Acorde amor

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𝐋𝐨𝐠𝐚𝐧.

Me aproximei a passos lentos da cama, sentindo cada batida do meu coração doer, em vê-la assim, tão apagada, tão fragilizada - Emma nunca foi fraca, muito menos gostaria que eu a tratasse assim, feito uma boneca de cristal.

Me aproximei a passos lentos da cama, sentindo cada batida do meu coração doer, em vê-la assim, tão apagada, tão fragilizada - Emma nunca foi fraca, muito menos gostaria que eu a tratasse assim, feito uma boneca de cristal

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Está em coma faz meses, a recuperação tem sido lenta, o quadro instável. Os médicos dizem que está fora de perigo, porém não há estimativa de quando irá acordar - pode ser daqui a um ano, daqui a duas semanas, amanhã...É imprevisível.

Este monte de fios ligados a ela, o bip que já acostumei ouvir depois de tanto tempo estando ao lado dela por horas...tem sido um tormento. Desejei do fundo da alma que ela acordasse e renasça novamente, como a estrela universal que era, como o raio de luz da manhã morna e fascinante.

Apenas um piscar, apenas um movimentar de pálpebras e tudo mudararia.

Acorde amor, você tem um longo caminho pela frente ainda...precisa voltar.

- Perdão, perdão por ter falhado contigo, por não ter falado o quanto te amava quando podia...perdão meu anjo. - Não contenho as lágrimas que escorrem, ergo a mão dela que seguro com minhas palmas e dou um beijo molhado por minha dor.

Não era justo, não era justo que ele ainda esteja vivo e que isto não seja um pesadelo.

Odiava aquele quarto mórbido, aquele clima opressor, angústia e medo, sufoco.

Tanta coisa para pensar, mas o mundo paralisava por inteiro quando estava diante dela...nada mais importava, éramos apenas duas almas ainda imaturas e vítimas desta maldição que foi o Ricardo em nossas vidas.

Ele destruiu a vida dela, lentamente e depois ainda deu outra cruel punhalada ao confessar que matou Joseph.

Maldito assassino, o odiaria para sempre.

- Eu prometo que ele vai pagar por tudo o que fez, não voltarei a falhar contigo novamente estrela minha. - Acariciei seus fios espalhados sob o travesseiro branco, assim como o resto da roupa de cama que cobria o corpo dela.

Havia passado noites dentro daquele quarto, revirado tantas vezes a minha própria mente e me perguntando o quão doloroso deve ser estar preso a mercê da dúvida - Emma não sabia quem havia matado Bennedict, mesmo assim não acreditava que ele tivesse tirado a própria vida, o seu avô não faria isto...e não fez.

- O advogado está lá fora já. - Informou Julian entrando no quarto de repente.

- Estou indo, só mais cinco minutos. - Pedi baixinho, ultimamente não tinha forças...aquilo devorou toda vitalidade alegre que eu tinha.

Desde o momento em que vi o corpo dela ensanguentado em cima da maca, a expressão de pavor que engoliu seus olhos antes de fecha-los é estar aqui agora, destroçou minha alma.

Soltei a mão dela e dou um beijo em sua testa morna.

Parecia um anjo...era na verdade.

- Já volto meu amor. - Sussurrei baixinho distanciando o rosto do dela, adormecido...sentia vibrações internas inexplicáveis, como se através da conexão do nosso toque, ela quisesse transmitir algo - e não conseguia - estava sufocada, aprisionada e silenciada.

Segui Julian até a recepção do hospital e de lá pegamos o elevador e descemos até o térreo, atravessando a rua e indo a cafeteira que era em frente ao hospital Marian Bassos.

Meu irmão ficava quieto e inexpressivo o tempo todo, todavia eu sabia que não havia consolo que ele pudesse dar que fosse suficiente para me confortar, me deixar aliviado...ainda sim, não perdia a esperança. A esperança é o que mantém o coração frio vivo.

Entrei na cafeteira empurrando a porta de vidro e avistei um casaco preto e uma cartola elegante igualmente preta, no fundo do lugar.

Lancei um olhar a Julian querendo discutir o porquê daquela figura a qual ainda não havia visto o rosto ser tão discreto e rígido em postura.

- Não me olha assim. - Murmurou Julian livrando-se do peso das questões.

Apenas segui em frente até o tal advogado que segundo meu irmão mais novo era o melhor a ser indicado.

Sentei em frente ao desconhecido estendendo a mão para cumprimenta-lo.

Tinha alto familiar e agradável em seu rosto...estranhamente o considerei bem.

- Logan Pierce. - Me apresentei após solta a mão gélida do homem pálido que aparentava ter pouco mais de cinquenta anos e tinha expressão simpática e culta sob a face.

- Charles, Charles Deveraux. - Se apresentou o homem muito sério e que não desfez o contato visual nem por um segundo até agora - Julian sentou do meu lado e o cumprimentou sem gesto.

- Meu irmão me disse que é um dos melhores advogados de Nassau. - Comentei querendo ter pelo menos um olhar sincero, de mentiras estou farto já.
Encarei Julian que também me encarou buscando ter a mesma coisa vinda dele.

Charles abotoou o último botão superior do sobretudo e sorriu fraco.

- Modéstia a parte, sou bem eficiente no que me presto a fazer...e corrigindo, sou um dos melhores do meu pai Natal, daqui já não sei dizer. - Corrigiu o homem dos olhos escuros e misteriosos.

Senti as mãos formigarem.

Onde era o país natal dele? Como lidava com os casos lá? Porque estava ali agora?

- Se mudou para cá faz pouco tempo? - Era justo que eu soubesse, já que provavelmente usaria dos serviços dele.

Charles moveu os lábios em reprovação.

Analisei cada centímetro daquele rosto estranhamente já familiar, mesmo que nunca o tivesse o visto antes na vida.

- Não vamos falar sobre minha mudança referente a vida pessoal, e sim sobre o seu caso senhor Pierce. - Foi bem direto e convicto ao dizer tais palavras, o assunto fora jogado no lixo sem mais delongas. Julia engoliu a seco desconfortável, desviando o olhar dos olhos sombrios do homem que parecia lançar laser pela mente, em meu irmão ansioso.

Ansiedade: Remoí o gosto amargo da palavra que a meses atrás quase tirou a vida da Emma.

Embrulho tomou meu estômago ferozmente.

- Logan? - A voz barítono com sotaque curiosa tirou minha hipnose particular.

- Desculpe, são muitas contas para lidar...em relação ao caso, contarei do início. - Respondi ajeitando a postura e cruzando os dedos sob a mesa vermelha e branca em círculos combinando.

Cada simples movimento de Charles era elegante e preparado, parecia bem experiente, bem atento a tudo a seu redor, como um animal tentando identificar seus inimigos predadores ou qualquer outro tipo de ameaça - cada pessoa que passava era uma rotação curta de cabeça, parecia estar um tanto paranóico.

Estava na hora de começar novamente aquele círculo desgraçado que me levaria a perder algo valioso em minha, certeza absoluta. Apenas não sabia o que ainda.

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Nós precisamos ser tocados por quem amamos, quase tanto quanto precisamos do ar que respiramos✵

¬ Five feet apart.

Liars and treacherous looks|Trilogia Dangerous, livro IIWhere stories live. Discover now