CAPÍTULO 5

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QUINTA-FEIRA


VALENTINA

Acordei. Havia levado um tempo para dormir devido ao que ocorrera ontem. Olhei em meu relógio e já eram 9 da manhã; raramente acordo nesse horário, sempre mais cedo.


Sinceramente, estava com receio de ir à recepção. Não sei o que dizer a ele. Ontem, após ele se despedir de mim, não consegui falar nenhuma palavra, e parece que hoje ainda será mais difícil. Por que tenho esse problema com homens? Não entendo; por mais que seja alguma coisa relacionada ao meu ex-namorado, isso não deveria me afetar de um modo tão forte.


Mesmo assim, levantei, tirei meu pijama, tomei um banho, e fui escolher uma roupa adequada para o dia de hoje. Olhando pela janela, vi que o dia estava bastante chuvoso e frio; então, coloquei minha calça jeans favorita e um blusão por cima de minha camiseta - sinto frio com muita facilidade.


Finalmente tomei coragem e saí pela recepção para me encaminhar para a Stella's café, a cafeteria em frente. Na recepção estava ele, divagando em pensamentos; me parecia preocupado com alguma coisa. Só me notou depois de algum tempo.


- Bom-dia.-Disse sem demonstrar tanta emoção.

- Bom-dia. Como passou a noite? - Ele parecia ansioso com minha resposta.

- Bem. Dormi feito uma pedra. - Menti. - E você?

- Minha noite foi o contrário da sua. Na verdade custei a dormir, não consegui parar de pensar sobre ontem à noite - parou um pouco - e sobre você.

Os seus olhos cravaram nos meus, e o meu coração subitamente começou a bater mais rápido. Não sei explicar o jeito que ele falou, parecia que era verdadeiro, só que falou um tanto quanto triste, parecendo que não gostou do que havia acontecido.

- Olha, sobre ontem à noite, me desculpe. Não consegui pensar em muita coisa depois do nosso beijo, simplesmente congelei. Não sou de sair com muitos homens, e, quando saio, dificilmente rola algo a mais logo no primeiro encontro, sabe? Então, sinceramente não esperava o que aconteceu, mas... - Ele me interrompeu.

- Eu sabia que eu beijava mal, mas não se preocupe. Vou treinar meu beijo, nem que seja com uma laranja. - Disse ele, simulando tristeza.

Ri um pouco.- Você é uma peça, mesmo. O que você disse não é verdade, eu gostei, e muito, e esse foi o problema.

Ficamos alguns segundos sem falar nada, somente contemplando um a feição do outro. O tempo parara, e o que pensei em dizer havia esquecido completamente. Não estava pensando em nada, somente que a noite de ontem poderia acontecer mais vezes.

Quando estava me preparando para dizer algo, ele disse:

- Hoje é o último dia de Congresso, né?

- Sim.- Eu disse.

- Olha, se não for muito cansativo pra você o último dia de Congresso, hoje queria saber se você queria jantar no Palooza. É um restaurante que completou um mês de inauguração hoje, e nem eu mesmo conheço o lugar. Então, por acaso você gostaria de jantar lá hoje?

Ele estava esperançoso com a resposta. Fui pega desprevenida, lembrei-me da noite anterior na mesma hora. Está tudo sendo tão rápido, ainda não sei o que pensar a respeito de Michael; só sei que ele tem algo que me chama atenção, que me atrai. Sempre fui contra algo que é considerado predestinado. Nós fazemos nossas vidas, e os erros e acertos dependem exclusivamente da gente. Buscamos o que achamos necessário. E, nesse momento, tive que tomar uma decisão.

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