Capítulo 20

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Travei. Meu Deus, o que é isso? Não posso acreditar que alguém possa ter feito isso com uma pessoa, é desumano. Imediatamente tentei girar a maçaneta; a porta estava trancada. Procurei algo para que pudesse tentar abrir a porta. Avistei um pequeno machado ao lado da casa... não tinha muita força e, mesmo assim, acertei-o com força repetidas vezes na porta. O buraco da porta foi ficando cada vez maior, e, mesmo com todo esse barulho, a mulher que estava amordaçada parecia estar inconsciente. Levei pelo menos uns três minutos para conseguir um vão para conseguir adentrar o local. Entrando lá, imediatamente fui ao encontro da mulher que ali estava. Quando tirei sua mordaça e tentei a levantar, levei um tremendo susto. Ela gritava:

– Não, pelo amor de Deus! Não me machuque mais, eu não aguento mais! Por favor, me mate! – Disse aos gritos, escondendo seu rosto.

– Calma, estou aqui para te ajudar. Irei te desamarrar e ligar para a polícia. – Tentava acalmá-la.

– Não! – Ela gritava. – Ele irá descobrir e me matar! Por favor, não! – E começou a chorar copiosamente.

– Por favor, respira! Irei te tirar daqui. – Minhas tentativas de acalmá-la não estavam surtindo efeito. Ela estava incontrolável.

– Ele é um monstro. Não o deixe fazer nada mais comigo, por favor, eu lhe imploro!

– Calma, irei ligar para a polícia, do meu celular. Tente se acalmar, por favor! – Imediatamente peguei meu celular.

Eu estava em pânico. Nunca pensei que algo assim poderia estar acontecendo comigo. Era um pesadelo real; nunca havia presenciado uma cena que chegasse ao menos perto dessa que está acontecendo aqui. Liguei imediatamente para a polícia, disse que era uma emergência, que uma pessoa estava bastante machucada e sangrando no local. O atendente disse que iria mandar os bombeiros e algumas viaturas para o local. Dei meus dados ao policial; foi aí que me dei conta de que não sabia quem era a mulher que estava aqui, mas, quando olhei para o lado, ela estava com os olhos fechados, não podia perguntar quem era no momento. O máximo que poderia fazer era esperar ajuda.

***

Após 15 minutos, duas viaturas de polícia e uma do corpo de bombeiros chegaram ao local. Imediatamente, duas pessoas do corpo de bombeiros, junto com dois policiais, entraram no local. Os policiais averiguaram a casa; ela estava limpa, só havia a mulher no local.

Os primeiros socorros foram prestados na ambulância; a moça agora estava consciente. O sargento policial Charlie, neste momento, se aproximou dela e perguntou:

– Desculpe a situação, mas você sabe o que aconteceu pra você estar aqui neste lugar? Qual seu nome? – Ele indagava a mulher.

Ela começou a chorar copiosamente, e suas palavras saíam enroladas. Ela estava magra, com o cabelo todo bagunçado, e olheiras. Parecia estar sofrendo há bastante tempo.

– Ele irá me matar. Por favor, me ajudem! – E chorava, colocando o rosto entre suas mãos.

– Quem, moça? Quem te colocou aqui e por quê? – Ele perguntava pacientemente.

– Ele não aceita o fato de ainda estar viva. Ele quer me punir, igual fez com minha família. – Parecia muito abalada

– Qual o nome dele? E qual seu nome? – O sargento perguntou mais uma vez.

– Meu nome é Scarlett, e meu irmão se chama Michael. – E começou a chorar disparadamente.

Meu estômago embrulhou no mesmo momento. Não podia acreditar no que acabara de ouvir, era um equívoco. Só agora que havia visto o celular de Michael no bolso dela. Não é possível que ele seria capaz de fazer uma coisas dessas, não Michael. Ele sempre fora carinhoso, sempre falou de uma forma tão especial da irmã... não era possível ele ter feito algo assim! Não posso acreditar, não quero acreditar que isso possa ser verdade.

– Certo, moça. Você tem certeza que foi seu irmão quem fez isso? Há quanto tempo você está aqui? – Ele anotava algumas coisas numa espécie de bloco.

– Tenho, sim! – Gritava. – Estou aqui há um ano, merda! Todo dia ele vem aqui ver como estou, deixa alguma comida, e depois me bate. Essa é minha vida durante este último ano. – Ela urrava e apontava para a casa, mas seus ferimentos me chamavam bastante atenção; pareciam bem recentes.

– Se acalme, moça. – Ele chamou o companheiro que veio com ele na viatura. – Cabo, venha cá. Evacue o local, tire todas as viaturas daqui. Irei ficar dentro da casa. Pelo que ela disse, em aproximadamente uma hora ele estará por aqui. Iremos pegá-lo em flagrante. – Disse decidido.

Não podia acreditar no que estava ouvindo, Michael não faria isso. Quero acreditar que ele não é capaz de fazer algo nesse sentido. Estava imersa em meus pensamentos quando, de repente, o sargento pegou meu braço e disse:

– Você precisa sair daqui agora. Vá com o cabo e espere até finalizarmos. Tire seu carro do local para não levantar nenhuma suspeita de que o lugar foi encontrado, siga a viatura. – E apontou para onde deveria ir.

Obedeci e fui em direção ao meu carro. Liguei-o e, então, acompanhei a viatura. Ficamos a mais ou menos uns 200 metros do local, na direção oposta da que eu cheguei. O sargento estava dentro da casa. Ficamos esperando se havia algum movimento, até que meu coração gelou. Era o carro de Michael indo em direção à casa vermelha e amarela.

***

MICHAEL

Fui ao hotel, Valentina não estava. Que estranho... aonde Valentina poderia ter ido? Jéssica me disse que ela havia saído há uma hora, já. Não podia esperá-la por muito tempo, tenho alguns lugares pra passar. Além de tudo, perdi meu celular, que droga!

Peguei meu carro, fui em direção à saída da cidade. Fazia tempo que não estava tão feliz na vida igual estou neste momento; é algo que não consigo descrever com palavras. Percebi que amo Valentina com todas as minhas forças, e vou fazer de tudo para que, conforme o tempo passe, consiga amá-la ainda mais.

Hoje é o dia que terei de ter muita coragem. Irei contar a verdade a ela, espero que perceba que o que fiz, o que faço é tudo por uma boa causa. Estou cansado de viver com segredos e pretendo, de uma vez por todas, aliviar essa pressão que sinto em meu coração e contar toda a verdade a ela.

Saindo da cidade, me encaminhei por uma estrada de terra em direção a um certo local. Meus pensamentos estavam em Valentina; havia poucas coisas na vida que eu me importava, e uma delas era ela. Havia estacionado meu carro ao lado de uma casa quando percebi que a porta do local aonde iria estava entre aberta e quebrada.

O desespero tomou conta de mim; não é possível que ela tenha fugido. Imediatamente me adentrei a casa. Neste momento, fui abordado.

– Aqui é o sargento Charlie, da Polícia de Notre Ville. Você está preso. Você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que você disser poderá e deverá ser usado contra você no tribunal. Você tem o direito de ter um advogado presente durante qualquer interrogatório. Se você não puder pagar um advogado, um defensor lhe será indicado.

– Mas, o quê... O que você está fazendo? – Me virou e me algemou bruscamente. não tive nenhuma reação.

Tudo se passou tão rápido. Não sabia o que estava acontecendo, porque eu estava sendo preso. Não sei o que penso agora... estou sendo levado para algum lugar. O que Valentina irá pensar de mim?

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