CAPÍTULO 28

3.9K 802 21
                                    

Levei mais ou menos umas cinco horas em Notre Ville. Fui desde a cafeteria até biblioteca, passando perto do cinema, pela praça, delegacia, por todos os locais possíveis onde poderia encontrá-lo. Perguntei sobre ele às pessoas que havia conhecido na cidade, mas nada.

Não havia sinal de Michael, mas não desanimei. Na verdade, tem um lugar onde Michael pode estar, tinha quase certeza, e é pra lá que iria agora: Domerville.

Fui novamente para a estrada, em direção a Domerville, para onde fomos em nossa primeira viagem juntos. Estava com esperança de que Michael estivesse lá, não sei bem o porquê, mas estava com uma esperança acima do normal. Lá é o único lugar que ele poderia estar; se não for, não sei por onde procurá-lo mais.

Cheguei à pousada onde ficamos. Estava ofegante, apreensiva. Fui logo perguntando à recepcionista se algum Michael estava hospedado no local.

– Infelizmente não posso fornecer dados de nenhum hóspede. Me desculpe. – Ela disse com um olhar de pena nos olhos.

– Por favor, quero saber só se ele está hospedado aqui. Eu e ele viemos juntos aqui há algum tempo, foi você que nos atendeu. Pode até olhar no sistema aí, se você quiser comprovar. Por favor, preciso muito da informação! Não consigo achá-lo, estou desesperada! – Olhava pra ela de forma desesperada.

Ela me olhou com pena. Nesse momento nem me importava, contanto que ela me dissesse se ele estava ou não aqui.

– Certo, só um momento.

– Ok.

Ela mexeu no computador e em alguns arquivos por mais ou menos uns cinco minutos, e disse:

– Infelizmente não há nenhuma reserva em nome de Michael. Desculpe.

Acenei com a cabeça e saí da pousada. Lembrei-me da cachoeira aonde fomos, lá havia pequenos chalés onde Michael disse que seria um bom lugar para se morar. Imediatamente saí da pousada e fui em direção a esses chalés. Levei meia hora para chegar ao local.

Quando viemos aqui, eu e Michael imaginamos que haveria mais ou menos uns 20 chalés no local. Só que estávamos olhando em um ângulo diferente, pois, quando entrei pela estrada onde se dava a entrada principal do residencial, havia mais de 100 chalés no local.

"Iria dar muito trabalho", pensei comigo. Mas não importa, preciso encontrar Michael, nem que leve um dia, uma semana, um mês para averiguar tudo... eu iria encontrá-lo, tenho certeza.

Chegando à portaria principal, vi que ela era fortemente monitorada. Não tenho a mínima ideia de como vou descobrir algo sobre Michael aqui, mas com certeza irei me esforçar ao máximo.

Chegando ao local onde estava a entrada do condomínio, não sabia bem o que poderia falar para que eu pudesse ter algum tipo de informação sobre Michael.

– Olá, boa-tarde, gostaria de uma informação. Meu marido comprou um chalé aqui mas não sabemos a numeração e nem quando os novos donos irão desocupar o local. – Fiz uma cara mais animada possível diante do que estava passando.

– Bom-dia. Preciso do documento de identificação do seu marido e da escritura do local. – A recepcionista disse.

– Hum, então, meu marido está viajando no momento, e eu estava de passagem aqui. Foi ele mesmo que me pediu para averiguar; na verdade, só queremos saber a numeração do chalé, nada demais. – Disse, olhando para os lados e simulando alguma tristeza em não ter nenhum documento na hora.

– Infelizmente eu preciso de algum documento dele, pra comprovar que ele comprou algum local aqui dentro do condomínio. – Ela parecia irredutível.

Agora complicou minha vida. Como vou saber se ele está aqui? Ele nem me ver quer... Não tenho saída, nunca irei descobrir.

– Não tenho nenhum tipo de documento dele. Infelizmente a única coisa que tenho dele é o seu nome inteiro e nossa certidão de casamento. Espera, que irei procurar ela aqui. – Fingi mexer na bolsa à procura dela.

A recepcionista deve ter se cansado de mim, fez uma cara feia e acabou dizendo:

– Olha, moça, faz o seguinte: não posso te deixar entrar, mas me diga o nome inteiro dele que no sistema eu lhe falo qual o número exato. – Ela nem olhou minha cara quando disse a frase.

– Muito obrigada. Ele comprou quando era solteiro, nos casamos recentemente... o nome dele é Michael Willians.

– Só um momento.

Depois de averiguar em poucos minutos, ela disse:

– Olha, dona, infelizmente não há nenhum registro de Michael em nenhum dos chalés, não. – Ela disse meio pensativa.

– Nossa, você tem certeza? – Praticamente supliquei para ela procurar de novo.

– Absoluta. – Ela deu de ombros.

– Nossa, não posso ter errado o lugar. – Fingi alguma preocupação.

– E infelizmente não há nenhum condomínio de chalés por essas bandas. É só aqui mesmo. – Ela se limitou a dizer.

Desculpa o transtorno. Não sei o que houve, mas irei voltar depois com ele e ver o que aconteceu.

– Sem problemas.

Fui embora; não podia acreditar nisso. Esse era o único local que imaginava onde Michael poderia estar. Não fomos para nenhum outro tipo de lugar... o que Lizzy quis dizer falando "ele disse que você sabe onde encontrá-lo"? Está escurecendo, tenho que voltar, não faço a mínima ideia de onde Michael possa estar. Até que ponto cheguei!

Voltei pelo mesmo caminho. Estava cansada, frustrada, tensa. Várias sensações percorriam meu corpo. Que merda! Como sou estúpida! Por que não confiei nele?! Tenho tantas coisas a dizer para Michael, mas posso nunca mais ter a possibilidade de fazer isso.

Conte-me Seus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora