Perseguição

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𝙳𝚒𝚊𝚜 𝚍𝚎𝚙𝚘𝚒𝚜.

𝙻𝚘𝚐𝚊𝚗.

Pietro continuava foragido, mesmo assim tinha absoluta certeza de que aquele assassino fuleiro ainda estava a espreita, mais perto do que podia imaginar, mesmo não o vendo.

O metrô estava cheio, pessoas circulavam o tempo todo e causavam aquecimento por tamanha quantidade, vozes informando as estações e avisando dos perigos e blá blá blá... Me encostei em uma coluna de cimento e fumei pela última vez o cigarro, jogando na lixeira não reciclável ali.

Minha moto havia quebrado, estava na oficina, portanto precisei recorrer ao transporte público a qual não usava a muito tempo —, aquele olhar de Emma que dilacerou minha alma, o momento desgraçado em que eu a vi quase morrer em meus braços — as vozes do Ricardo e dos policiais naquele caos pós acidente —, demoliam cada centímetro da minha mente fraca sem nenhum escudo. Não suportava mais o peso daquilo tudo.

Busquei forças, observando as várias cabeças diferentes que perambulavam a plataforma e logo entrariam no vagão.

De repente o tempo parou, meu foco fixou em uma únicas pessoa que eu não esperava ver, era impossível...que audácia, coragem burra a daquele covarde plastificado.

Estiquei o pescoço para ter certeza e não acabar descendo a porrada em alguém que não era culpado por nada (mesmo que ultimamente eu desconfiasse de qualquer sombra), conferi. Assim que pisquei três vezes contadas, o pivor da minha fúria silenciada conectou o olhar ao meu.

Ele ficou mais pálido que o normal, porém ainda mantinha a provocação filha da puta que me subestimava.

Não sei de onde tirei forças, ou sequer velocidade, nem mesmo como me movimentei tão ágil — apenas quando me dei por conta, estava correndo atrás daquele loiro de boné preto e jaqueta que tentou se camuflar mediante a tantas pessoas ali e passar despercebido — minhas pernas nunca tiveram tanta velocidade para correr daquele modo.

Pietro fugiu e eu não parei, continuei o perseguindo correndo por aquela estação, trombando em diversas pessoas e mantendo a visão focada nele — não existia mundo ao meu redor —, queria apenas aproveitar a oportunidade do karma e pegá-lo, destruí-lo e até arrancar seus olhos.

O desgraçado corria mais do que eu podia alcançar, porém não desisti — saltando sob os bancos, entre outros obstáculos, ignorando as pessoas que me olhavam como se eu fosse um maníaco perseguindo um inocente.

Pietro podia ser tudo, menos inocente.

O destino deu a chance de ficar bem perto do fugitivo canalha.

Certamente ele iria sumir do mapa pelas rotas mais fáceis, usando meios como o metrô, já que não iriam revistar, muito menos pedir sua identidade ao cruzar as catracas —, o erro dele foi ter escolhido justamente aquele dia para tentar.

A adrenalina em meu corpo não era somente calor do momento, era um misto de emoções guardadas — ódio, vingança, rancor, fúria, insanidade... uma violenta baderna sentimental.

Um piscar de olhos. Um recuperar de fôlego. Um objetivo.

Agarrei a primeira coisa que vi pela frente e joguei contra ele, em suas pernas — a bolsa que peguei foi pesada suficiente para derrubá-lo com violência no chão.

— SEU MALUCO. — Ouvi a dona da bolsa berrar assim que curvei os joelhos para respirar e preencher os pulmões com ar.

Havia uma incontável quantidade de pessoas ali e nenhuma delas moveu um dedo para pegar Pietro. Não que fosse da conta de ninguém um loiro alto correndo por plataformas feito um diabo fugindo da cruz, ou um batedor de carteira.

Liars and treacherous looks|Trilogia Dangerous, livro IIWhere stories live. Discover now