CAPÍTULO 25

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15 DIAS DEPOIS

– Aqui não, Rogers. Essa sua mania de aparecer sempre em momentos impróprios! – Disse Scarlett, balançando a cabeça em desaprovação.

– Me desculpe, mas precisava falar com você. – Disse Rogers a Scarlett.

– Tomara que seja importante. Vamos ao quarto 2. – E se dirigiram ao quarto.

– Certo.

Eles adentraram ao quarto e trancaram a porta.

– O que é de tão importante que você quer me dizer, Rogers? – Scarlett perguntava impaciente.

– Essa carta chegou endereçada a Michael. É de Valentina. – Ele entregou a carta. ela nem fez menção em abrir.

Scarlett olhou a carta com indiferença. Depois de um tempo, disse a ele:

– Isso não importa mais. Michael está preso e, com todas as provas que plantei contra ele, é bem capaz que nunca mais saia da prisão. – Ela deu de ombros.

– Mas o que faço com a carta? – Ele parecia impaciente por tê-la.

– Faça o que você quiser, isso não me importa mais. Valentina fora uma peça que usei em meu quebra-cabeça para incriminar Michael, e, por se tratar de uma peça, é descartável. Ela não tem mais nenhuma importância pra mim.

– Você acha que algum dia eles irão descobrir o que nós dois fizemos? – Ele perguntou preocupado.

Scarlett começou a rir.

– Como isso será possível? – Ela parou. – Eu não faço nada sem planejar por, no mínimo, várias vezes. Sabia exatamente o risco que estava correndo, a não ser que você deixou alguma pista quando pediu a Rosie para entregar aqueles bilhetes a Valentina. – Disse com um olhar desconfiado.

– Pode ficar despreocupada quanto a isso, não deixei nenhum vestígio de nada que fiz. Chantageei Rosie, conforme você pediu. Ela não pode negar, sabemos coisas da vida dela que ela não quer que venham à tona. – Ele disse com admiração.

– É claro. Minha inteligência é maior do que a dela, do que essas pessoas comuns. Eu só precisava de uma isca. – Disse com um sorriso nos lábios.

– Você viu que era a chance quando Valentina se aproximou dele, não é? – Rogers parecia mais interessado na conversa.

– Isso vai além de Valentina. Rogers, pense um pouco, por favor. – Ela disse com cara desaprovação, pelo fato de ele não entender.

– Desculpe, ainda não entendo.

– Sempre tenho que te explicar tudo, não é?! – Ela revirou os olhos. – Primeiro, meu irmão não estava na casa quando a incendiei. Se ele estivesse lá, tudo já estaria perfeito há algum tempo, e eu já estaria com toda a herança da família. – Ela parou para organizar os pensamentos. – Depois do ocorrido, vi que tinha de fazer algo para amenizar minha situação, pois seria muito óbvio matá-los e fugir. Num primeiro momento deixei as pessoas pensarem isso, pois não importava. Foi quando fui a uma propriedade da família e armei uma isca para Michael me encontrar. – Ela tomou outro fôlego. – Dei a ideia pra ele de ficar em uma casa que não fosse propriedade da família, para não ficar muito na cara. Nesse meio tempo eu planejei tudo: forjei os documentos que diziam que eu tinha um problema mental e me fiz uma vítima, implorando a Michael que me deixasse aqui. Quando ele conheceu Valentina e os dois começaram a trocar cartas, percebi que ele poderia se afastar de mim; consequentemente, o plano que estava arquitetando não ia dar certo. Foi quando pensei de um modo diferente: vi que Valentina poderia ser a isca perfeita para armar algo, e, como pensei, tudo deu certo, como sempre deu. – Ela esbanjava confiança e indiferença ao falar.

– Você é muito esperta, planejou tudo com perfeição. – Os olhos de Rogers brilhavam.

– Por incrível que pareça, você também fez um bom papel. Conseguiu vigiá-lo e interceptar as cartas de um para o outro em todo esse tempo que fiquei naquela casa. – Fez uma pausa. – E também fez um bom papel me batendo para parecer que fora espancada por Michael. – Ela disse sem nenhum tipo de sentimento na voz.

– Contra minha vontade, claro. Não queria que seu rosto ficasse do jeito que ficou. Me arrisquei por isso, e mais ainda em ler todas as cartas dele e de Valentina.

Scarlett fitou-o por um momento e disse:

– Se você não tiver mais nada pra falar, pode ir agora, que tenho muitas coisas a fazer. – E se dirigiu à saída do quarto.

– Certo, era só isso mesmo. – E saíram do quarto.

Eu era muito esperta mesmo. Subornei os vizinhos ao lado da casa que havia ficado para que dissessem aos policiais que ouviam gritos diariamente no local, e avisei a eles para falarem que Michael os ameaçava se contasse para alguém o que ouviam. Sempre fui muito esperta, e por isso sei que não há nada contra mim que faça Michael sair da cadeia.

***

Rogers saiu do hotel e foi em direção ao seu trabalho – ele trabalhava nos Correios da cidade de Notre Ville. Como a carta não iria fazer diferença, ele a colocou no bolso e a levou para os Correios.

Parecia um dia normal. Rogers pensara em como Scarlett era inteligente; uma pessoa dessas tem de se manter por perto. Ninguém gostaria de tê-la como inimiga.

Mas, chegando aos Correios, ele teve uma surpresa:

– Rogers, me acompanhe, por favor, à delegacia. – Disse um policial.

– Do que se trata? – Ele perguntou já se preocupando com a situação.

– O delegado quer falar com você. – Ele se limitou a dizer.

– Sobre o quê? – Ele tentava conseguir algo do policial desesperadamente.

– Ele disse pra você nos acompanhar agora. – O policial olhava firmemente para ele.

Rogers não estava entendendo nada. Por que o delegado queria a presença dele? Será que acontecera algo errado com o plano de Scarlett? Estava começando a se assustar de verdade com a situação.

***

Parecia um dia normal para Scarlett; estava relembrando o que havia feito com Michael. Ela pensava no tanto que fora esperta, havia o enganado, e ele havia caído feito um idiota. Quando divagava em pensamentos no hotel, ela foi abordada por dois policiais.

– Scarlett, o delegado quer sua presença na delegacia agora.

– Mas que saco, Michael já está preso! Já disse tudo que ele fez comigo. – Fez cara de poucos amigos.

– Ele quer sua presença imediatamente. – O policial tinha cara de poucos amigos.

– Certo, mas saiba que será a última vez. Já disse tudo. – E foi relutante à delegacia.

Chegando lá, deu de cara com Rogers, e sentiu uma pontada de medo. Por que os dois estariam lá juntos? Estava confusa.

– Esperei os dois chegarem para dizer algo. – Disse o delegado.

– Fale logo, tenho que voltar ao hotel. Tenho muito a fazer. – Disse Scarlett.

– Certo, serei breve. Os dois estão presos. Tirem-nos daqui! – E apontou para um policial.

– O quê? Eu sou a vítima? Tira as mãos de mim! Por que você está fazendo isso? – Disse furiosa, apontando o indicador ao delegado.

Ele deu um sorrisinho e disse: – Sabemos o motivo de eu estar fazendo isso.

Os dois foram levados da sala.

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