CAPÍTULO 3

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TERÇA-FEIRA


VALENTINA

Saindo do meu quarto, encontrei novamente Michael na recepção. Não estava feliz com a situação que havia passado no dia anterior. Ele parecia um tanto quanto retraído, não sei bem o porquê; ele estava com roupas leves dessa vez. Não sabia nada sobre ele, mas tentei puxar conversa para que não notasse o constrangimento que passei na noite passada, a respeito da minha pseudopergunta.


– Olá, bom-dia, bom clima hoje, né? – Realmente eu era péssima em puxar assunto pessoalmente com homens.

– Bom-dia, o clima é assim mesmo. Na cidade tudo é muito igual, não há muita diversidade aqui. – Ele disse, olhando à sua volta.

– Entendo. Ontem, ao percorrer a cidade, vi muitos locais. Você me indicaria algum em especial? – Disse sorrindo.

– Hum. Olha, não sei sobre seus gostos, mas acho que você gostará da biblioteca. Certamente, como veio pra cá para participar do Congresso, acho que será uma boa visita. Lá você terá mais privacidade, pois, geralmente, não há muitas pessoas no local. Agora, se for a respeito de comida, posso lhe indicar vários lugares, até porque essa é uma das razões pela qual ainda não saí da cidade. – Ele riu pela primeira vez de uma forma espontânea e real.


Sorri, agradeci por suas informações e me despedi dele.

Saindo do hotel fui fazer um tour pela cidade. Primeiramente, vi em frente ao hotel uma cafeteria chamada Stella's Café. Sinceramente, adoro comer. Não poderia ficar aqui por muito tempo, se não, iria virar uma bola.


Durante meu pequeno almoço, repensei o meu primeiro dia aqui na cidade. Pensei também na frase que disse para Michael. Não sei se o magoou, mas acho que ele se sentiu um pouco desconfortável com o que lhe disse.


Me retirei da cafeteria e fui em direção a alguns dos pontos que queria conhecer da cidade. O primeiro deles era a biblioteca. Caminhei até lá, não ficava a dois minutos do local. Entrando na biblioteca, vi que o espaço vazio era tão grande quanto aquele ocupado por estantes com livros. Num primeiro momento, minha intenção era somente visualizar o espaço.


Quando estava indo embora, percebi um cartaz pregado na parede mostrando algumas curiosidades da cidade. Foi nesse instante que fiquei um tanto quanto curiosa e fui ao encontro da bibliotecária que estava bem ao centro da biblioteca. Quando cheguei a ela, fui recebida com um abraço – sério, um abraço. Ela não me conhecia, mas fez questão de me abraçar. Comecei a gostar dela naquele momento. Ela disse:


– Olá, meu nome é Daisy, seja bem-vinda à Biblioteca Municipal Alfred Júlio. E não se preocupe, adoro abraçar as pessoas, principalmente quando são forasteiros. – Disse ela, sorrindo e ajeitando seu cabelo.

– Olá, me chamo Valentina. – Disse meio desconcertada. – Sem problema. Não estou acostumada com esse tipo de recepção, me senti bastante especial. – Rimos as duas.

– Em que posso ajudá-la?

– Na verdade, havia dado uma passadinha aqui na biblioteca pelo simples fato de conhecer seu interior, mas, agora indo embora, vi aquele cartaz pregado na parede sobre algumas curiosidades da cidade. Como irei ficar aqui para o Congresso – continuei –, eu queria saber se há algum manuscrito, algum livro, algo falando da cidade. Queria conhecer mais daqui.

Conte-me Seus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora