Capítulo 11

4.9K 868 36
                                    

Saindo do restaurante, fomos em direção à praça central da cidade. Ela era bastante movimentada, havia muitas pessoas no local todo dia, era incrível. Pra uma cidade de 200 mil habitantes, isso era normal, mas hoje estava impressionante a quantidade de pessoas no local.


Andamos pela praça que tem um quilômetro de extensão e passamos um tempo sem nos falar, só contemplando a paisagem. Ainda sentia que Michael estava, de alguma maneira, magoado comigo, não pelo que eu havia dito, mas sim pela forma como havia falado. Realmente deve ser algo complicado mexer com as lembranças de uma pessoa assim.


- Me desculpe por ter falado daquele jeito, não tive a intenção de dizer aquilo da forma que foi dito. - Disse quase como um sussurro.

- Não tem problema. - Disse com a cabeça baixa.

- É sério, não tive a intenção de te fazer lembrar do que ocorreu, eu sinto muito. - Agora eu me peguei olhando pra baixo, percebendo que não foi bom o que havia falado.


Ele sorriu e depois começou a falar: - Minha irmã é o oposto do que me tornei agora. Ela sempre falara demais, sempre tinha uma opinião própria, era o tipo de pessoa que dificilmente admitia que estava errada, tinha um gênio muito forte. Era muito protetora, nunca me deixava ficar pra baixo. O problema é que ela sempre deu muito trabalho à minha família, sempre arrumava confusões. Parece que ela gostava de provocar meus pais, e sempre tinha um jeito de se safar. - Continuou: - Ela sempre foi muito inteligente, a mais inteligente da família, ela fez um teste de QI que deu exatamente 160. Era, pra maioria, das pessoas difícil lidar com ela, mas quando gostava de alguém, ela gostava pra valer.


Vejo que ainda dói muito a lembrança em relação à sua irmã, há algo que já tem um tempo que fiquei curiosa pra saber sobre o acidente, só que acho que nunca irei ter coragem de perguntar a ele. Me parece que a irmã dele deve estar envolvida com algo, até porque ela nunca foi encontrada, simplesmente sumiu. Mas por que será que sumiu?


- Eu sinto muito pelo que aconteceu, e pelo fato de sua irmã nunca ter sido encontrada.

Peguei em suas mãos. Foi automático, na verdade nem eu esperava isso, mas o fiz. Depois lhe dei um abraço bem apertado e disse:

- Eu estou aqui, pode contar comigo, sempre. - Disse, passando a mão em seus cabelos.

- Obrigado. Não há muitas pessoas com quem posso contar. Fico feliz em saber que você está ao meu lado.

Depois de alguns segundos abraçados, olhei fixamente em seus olhos e disse:

- Estarei aqui para o que você precisar, não se preocupe. - Disse, olhando em seus olhos que me atraíam para junto dele.


Neste momento ele sorriu de uma forma sincera, passou uma mão em meu cabelo. Com a outra, deslizou o polegar em meu rosto e disse:


- Eu já lhe disse que você é linda?

- Hum, acho que não, viu?!- Fingi puxar alguma coisa na memória.

- Então sou um idiota, pois você é mais do que linda. Ainda não vi defeitos em você. - Falou, me fitando.

- Acredite, tenho muitos. Com o tempo você irá descobrir.

- Na verdade, eu pretendo descobrir, sabia?

- É sério, sou problemática, viu?! Não sei se você irá me suportar!

- Acho que vale a pena o esforço. Não são muitas mulheres que me dão uma pequena moral igual à que você me deu.

- Sei. Se você morasse aqui, tenho certeza que não ficaria nem um mês sem arrumar uma namorada. - Disse um tanto quanto incrédula.

- Hum, bom saber. Já está me convidando para morar aqui? Você é rápida, hein?! Mas foi bom você dizer isso... se por acaso você me dispensar, é bom saber que aqui é fácil de eu me relacionar com alguém! - Deu aquele sorrisinho lerdo de sempre e me fez chegar ainda mais perto dele.

- Idiota. - Disse rindo. - Não foi isso que quis dizer, você entendeu bem o que foi.

Nesse momento ele me abraçou forte, chegou os lábios perto dos meus ouvidos e disse bem baixinho:

- Sinceramente, a única pessoa da cidade que no momento importa pra mim é você!

- Que coincidência! - Disse espantada.

- Por quê? - Ele indagou confuso.

- Porque a única pessoa que me importo sou eu também! - Eu disse, tentando fazer uma cara séria.

- Você se tornou engraçadinha ultimamente, né? - Ele me olhou incrédulo.

- Pois é, é o convívio com uma "certa" pessoa! - Fiz movimentos em círculos na camisa dele.

Ele riu. - Adoro seu jeito. Você não é nada previsível; adoro isso em você.

- Apesar de você ser muito enigmático, também gosto muito do seu jeito. Além de tudo é bonito, simpático e parece gostar pelo menos um pouquinho de mim.

- Isso é verdade, não ache que gosto muito, não, é bem pouco mesmo, viu?! - Disse tentando, mas não conseguindo fazer uma cara séria.

Ri. - Mas pra mim já é o suficiente.


Neste momento ele chegou mais perto ainda de mim, colocou as duas mãos em meu rosto e me beijou. Adorava o modo como ele me beijava; era algo voraz e decidido ao mesmo tempo. A meu ver, tinha uma ânsia, uma necessidade.


Nos beijamos por vários minutos; não falamos nada, só aproveitamos o momento. Vi que não havia escapatória; o que estava sentindo por Michael aumentava a cada dia que passava. Eu precisava dele, queria esquecer o meu passado, e, a meu ver, ele seria uma pessoa com quem eu poderia tentar seguir em frente.


Após nos beijarmos, ficamos abraçados por um longo tempo. Não vi as horas passarem, queria que o tempo parasse enquanto estava em seus braços. Estava me entregando, e, no momento, não sabia se isso era bom ou ruim.


- Pra onde iremos pela noite? - Ele perguntou.

- Deixarei você escolher algum lugar.

- Sério mesmo? Qualquer lugar? - E fez uma cara de safado.

- Você entendeu, Michael.

- Ah, sim. Entendi muito bem. - Deu uma piscadinha.

Rimos os dois.

Conte-me Seus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora