CAPÍTULO 2

14.6K 1.4K 61
                                    

SEGUNDA-FEIRA


VALENTINA

Fiz o básico: acordei, tomei café, alimentei Jeff e fui ao banheiro tomar um banho. Ontem consegui colocar tudo em ordem em minha casa. Onde moro é um local fácil de se arrumar, consigo conciliar bem tudo ao meu redor. Como vivo sozinha, não há nenhuma surpresa quando chego em casa, a não ser os presentinhos de Jeff.


Hoje é o dia da viagem, havia pesquisado sobre o trajeto para se chegar a Notre Ville. Não é muito difícil de encontrá-la, é uma cidade pequena que tem 10 mil habitantes e, mesmo que seja, levarei meu GPS, o que sempre faço quando vou a qualquer cidade. Como de costume, no dia anterior deixei tudo que levaria arrumado, para evitar contratempos.


Hoje faz três anos do falecimento do meu namorado. Eu tinha 22 anos na época de sua morte, esta data ainda me dói muito; neste momento poderia estar casada, quem sabe teria filhos, estaria feliz e me sentindo realizada. Mas tudo está ao contrário e nem ao menos me considero realizada totalmente. Depois do incidente com ele, nunca mais consegui namorar, havia sempre um rolinho ou outro, mas nada que avançasse; ainda tinha ele na memória, não sabia se conseguiria algum dia gostar de alguém como aconteceu com ele.


É chegada a hora, 150 km me separam do meu destino. Tomei alguns remédios para melhorar a dor de cabeça que insiste em me lembrar do ser humano vulnerável que sou. Pelo menos esta semana, prometo pra mim que esquecerei todos os problemas relacionados à saúde, ao trabalho e à família.


Quando soube do Congresso, fui pesquisar algumas informações sobre a cidade, só que a comunicação telefônica deixou um pouco a desejar. Nunca fui fã de internet, sempre gostei de comunicação pessoal, tive de ligar em vários hotéis para saber informações de preços, comodidade, infraestrutura, entre outros. Dos cinco hotéis disponíveis na cidade, só consegui falar em dois, e, com isso, não tive muita opção de escolha, acabei por escolher o mais perto do local onde iria acontecer o evento.


Cheguei a Notre Ville ainda pela manhã, vi que era uma cidade pacata e que havia pouquíssimas pessoas na rua, e logo na entrada percebi que era uma cidade moldada pela história.O hotel em que me hospedarei se chama Jamiscam, nome engraçado... depois quero saber o motivo pelo qual o dono colocou um nome desses. Sou muito curiosa, o dono deve ser um cara, no mínimo, engraçado.


Chegando lá vi um cenário humilde, mas com uma organização fora do normal; estava tudo perfeitamente alocado e alinhado, tive uma ótima impressão. Ao chegar à recepção me surpreendi, vi que o hotel não dispunha de um computador. Pelo aspecto da cidade, deduzi que a maioria dos estabelecimentos deve adotar esse modelo de anotação em algum diário ou documento especial.


Me dirigi à recepcionista para confirmar meus dados.

– Olá, bom-dia, meu nome é Katie. Em que posso ajudá-la? – Disse uma moça bastante sorridente e prestativa.

– Bom-dia, o meu é Valentina. Tenho uma reserva aqui de hoje até sexta-feira. – Devolvi o sorriso.

– Tudo bem, me empresta sua identificação? – Entreguei a ela. – Ela se sentou, vi que estava grávida, cerca de sete a oito meses, não sei ao certo. Ela procurou minhas informações em um bloco de anotações. "Definitivamente o hotel não dispunha de um computador", pensei.

Conte-me Seus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora