CAPÍTULO 4

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QUARTA-FEIRA


VALENTINA

Pela manhã e à tarde fiquei no quarto corrigindo as provas que havia trazido. Eram muitas, e só havia acabado de corrigir todas por volta de 17h. Nem mesmo saí para comer; havia trazido algumas bolachas, biscoitos, entre outras coisas.


Me arrumei para ir ao Congresso. Dessa vez coloquei uma roupa bastante chamativa. Quando fui em direção à saída do hotel, vi Michael me olhando, e, no fundo, já sabia o que ele achava da roupa que escolhi, pois seus olhos brilharam quando passei por ele. Desta vez só me despedi, pois estava um pouco atrasada, e isso era raro.


Basicamente no Congresso fora falado sobre a ascensão da preocupação com nossa mente. Muitas pessoas estão estudando temas variados, pois pensam que é um componente importante para nossa mente ficar mais destacada entre as demais. Isso é bem verdade; a variedade de informações faz com que nos tornemos diferenciados em vários aspectos, mas há pessoas que não têm um foco específico e acham que, abraçando o mundo, estão se tornando especificamente melhores que as outras. O fato é que precisamos focar em algo que nos propicie felicidade e aprendizado. O que entendi foi que é melhor aprendermos primordialmente uma coisa e a fazermos o mais bem feito possível, do que tentarmos aprender várias coisas e elas não serem bem feitas ou aprendidas.


Saindo do local do Congresso, me encaminhei para a praça onde nos encontramos pela primeira vez. Em nosso segundo encontro, ele parecia outra pessoa; é incrível o que um dia juntos parece ter proporcionado a ele. Estava alegre, conversando muito e até falando coisas pessoais.


Desta vez fomos a um bar qualquer da cidade, não me recordo o nome dele agora. Estava muito entretida com nossa conversa.


– Você sente muita falta de sua família? – Indaguei esperançosa de que ele falasse mais da família.

– Sim, foi complicado o que aconteceu, ainda mais porque eu não pude fazer nada, pois não estava no local. – Ele estava ressentido e triste por falar do assunto. resolvi não aprofundar mais nisso.

– Deve ser complicado, mas por mais que seja difícil esquecer o passado, devemos seguir em frente. Foi uma tragédia, mas você tem que seguir em frente, senão vai remoer o assunto pra sempre. Não vou negar que ainda penso muito sobre o que aconteceu com o Isaac. Foi uma fatalidade, estamos propensos a todo tipo de coisa. Como ia imaginar que aconteceria algo com meu namorado na época?– Isso foi algo que me afetou muito. Isaac morrer daquela forma foi um baque pra mim, e até hoje me recordo daquele dia.

– Verdade. Obrigada pela compreensão, conseguirei superar. Você superou, e tenho certeza que também irei superar.

"Nunca irei superar, mas ela não pode saber disso...".

– Pra onde iremos hoje ao sairmos daqui? – Indaguei pesarosa.

– Olha, que tal uma boate hoje? Claro, se não tiver problemas pra você! – Ele forçou um sorriso comedido.

– Nossa, pra um cara que parece quieto você está me surpreendendo, hein?! – Vi que ele ficou um tanto quanto embaraçado e logo tentei consertar a situação: – Brincadeira, viu?!

– Cancelamos a boate, então – disse com o rosto triste.

– Não, espera. Eu...

– Brincadeira. – Te peguei, você devia ter visto sua cara agora. – Rimos alto.

Conte-me Seus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora