Família

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Dias depois.

𝙻𝚘𝚐𝚊𝚗.

Era a última audiência, que definiria se Ricardo, seria ou não, inocentado.

Eu me encontrava extremamente ansiosa, angustiado e cheio de dúvidas, pelo que aquele júri iria decretar, seria um veredito só, para todos nós ali, Charles se sentiria péssimo por não ter conseguido ganhar, mesmo que soubesse do seu profissionalismo e sua competência, era visivelmente um homem ambicioso, queria vencer —, não seria fácil suportar o contrário, depois de todo seu esforço.

Micaela foi presa e Pietro também, após quase morrer de hemorragia devido ao tiro.

— Estarei com você, enfrentaremos tudo. — Garanti a minha esposa, lhe dando um beijo lento e molhado por causa da água que caía no chuveiro, sob nós dois juntos.

— Eu vou voltar, trazendo nosso bebê, você está bem com isso? — Ela disse, deslizando os dedos sob minha cicatriz do abdômen até a virilha, que ela bem conhecia em mim. Juntei o corpo nu dela ao meu.

Seria nosso último momento juntos, dependendo daquela palavra que seria dita pelo juiz, Emma e eu ainda iríamos ter nosso último encontro romântico ali.

— Sua decisão já foi tomada, eu respeito e entendo, você merece ter isso, merece paz, se desligar das coisas que viveu aqui. — Emma selou nossos lábios com intensidade.

— Eu jamais vou querer me desligar de você, não importa quanto tempo passe, se você quiser, pode vir comigo, Logan, vamos ver o museu do louvre, é um convite. — Ela sorriu ainda em meus lábios, que delícia de sensação era a de tê-la comigo, naquele sossego, mesmo que durasse pouco...

— Independente do veredito, eu aceito seu convite, aceito ir com você até o fim do mundo, monamour. — Sussurrei a abraçando com força, nós dois rindo.

Amava aquela risada, estávamos felizes.

— Raven e Lilian irão, adorar te conhecer... Talvez até a rabugenta da Helena. — Falou minha francesa, dando selinhos em meu ombro largo, sua barriguinha já começava a surgir e encostar em meu abdômen.

Logo teríamos um filho, como aquilo era incrível de se imaginar, de se sonhar.

— Mas, só com a condição de que você aceite ir para o México comigo, ano que vem, que tal? — Ofertei sendo manhoso, a tirando do chão naquele abração apertado.

Emma gargalhou se divertindo.

— É óbvio que sim! Vamos todos juntos! Como uma família. — Ela proferiu a última palavra com tanto orgulho, cheia de si.

Iríamos nos reencontrar novamente.

Almas gêmeas nunca se separam uma da outra, elas podem se manter distantes, às vezes adormecer... Mas nunca se separam.

— Te amo, te amo, te amo! — Nós dizemos um ao outro, os narizes coladinhos em um gesto romântico e meigo, minha esposa, meu grande amor, aquela que eu nem sequer imaginava esperar, e chegou na minha vida de uma maneira arrasadora.

Completamente apaixonado.

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No tribunal.

Entrei segurando o ar nos pulmões, de maneira tensa, olhar para Ricardo piorou a situação, eu não conseguia ver nele, aquele amigo de infância, que cresceu junto comigo, aquela criatura sentada em uma mesa com seu advogado, era invejoso, ganancioso e mal caráter demais.

Olhar para Lívia e Julian que estavam de mãos dadas no auditório, me fez sentir um pouco mais de segurança, conforto, aqueles dois não assumiram namoro, porém eu e Emma, já percebemos a segurança dela nele, o bloqueio do toque foi vencido com muita compreensão e paciência dos dois.

Charles tinha tanta tensão acumulada nos ombros caídos, que mal respirava direito.

Eu contei naquele testemunho, que Ricardo nunca tinha apresentado indícios de comportamento agressivo, pelo contrário, sempre tentava manter a maior calma possível quando nos metemos em confusões, como na vez da viagem a qual Emma também foi, não menti no meu testemunho, sabia que ser sincero era essencial para fazer o júri acreditar que ele era um dissimulado e psicopata manipulador. Julian o conhecia bem também e mesmo não testemunhando, podia confirmar todas as minhas palavras ditas naquele testemunho contra Ricardo.

— Todos de pé, vossa excelência... — Anunciou o policial parada em frente ao palanque do juiz, nós levantamos, dei a mão para minha mulher e nos olhamos.

— O júri chegou a uma decisão. — Falou o juiz, analisando o papel em suas mãos.

Charles teria um ataque logo, logo.

Emma havia tomado seus remédios para ansiedade, por isso se manteve paciente e tentou fazer exercícios de respiração, afim de se manter firme suficiente para esperar.

— O júri declara que o réu; Ricardo D'Angelo, acusado dos crimes; ameaça, extorsão de dinheiro, assassinato, tentativa de homicídio... — Eram tantos crimes que até ignoramos essa parte dita pelo juiz.

— O réu tem algo a dizer antes do veredito? — Perguntou o juiz de olhar rígido e sério.

Todos dirigimos olhar ao Ricardo, de algemas nos pulsos e macacão laranja de presidiário, perante todos nós ali no tribunal. Não importava o que ele respondesse... só o queríamos preso.

— Eu não sei, meritíssimo, se um dia terei minha redenção, ou se vão me perdoar, e realmente não me importo... — Ele deu pausa antes de dar continuidade.

— O que eu peço, é que; em nome da condolência deste júri, que me deixem ver meu filho, pelo menos uma vez no ano... Eu não tenho mais família, é tudo que tenho a dizer, por favor excelência... Ele é tudo que me restou. — Ricardo tinha olhos marejados, quem não o conhecia, realmente poderia acreditar naquilo.

Aquele monstro, sendo pai... Cuidando de uma criança... aquilo me deu nojo.

Ele não estava arrependido, apenas queria se fazer de vítima, manipular a situação.

O juiz manteve a expressão impiedosa.

— Por unanimidade do júri, o réu; Ricardo D'Angelo, foi considerado, culpado, o sentencio a prisão perpétua, sem direito a fiança, podem levá-lo, audiência encerrada. — Nós vibramos de alegria e contentamento, Emma pulou nos meus braços e eu a abracei, girando seu corpo, a tirando do piso, Lívia soltou um gritinho animado e deu um beijo consentido em Julian, Charles apenas gesticulou em sinal de vitória e Ricardo foi levado. Olhando para nós de relance, provavelmente desejando tudo de pior, até a morte a nós.

— Vencemos família! — Gritou Emma, exalando vigor e finalmente, paz.

Nós cinco nos abraçamos juntos, fazendo uma roda e dando gargalhadas de felicidade. Estava acabado, nós conseguimos derrotar aquele maldito.

O sol brilhava outra vez sob nós.

— Eu fico muito feliz e satisfeito, de ver que meu esforço valeu a pena, vocês são vencedores, teem meu respeito por ter enfrentado tudo isso, sem desistir. — Disse Charles, orgulhoso do rumo que havia tomado, aquela situação angustiante e dolorosa para todos nós, de alguma forma.

— Vamos para casa, temos muito a comemorar. — Emma falou, sorrindo de forma linda e contagiante, eu me sentia feliz e triste ao mesmo tempo, pois sabia que aquilo era o início de um adeus, quanto mais o tempo corria, mais perto chegava a hora de vê-la partir, de nos distanciarmos.

Era pelo bem dela, mas ainda sim, doía muito saber que não a teria comigo por um longo tempo... teria que ser forte suficiente.

Liars and treacherous looks|Trilogia Dangerous, livro IIWhere stories live. Discover now