, e eu estava tentando encontrá-lo de uma simples estrada do Texas.

Eu passei apenas algumas centenas de quilômetros de Beaumont antes de ser forçada a voltar. Quando eu fui caçar na vegetação feia do sudeste do Texas, eu pude sentir o cheiro fraco de vários outros vampiros. Eu fiquei surpresa que tantos da minha espécie estiveram aqui tão recentemente, porque essa área era devastada e bastante desprotegida. Eu observei cuidadosamente com a minha visão e vi um grande grupo de recém-criados de olhos vermelhos, vagando pelas árvores. Minha visão também me mostrou que eu não duraria muito em um confronto. Com as memórias das batalhas do Jasper e nossa própria guerra de clãs na minha cabeça, eu relutantemente voltei para Nova York.

Assim que eu me direcionei de volta, as visões do Jasper começaram a inundar minha mente. Eu tive que parar várias vezes para que eu não batesse o meu lindo carro. A maioria era escura e ilegível, mas a visão de Jasper andando pela porta era ligeiramente mais clara. Agora eu podia ver as cortinas xadrez vermelhas e as claras paredes amarelas da sala de jantar quase perfeitamente. Isso era suficiente para que a viagem inteira valesse à pena, porque agora eu sabia o que procurar no café desconhecido na cidade desconhecida. O palheiro ainda era formidável, mas estava um pouco menor do que antes.

Quando eu cheguei em Atlantic City, eu decidi parar e renovar minha fortuna. A viagem me custou um pouco mais que quinhentos dólares, e eu sabia que eu podia levantar isso em apenas algumas horas nos cassinos lá. Eu teria que ser cuidadosa porque os vampiros de Atlantic City não gostavam que os da espécie deles ficassem gananciosos, mas se eu fosse a muitos cassinos, e me certificasse de perder algum dinheiro em cada, não haveria problema. Ainda que isso fosse claramente trapaça, eu quase sempre ia à Roleta e às mesas de Black Jack. Eles são apostas certas para uma psíquica.

Ao amanhecer, eu tinha ganhado mais de novecentos dólares, e cuidadosamente perdi duzentos para manter os donos dos cassinos felizes, fiquei no meu quarto de hotel, deitada na cama, contando o que eu ganhei. Eu me perguntei se as pequenas lojas daqui tinham algumas boas roupas. Fazia um tempo desde que eu comprei novos sapatos e algumas blusas novas, e eu faria tão bem aos donos das lojas, comprando as roupas deles.

Pelo menos foi isso que eu disse à mim mesma.

Foi bom eu estar deitada de bruços, porque a visão que eu tive era clara e intensa, e me faria cair. Era a mesma do dirigível. Jasper estava novamente sozinho, se escondendo atrás do muro com Maria ainda o chamando de longe. Mas dessa vez, estava mais claro. Muito, muito mais claro.

Eu podia ouvir Maria claramente gritando de longe. Eu podia vê-lo com os joelhos puxados no peito. Ele deitou a cabeça nos joelhos, parecendo derrotado. Meu coração doeu pela situação dele tanto quanto pela sua presença.

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