Capítulo 31

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Cheguei a San Martino. Não era uma cidade grande, era como Notre Ville, na placa de boas-vindas estava especificado que havia 20 mil habitantes. O GPS apontava que meu destino ficava a cinco minutos da entrada da cidade; então, guiei-me por ele e cheguei a uma casa pequena, mas bonita, toda branca e com detalhes pretos.

Meu coração palpitava. Estava tremendo, suava frio. O que pensar, o que fazer agora? Fiquei cinco minutos em frente à porta de entrada, sem coragem para tocar a campainha. E se não for Michael? E se for Michael, o que dizer a ele? E se ele estiver com outra pessoa? E se ele tiver se casado?

Meu Deus, não sei o que pensar. Caramba! Crie coragem logo e acabe logo com isso, espante seus fantasmas! Em um momento súbito resolvi tocar a campainha. Se antes eu estava nervosa, agora estou em pânico; devo estar com uma aparência horrível. Esperei por alguns momentos, ninguém atendia a porta; toquei mais uma vez, e nada novamente; toquei pela terceira vez – meu desespero era evidente –, só que nada de alguém abrir a porta. Estava quase desistindo e indo ao meu carro pra esperar alguém entrar nessa casa.

Olhei para o céu, para a porta, e nada. Quer saber? Vou ao meu carro e esperarei lá até alguém aparecer. Quando me virei para ir embora, eis que Michael estava me olhando...

***

Meu Deus, era Michael... não posso acreditar! Devo estar sonhando, e se estou sonhando não quero acordar nunca desse sonho. Era mesmo ele! Não conseguíamos dizer nada, ficamos pelo menos um minuto sem falar absolutamente nada.

Mas não aguentei. Antes de dizer qualquer palavra, fui em sua direção e em lágrimas lhe dei um grande abraço. Estava chorando incessantemente, não conseguia falar nada. Molhei toda sua camisa só com lágrimas, não vi direito a reação de Michael quando fui em sua direção.

Depois de certo tempo, olhei em seus olhos; ele estava visivelmente abalado com a situação. Tentava parecer forte, mas acho que algo foi despertado em seu interior.

– Michael, não acredito que lhe encontrei! – Disse, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

– O que você está fazendo aqui, Valentina? Como você me achou? – Ele parecia assustado com minha aparição no local.

– Vim te procurar, vim lhe dizer o que realmente sinto, o que realmente sempre quis lhe dizer. Eu entendi sua carta, entendi sua mensagem. Em seu bilhete estava sua localização, as primeiras palavras de cada frase no bilhete.. – Eu dizia freneticamente, me enrolando nas palavras.

– Ele se fez de indiferente. – Você não acha que é um pouco tarde pra isso, não!?

– Eu sei. Olha, me desculpa, sinceramente, a maioria do tempo com você eu escondi meus sentimentos. Eu sei que errei, mas vi que minha vida não tem sentido se não for com você. Por favor, Michael, me perdoe, não estou bem. Tudo em minha vida está dando errado, não faço nada direito, não como bem, não durmo, não sei mais o que faço. – Tentava de uma forma desesperada dizer a Michael o que eu sentia de verdade.

– É sério isso? – Ele refletiu por um momento. – E como você acha que eu passei esse último ano? – Falou um pouco mais alto: – Preso por algo que não fiz, traído pela própria irmã, sem ninguém para me apoiar, sem pai nem mãe, traído na minha própria casa por Elizabeth, e o pior de tudo: não tendo a confiança da mulher que eu amava. Você acha que você está passando por algo grande? Pois vou lhe dizer: com essa vida que levo, o melhor era morrer, só que tenho vergonha na cara e sempre irei superar e seguir adiante. Essa é a verdade. – Ele olhava furioso em minha direção.

O que será que ele quis dizer com mulher que amava?

Não posso acreditar que seus sentimentos por mim acabaram. Conheço Michael, não é verdade, posso ver em seus olhos. E outra coisa, na verdade ele tem razão, o que eu passei perto do que ele já passou na vida não é nada.

Conte-me Seus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora