Projeto

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𝙹𝚞𝚕𝚒𝚊𝚗.

Lambi mais um pouco do meu sorvete de casquinha, sentado de frente para ela.

— O que pensa em fazer depois que acabar a faculdade? — Disse a ruiva que mordia sua casquinha de sorvete também, afastando os cabelos lisos que voavam ao vento por causa da intensa maré litorânea.

— Quero conseguir um emprego, talvez em uma instituição privada, e também fazer um projeto para crianças carentes. — Respondi observando a movimentação do cais a nossa volta, Julian sorriu esbanjando seus lábios carnudos pintados de vermelho.

— Aonde pretende começar? — Questionou a mulher de vestido rosa choque sem alças.

— Por aqui mesmo, não é somente na África que tem crianças precisando de comida, é no mundo todo, e pretendo começar por aqui, pois preciso ajudar meu povo...tem uma incontável quantidade de mentes brilhantes Lívia, não posso deixar que elas sejam apagadas pelas condições sociais da família e do governo mal conduzido. — Falei me aprofundando, criando várias expectativas e modelos de como eu poderia pôr aquilo em prática.

— Logan, me disse que quer fazer um pedido à Emma quando ela acordar...precisa falar com ele. — Informou Liv desanimada, parecendo preocupada.

— Ele ama ela desde muito antes desse inferno todo que viveu, eu imaginava que ele faria fazer o pedido bem antes...as coisas não fluíram como eles sonhavam, mas agora teem a chance de viver este sonho, só não sei quando isto vai acontecer, porque sempre acontece uma tragédia. — Falei sentindo amargura na boca.

Eu não queria aquilo para mim, não queria ser prisioneiro do amor, mesmo que não fosse culpa deles...doeria demais, me arrasaria não poder ter o meu grande amor em mãos, não poder desfrutar da paixão.

— Isto deve te afetar muito...o Samuel é tão pequenino, nem imagino o pavor do coitadinho. — Disse Liv cabisbaixa.

Suspirei profundamente.

Tinha tanto a ser resolvido ainda.

Leonel havia desistido de pegar a guarda do Samu, mesmo assim não ia se dar por vencer, ele era traiçoeiro...não podia negar...mesmo depois de tê-lo perdoado.

— Já considerou a possibilidade de dar a guarda provisória para seu pai? Acho que com toda essa confusão, a cabecinha do pitico pode ficar muito traumatizada, é muita coisa para uma criança tão nova... — Sugeriu Lívia, e foi uma boa ideia até.

Lívia não tinha irmãos, mas acreditei ter sofrido muito na infância, por isto falava com tanta propriedade...experiência própria, eu compreendi de alguma forma.

Todo ser humano sofre, alguns só não estão prontos para aguentar tanta carga assim.

Entrei no quarto em passos calmos

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Entrei no quarto em passos calmos.

— Como você está? — Micaela voltou sua atenção para mim quando perguntei.

— Estou bem, quebrei o nariz, mas já foi encaixado de volta no lugar...e o braço. — Ela indicou com o olhar sua tipoia azul.

— Tem ideia de quem sejam aqueles homens? — Perguntei mesmo sabendo que a polícia estava vasculhando até dentro da torneira na nossa casa enquanto isso.

Micaela saiu da cama e puxou o zíper da jaqueta preta que usava.

— Não...mas acho que já podemos suspeitar. — Aquele tom sugestivo veio.

Charles entrou no quarto feito um furacão.

— ¹Mon Dieu! Comment allez-vous, que s'est-il passé? — Falou o homem de cadigã preto e cachecol da mesma cor, os olhos estavam angustiados quando abraçou ela.

Micaela quase perdeu o fôlego.

— Estou bem pai, não se preocupe. — Responde a mulher do cabelo azul, aliviada por vê-lo ali, sua única família ao que sabia.

— Julian, onde está o seu irmão mais novo? — Questionou curioso, ainda acariciando o cabelo da filha adotiva.

— O deixei com meu pai, era melhor. — Repliquei sentindo o celular vibrar no bolso, Charles apenas assentiu em resposta.

Mensagem de Nicolas:

N: E aí Ju? Sua cunhada está bem? Seu irmão? Manda notícias.

Eu: Estão fora de perigo agora Nico.

Off.

— Vou pegar um café, tchau, tchau. — Me despedi dos dois que conversavam próximos à cama hospitalar e sai.

Não precisava só de café, mas também de um banho, descanso —, sentia que minha mente iria explodir...e eu nem precisava apertar a dinamite para isto...acabei me lembrando de outra coisa que eu tinha que fazer e não fiz por causa do alvoroço todo.

Contar a Leonel sobre minha sexualidade.

Não disse ainda.

Não sabia se ele aceitaria bem isto.

Esperava que sim...era o mínimo vindo dele, depois de ter nos abandonado.

Nos feito ter uma infância conturbada como a que tivemos...era o mínimo.

Às vezes até agradecia ao universo por não ter permitido minha mãe continuar sofrendo tanto naquelas situações...ele a matou da pior forma, a matou de desencanto, desgosto.

Para destruir uma pessoa, é muito fácil; diga a ela que a ama, e depois contradiga isto...aquela maldita frase todo mundo diz, mas nem todo mundo a sente de verdade.

Pessoas estas como; Leonel, os pais de Lívia, a mãe da Emma, Ricardo...

Liars and treacherous looks|Trilogia Dangerous, livro IIWhere stories live. Discover now